Segundo muitos, a existência dos torneios curtos se deve ao desejo de Julio Grondona de dar mais chances de título ao Arsenal, clube do coração do presidente da AFA. E quis o destino que, em uma monumental coincidência, o clube de Sarandí tenha finalmente chegado ao título exatamente no último dos 42 torneios curtos disputados desde a adoção do sistema.
As duas coisas não estão relacionadas, pois a mudança havia sido definida num momento em que o Viaduto sequer parecia um postulante sério ao título. E na verdade tivemos um campeão dos mais improváveis. A equipe de Gustavo Alfaro terminou o Apertura em um modesto 13º lugar. Na janela de transferências perdeu seu artilheiro, Mauro Óbolo, transferido para o Vélez Sarsfield. E trouxe apenas o colombiano Carbonero, que não havia sido aprovado em sua passagem pelo Estudiantes.
Ninguém poderia apostar no título desse Arsenal. Mesmo nós, do Futebol Portenho, não o apontamos como candidato a deixar o Fluminense fora da 1ª fase da Libertadores. Mas aos poucos Alfaro conseguiu dar forma à sua equipe. O estilo de jogo baseado no contra-ataque (assim como na bola parada) ganhou muito com a entrada do colombiano, o que ficou comprovado na inapelável vitória de 3 a 0 sobre o Boca em plena Bombonera, quando Carbonero estraçalhou a defesa xeneize. E a saída de Óbolo permitiu a Alfaro armar uma dupla de ataque com Zelaya e Leguizamón, jogadores mais rápidos, que potencializaram a força dos contragolpes da equipe.
E, apesar da partida de hoje ter decidido o torneio, é provável que a história se lembre da vitória épica na Bombonera na penúltima rodada como a “partida do título”. Até ali o Boca Juniors parecia o favorito incontestável, enquanto Tigre e Arsenal seriam perseguidores discretos, conformados com a superioridade do gigante xeneize. Mas os gols de Leguizamón (2) e Zelaya deram ao Viaduto uma vitória absolutamente impressionante. Acostumado a controlar suas partidas, os atletas mandados a campo por Julio Cesar Falcioni não conseguiam penetrar na defesa rival e nem evitar os avassaladores contra-ataques comandados por Carbonero. O resultado foi um inacreditável 3 a 0 dentro da Bombonera, obtido de forma incontestável. Havia pintado o campeão.
O título conquistado pelo clube de Sarandí fecha uma época no futebol argentino. Os torneios curtos haviam sido projetados para dar maior emoção aos campeonatos, permitindo maior variedade entre os campeões. De fato, os últimos seis torneios tiveram seis vencedores distintos (Banfield, Argentinos Jrs., Estudiantes, Vélez, Boca e Arsenal). Agora começaremos uma nova fase, em que talvez clubes pequenos como o Arsenal tenham menos chance de, num sprint final, levantarem a taça. É o que se deve analisar nas próximas edições do campeonato argentino.
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para, esse era o charme do campeonato argentino
Sou contra o fim dos torneios curtos, acho que o que realmente deve acabar são os promédios. Há quem fale que os torneios curtos fazem com que os times não tenham um planejamento melhor, mas na minha opinião isso não vai mudar muito com um torneio longo.