Argentino treinando o Uruguai? Aconteceu com Daniel Passarella
Marcelo Gallardo decidiu: vai continuar ao menos por mais um ano no seu River, frustrando uma seleção uruguaia no desespero por uma vaga na Copa de 2022. O país vizinho já tinha El Muñeco em boa conta pelo digno fim de carreira no Nacional, emendado com seus primeiros títulos de treinador no mesmo clube. Se o negócio não saiu, vale ainda assim relembrar como foi o antecessor argentino de Gallardo na Celeste – o curioso ciclo de Daniel Passarella, igualmente contratado diante da ambição charrua relacionada a Copas do Mundo.
Passarella, vale dizer, não foi o primeiro argentino a treinar os arquirrivais. A diferença é que os outros haviam sido já bem assimilados entre os orientales: nascido em Buenos Aires, Marcelino Pérez se criara desde os três anos em Montevidéu e foi reserva no Uruguai vencedor da Copa América de 1935, antes de pendurar as chuteiras no Vasco. Foi técnico da seleção uruguaia rapidamente em 1947, em dois clássicos com o Brasil pelo troféu binacional que travavam, a Taça Rio Branco (0-0 no Pacaembu, derrota de 3-2 em São Januário, na virada de março para abril).
O outro foi o cordobês Juan Hohberg, que deixara o Rosario Central para virar uma lenda no Peñarol – e protagonizar uma das maiores epopeias da Copa do Mundo, ao forçar uma prorrogação do Uruguai em 1954 contra a fortíssima Hungria, de modo tão emocionante que chegou mesmo a sofrer uma parada cardíaca ao empatar o duelo no fim do tempo normal. Era desejado para ser usado pela Celeste já na Copa de 1950, mas ali ainda não vivia há tempo suficiente no país para obter a naturalização.
Como técnico do Uruguai, teve dois ciclos: de junho de 1969 a outubro de 1970, quase complicando no caminho as semifinais da Copa de 1970 para o Brasil (a Celeste só voltaria a ir tão longe no torneio quarenta anos depois); e de outubro de 1976 a fevereiro de 1977, caindo ainda na segunda rodada das eliminatórias ao ficar no 1-1, ainda que em Caracas, contra a fraquíssima Venezuela da época, e cair em La Paz para a Bolívia.
Bem, virar a casaca não era uma novidade na vida de Passarella. Seu apelido de Kaiser parece não se resumir às comparações que tinha com Franz Beckenbauer como um superdefensor: o alemão jogou, treinou e presidiu o Bayern Munique embora na infância torcesse pelo vizinho Munique 1860 (em tempos de pleno equilíbrio nessa rivalidade), como revela o livro À Sombra de Gigantes. Já o argentino era fanático pelo Boca na juventude, e à altura dos anos 90 ainda dizia que tinha como herói o Riquelme dos anos 60, o meia Ángel Rojas, o Rojitas. Ele foi a uma peneira do River justamente sob revolta de ter sido recusado pelo clube do coração.
O resto é a história conhecida: Passarella foi um fenômeno de zagueiro nos millonarios na virada dos anos 70 para os 80 antes de um técnico vitorioso entre eles no início dos anos 90 (em trabalho que o catapultou à seleção após a Copa de 1994) até tornar-se um desastrado presidente no fim dos anos 2000, culminando no rebaixamento em 2011. À frente da Argentina, ele levou a sério a Copa América de 1995, mas já usou a de 1997 como um laboratório de oportunidades finais a gente que corria por fora por um lugar na Copa de 1998; ninguém imaginava o tamanho do jejum que a Albiceleste viveria entre 1993 e 2021 e o treinador só aproveitaria na França os nomes de Roa, Vivas, Berti, Delgado e do próprio Gallardo.
Apesar do Brasil não participar das eliminatórias, a classificação argentina foi menos segura do que a tabela final sugere. Assim, Passarella não se inibiu em planejar sua vida ainda antes do embarque a Paris: em maio de 1998, um Boca à deriva no Clausura lhe sondou abertamente para treina-lo após a Copa do Mundo. Desde 1981, o clube só havia ganho um título argentino, no já distante ano de 1992. “Faço o Boca ser campeão” foi uma declaração de Passarella que virou manchete no Olé, enquanto a revista El Gráfico fantasiava com os eventuais reforços do seu Boca – escalando ícones riverplatenses feitos Almeyda, Ayala e Ortega. Maradona vociferou que se o negócio saísse, sua família deixaria de acompanhar o Boca.
