Definidos, na data de ontem, os finalistas da Copa Argentina/2013. Em jogo disputadíssimo, no estádio Bicentenário de San Juan, o Arsenal ficou no 1×1 com o All Boys, mas levou a vaga nas disputas de pênaltis. Fez 5×4 e já se prepara para encarar o San Lorenzo, que na data de 18/09/2013 havia eliminado o Estudiantes bonarense. Portanto, após 224 equipes iniciarem as disputas, e surpresas de todos os tipos, finalmente Ciclón e Arse se encaram no dia 16 de outubro, em Catamarca. Campeão vai à edição 2014 da Copa Libertadores de América.
Arsenal de Sarandí: finalista da Copa Argentina
Nada indicava, a priori, que uma decisão entre Arsenal de All Boys fosse tão disputada e com o brilhantismo que se espera de uma semifinal. Mas fácil era imaginar um jogo truncado, principalmente por Falcioni, técnico do Albo, priorizar a marcação, quando dirige equipes pequenas ou médias. Contudo, o que se viu ontem em San Juan foi um jogo aberto, movimentado e com várias chances de gol para uma equipe e outra. Logo no início, Ramiro Carrera só não marcou para o Arse porque Cambiasso fez uma defesa espetacular. Sem titubear, o porteiro da Floresta ligou o contra-ataque rápido e deixou Nico Colazo na frente de Campestrini. Foi por pouco.
Em seguida, Carlos Casteglione recebeu a pelota com Campestrini caído no solo e mandou a pelota para o arco. O árbitro da partida viu um impedimento inexistente e anulou o gol do conjunto da Floresta. O sentimento de injustiça aumentaria ainda mais em seguida: Martín Rolle fez excelente jogada e penetrou na área de Cambiasso. Quando iria definir, foi atropelado por Casteglione. Ceballo anotou o pênalti que Milton Caraglio soube aproveitar: 1×0 Arse, aos 24 minutos da primeira etapa.
A partir daí, o jogo tomou uma feição não apenas competitiva, mas violenta, além de polêmica. Ninguém aceitava as marcações de Ceballos e os nervos, de ambos os lados, passaram a permear atitudes, jogadas e a paciência de todos. Para tanto, a postura constrangida do árbitro colaborou bastante. O Albo seguiu na pressão, embora não abandonasse as reclamações. Pouco depois, Torassa entrou na área e foi derrubado por Demián Perez. De maneira correta, o árbitro não anotou pênalti. Falcioni ficou inconformado e foi expulso.
Na segunda etapa, o conjunto da Floresta voltou ainda melhor e Jonathan Calleri, logo aos nove, guardou a pelota no arco de Campestrini. Justiça no placar: 1×1. Foi então que o time de Alfaro decidiu não apenas esperar o rival no meio-campo, mas propor o jogo a partir dos flancos do campo. A nova postura deu profundidade para o Arse, além de qualificar melhor as ações ofensivas da equipe em relação às do seu rival. Apesar disso, o domínio que o All Boys exercia desde o início do primeiro tempo seguiu firme até os 20 minutos da etapa final. Então, a nova atitude do Arse começou a ter resultados.
Em jogada objetiva e de precisão, Nico Aguirre arrematou contra a trave de Cambiasso. Com a presença de Jonathan Gómez, no lugar de Rolle, o Viaducto aprimorou ainda mais o seu jogo, ao utilizar com eficiência os espaços que o conjunto de Falcioni deixava no meio. Porém, a partir dos 30 minutos, o desgaste físico entrou nos dois lados do campo e protagonizou o encontro até os minutos finais. Na base do coração, e no encerramento do jogo, Calleri arrematou com categoria e já saía para o abraço terno de seus outros “comparsas” da Floresta. Damían Pérez salvou na linha e mandou o cotejo para os pênaltis.
Cambiasso defendeu a cobrança de Caraglio e indicava que sua equipe levaria as disputas. Porém, Cachorro Cámpora jogou a pelota por sobre o arco de Campestrini e igualou a peleja. Então, Jonathan Ferrari também jogou por sobre o arco de Campestrini e deixou o All Boys na dependência do erro de Pérez. Não foi o que aconteceu. O ala e homem de confiança de Alfaro guardou a pelota nas redes de Cambiasso e classificou o Viaducto para a finalíssima da Copa Argentina.
San Lorenzo na final
Quem assistia ao sofrimento de Albo e Arse eram os atletas cuervos, que haviam se classificado para a finalíssima ao eliminarem o simpático Estudiantes Caseros, em 18/09/2031. Na memória dos atletas do San Lorenzo havia a lembrança do quanto foi difícil a vaga na final, já que precisaram eliminar um brioso, valente e histórico Pincha de Caseros. Vale lembrar que tal como a decisão de ontem, a passagem do Ciclón à finalíssima se deu através de cobranças de pênaltis. Além disso, as coincidências ocorreram ainda no placar parcial de 1×1 e no resultado final de 5×4, nos pênaltis.
Agora, em Boedo, a direção do San Lorenzo está em polvorosa com a possibilidade de vencer a competição e chegar à Libertadores de América. Além disso, também animam aos dirigentes a quantia final de 1,8 milhão de pesos, além da classificação à Supercopa, que já tem o Vélez com um dos finalistas. A empolgação é tamanha, em Boedo, que possivelmente o campeonato local fique em segundo plano a partir de agora. Como um efeito dominó, as expectativas se espalham e contagiam a massa torcedora do glorioso clube azulgrená. Para o cotejo final em Catamarca, apenas de Buenos Aires e arredores, 20 mil hinchas devem partir rumo ao desértico e distante Bicentenário de Catamarca.
Derrotados que fizeram história
Três ou quatro anos atrás e ninguém falava no All Boys. Hoje, a fala corrente em Buenos Aires materializa a visão de que não apenas o clube da Floresta fez história como poderia perfeitamente ocupar a vaga do Arse, na finalíssima da Copa Argentina. O conjunto da Floresta foi até superior à ótima equipe de Alfaro. Todavia, não foi isso que surpreendeu, mas a atitude de equipe grande do All Boys. Desta forma, poucos colocam a insatisfação da eliminação acima da excelente campanha do Albo.
Se foi assim com o All Boys, imagine então quando falamos de simpático Estudiantes Caseros? A equipe do Sul não fez história apenas por chegar à semifinal da competição. Por certo que não chegou à final, mas quem vai se esquecer da eliminação impetrada ao Talleres de Córdoba, nas oitavas? Alem disso, o Pincha, assim como o Deportivo Merlo, não foi derrotado uma única vez, com a bola rolando. Esses exemplos dimensionam profundamente os vários significados da Copa Argentina para o futebol local.
Nada a dizer agora sobre suas lacunas e falhas, que existem inegavelmente. Contudo, nenhuma competição futebolística, na Argentina, revela-se tão democrática quanto a um torneio que foi repudiado por muitos, quando teve anunciado o seu retorno. Estavam errados. Que o digam as palavras e as expressões de admiração para “gloriosos” perdedores, como o Albo, o Estudiantes Caseros e tantos outros.
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