No fim das contas, nova ironia do coração. Mauricio Macri contratou justamente quem se dizia torcedor do River quando jovem: Carlos Bianchi (sim!). E o resto também é uma história conhecida de quem solucionou de imediato o jejum de taças ainda naquele 1998 para então ir (muito) além a partir de 2000.
Enquanto isso, o Uruguai via pela segunda edição seguida a Copa do Mundo apenas pela televisão, sem ver florescer a geração que soubera erguer em casa a Copa América de 1995 sobre um Brasil recém-tetracampeão mundial. Foi nesse contexto que a AUF deixou a vergonha de lado para contratar o argentino ainda em abril de 1999. Sujeitou-se inclusive a uma humilhação do Kaiser: alegando não ter tempo suficiente para planejar-se adequadamente para a Copa América de 1999, ele delegou a tarefa ao treinador Víctor Púa, que vinha de grande trabalho na equipe sub-20 – vice da Argentina no mundial de 1997 (por conta de uma remontada) e, naquele mesmo abril, semifinalista da edição de 1999.
Pegou mal até mesmo na imprensa brasileira: Sérgio Noronha, em colunas ao Jornal do Brasil, criticou-o mais de uma vez por desprestigiar pela segunda vez seguida o torneio. Passarella se limitou inicialmente a trabalhar em junho na Europa, ao fim dos torneios europeus, os astros uruguaios que por lá jogavam – Loco Abreu, Álvaro Recoba, Gus Poyet, Paolo Montero e Daniel Fonseca não embarcariam ao Paraguai, e nem mesmo gente experiente que desfilava nos gramados caseiros como Pablo Bengoechea, ou argentinos, como Sergio Martínez (xodó no Boca), Guillermo Sanguinetti (de um fortíssimo Gimnasia da época, é quem mais jogou pelo time de La Plata) ou mesmo Marcelo Saralegui (em grande fase no Colón). Bengoechea e Saralegui de fato não voltariam a defender o Uruguai após 1997, assim como um Francescoli já aposentado de vez, embora ainda batesse bola em 1999 em jogos festivos.
Veio a Copa América e o desenrolar do torneio pareceu premiar a ideia do argentino em usa-lo mesmo como laboratório: a garotada de Púa (o Uruguai teve a média de idade mais baixa do torneio, 23 anos) marchou valentemente até a decisão. Valentemente sem tantos pontapés: a Celeste foi mesmo a seleção premiada com o troféu Fair Play daquela edição. Carini, Guigou, Magallanes, Lembo, Romero e Pablo García, de fato, estariam com o país no Mundial da Ásia (assim como Diego Forlán, certamente o mais famoso juvenil do Mundial sub-20 de 1999 a ser esquecido para a Copa América), enquanto Tony Pacheco e Zalayeta seriam os nomes mais célebres dos jovens deixados de lado pelo caminho. Passarella acompanhou de perto nas arquibancadas, e teve o pudor de nelas permanecer na ocasião da decisão – quando ventilou-se a possibilidade de ele assumir diretamente como técnico.
O argentino enfim assumiu a partir de um maluco 5-4 sobre a Costa Rica, em amistoso realizado no estádio Centenário em 18 de agosto de 1999. Usou praticamente o time da Copa América, acrescidos de Montero, Fabián O’Neill e, no segundo tempo, de Recoba. Em 8 de setembro, Poyet se juntou a Montero e O’Neill no magro 2-0 sobre a Venezuela, também no Centenário. Em 12 de outubro, Passarella resgatou o veterano Rubén da Silva (ex-comandado dele no River), que não defendia a seleção havia dois anos. E que se deu muito mal: foi expulso em 0-0 amistoso com o Equador. Recoba e Montero foram os outros experientes acrescidos a uma espinha-dorsal que ainda preservava o pessoal da Copa América.
Em 17 de novembro, quem voltou à Celeste foi Gabriel Cedrés, outro ex-pupilo de Passarella no River. Ele, O’Neill, Poyet e Montero eram os astros na derrota de 1-0 em Maldonado para o Paraguai. Também estava programado um amistoso contra a Romênia na última semana de 1999, mas que terminou cancelado diante de um severo inverno na Europa.
Em janeiro de 2000, sem Passarella, uma seleção B passeou por gramados chineses, sem que os jogos sejam computados como oficiais pela federação: 3-1 em Hong Kong sobre a seleção local no dia 9, antes de participar do Troféu Quatro Nações: 2-0 em Cantão na semifinal contra a Jamaica no dia 14 e derrota de 1-0 para a China na decisão dois dias mais tarde. O treinador foi Antonio Alzamendi (lenda no River por ter feito o gol do título mundial de 1986) e os sobrenomes dignos de nota que viajaram foram os de Eguren, Canobbio e Vicente Sánchez. Na virada de janeiro para fevereiro, quem esteve à frente do fracasso uruguaio no pré-Olímpico aos Jogos de Sydney foi Púa mesmo.
Passarella voltou à beira do gramado em 17 de fevereiro, em outro jogo não-oficial: dessa vez, quem usou a seleção B foi a Hungria, vencida por 2-0 em Maldonado já diante de uma escalação que preservava apenas metade (em negrito) da Copa América de 1999 entre os titulares – Munúa, Méndez, Lembo, Montero e Darío Rodríguez, Cedrés, García, Guigou e Coelho, Alonso e Recoba. Os jogos seguintes já valeram todos pelas eliminatórias à Copa do Mundo de 2002, a grande preocupação da AUF. E o trabalho do argentino até mostrou valor.
Começou pelo 1-0 sobre a Bolívia no Centenário em 29 de março. Da escalação Carini, Méndez, Diego López, Montero e Darío Rodríguez, Pablo García, Coelho e Cedrés (Oliveira), O’Neill, Recoba (Poyet) e Alonso (Zalayeta), os nomes em negrito agora indicam os oito que estariam na Ásia em 2002. Em 26 de abril, no Defensores del Chaco, deu Paraguai 1-0 sobre Carini, Méndez, Lembo, Leonardo Ramos e Tabaré Silva (Guigou), Coelho, García e De los Santos, Poyet (Olivera), Recoba e Darío Silva (Gabriel Álvez). Novamente, repetimos em negrito os que vingariam no ciclo.
Em 3 de junho, foi 2-1 no Chile com os três gols saindo curiosamente entre os 35 e os 42 minutos do primeiro tempo no Centenário. Dos titulares (Carini, Méndez, Lembo, Montero e Darío Rodríguez, O’Neill, García, Guigou e Olivera, Recoba e Silva), todos estariam todos na Copa do Mundo. Guillermo Giacomazzi e Diego Alonso também atuaram, saindo do banco, e ficariam pelo caminho.
Mas foi em 28 de junho que houve talvez o primeiro resultado chamativo da Era Passarella: faltou pouco para uma reedição do Maracanazo cinquenta anos depois, pois Darío Silva abriu o placar com 5 minutos e apenas aos 40 do segundo tempo é que os canarinhos de Vanderlei Luxemburgo evitaram a derrota no Maracanã, quando Rivaldo empatou. Passarella usara a mesma escalação vitoriosa contra os chilenos, exceção ao lateral Washington Tais (que não iria à Copa, embora presente no álbum da Panini) no lugar de Méndez. Do lado brasileiro, além de Luxemburgo e do cortado Emerson, veriam do sofá o penta a dupla de zaga Antônio Carlos e Aldair e os atacantes Sávio e França, além dos reservas Marcos Assunção, Alex e Guilherme (também utilizados), Carlos Germano, Evanilson e Zé Roberto. Para Luxemburgo, a gota d’água seriam as Olimpíadas de Sydney, dali a um mês e meio.
Com a mesma formação que surpreendera no Brasil, Passarella arrancou no Centenário uma boa virada por 3-1 sobre a Venezuela (do histórico treinador argentino José Omar Pastoriza) em 18 de julho. Em 26 de julho, também no Centenário, uma formação titular quase idêntica (exceção a Magallanes no lugar de Silva) deu uma derrapada: 0-0 contra o Peru. Ainda assim, a formação titular parecia bem sólida – apenas Tais não embarcaria à Ásia. O mesmo não poderia se dizer dos reservas habituais, pois somente Sorondo seria contemplado; Adrián Berbia, Leonardo Ramos, Guillermo Giacomazzi (que até estaria no álbum da Panini também), Fabián Coelho, Marcelo Zalayeta e Diego Alonso terminariam esquecidos adiante.
Em 15 de agosto, a Celeste segurou o 0-0 em Bogotá quase até o fim, mas Jairo Castillo anotou já aos 30 do segundo tempo para a Colômbia o único gol do duelo contra a formação Carini, Méndez, Lembo, Sorondo e Darío Rodríguez, O’Neill, García e Guigou, Olivera, Marcelo Otero e Darío Silva. Otero era outro veterano (estivera na Copa América de 1995) de rápido retorno, assim como Rubén da Silva, que o substituiu aos 5 minutos do segundo tempo; os dois não iriam mesmo ao Mundial.
E veio, então, a grande tarde que os uruguaios tiveram com Passarella. Contra um Equador insinuante, cuja geração o classificaria pela primeira vez a uma Copa, os orientales aplicaram um sonoro 4-0 em 3 de setembro de 2000. Ironia é parte substancial (em negrito) dos relacionados ficou sem chances de chutar uma bola em gramados coreanos: Carini, Tais, Lembo, Damián Rodríguez e Méndez, Cedrés, García (Andrés Fleurquín, destaque na Copa América 1999) e Guigou, Olivera, Magallanes (Loco Abreu, em sua estreia nas eliminatórias) e Darío Silva (Recoba) foram os nomes utilizados enquanto, dos reservas que permaneceram no banco, apenas o goleiro Joe Bizera seria aproveitado – Berbia, Coelho e Diego Alonso naufragariam. O time alcançava uma boa terceira colocação na tabela.
Chegou, enfim, o duelo mais aguardado da Era Passarella: contra a Argentina, no Monumental de Núñez, em 8 de outubro. Carini, Tais, Lembo, Sorondo e Darío Rodríguez, Cedrés (Regueiro, que iria à Copa), García e Guigou, Olivera, Magallanes (Alonso) e Recoba (Loco Abreu) foi um time-base que se conservaria para a Copa, com exceção aos nomes negritados. Mas não foram páreos para a máquina de Bielsa. Curiosamente, quem abriu o placar foi Gallardo, aos 27 minutos. Batistuta ampliou aos 41 e desengasgou contra Passarella, que tanto o boicotava nos tempos de River e seleção argentina, exibindo-lhe o escudo da Albiceleste. Até o gol uruguaio foi argentino: Ayala marcou contra numa jogada de Magallanes, aos 4 minutos do segundo tempo. Ficou-se no 2-1.
Em 15 de novembro de 2000, começou o segundo turno das eliminatórias. E o Uruguai soube deixar La Paz com um precioso 0-0 contra os bolivianos, mesmo com algumas novidades: o time empregado foi Carini, o novato Gustavo Varela, Lembo, Sorondo e Darío Rodríguez, o novato Marcelo Romero, García e Coelho (Christian Callejas, também novato), Regueiro, Magallanes (Darío Silva) e o novato José María Franco (Cedrés). Das caras novas com Passarella, Varela e Romero vingariam até a convocação mundialista. Mas os dois jogos sem vitória arredaram o Uruguai para um perigoso quinto lugar, a significar repescagem.
O argentino, nunca totalmente aceito pela imprensa rival, se sentia desgastado quando começou 2001, ao mesmo tempo em que recebia uma oferta interessante para assumir o Parma. A gota d’água foi a complicação com a liberação de jogadores do Nacional (treinado por Hugo de León, suposto desafeto por ter sido subaproveitado no River treinado por Passarella em 1990) para o primeiro compromisso do ano, um amistoso na Eslovênia contra a seleção local em 28 de fevereiro. No dia 20, o clube tricolor teve compromisso pela Libertadores e assim seu jogador Vicente Sánchez (daquela seleção B de janeiro de 2000) só seria liberado apenas dois treinos depois do esperado. Teria sido a sexta vez que um atraso do tipo ocorria. Ainda assim, a renúncia de Passarella anunciada naquela mesma data surpreendeu.
Víctor Púa, que vinha sendo assistente do argentino enquanto ainda se conciliava como treinador da sub-20, voltou a ser promovido a técnico principal da Celeste. E foi polido ao La Nación, no dia 25: “realmente não esperava a renúncia de Daniel. Respeito muito a decisão de Daniel. Eu o aprecio porque se portou muito bem comigo e o considero um amigo. Sobre sua decisão, prefiro não fazer comentários. Não devo cataloga-la com nenhum com nenhum adjetivo. Talvez eu tenha aceitação popular por tudo o que vínhamos fazendo. Agora se deu esta possibilidade por estar muito próximo dos jogadores e dentro do projeto de Daniel, que generosamente me incluiu. Isso me favoreceu; consideraram que era o homem apropriado. Há uma afinidade futebolística. Do plantel que ele tinha, 18 ou 19 passaram pelos juvenis que eu dirigi. As coisas estavam se fazendo bem; não havia nenhuma queixa para Daniel. Daniel hierarquizou o status da seleção como prioridade um, apesar dos inconvenientes que encontrou”.
Nos dez jogos sob Passarella pelas eliminatórias, o Uruguai venceu quatro vezes (todas em casa), perdeu três (todas fora) e empatou três (duas fora, uma dentro). Púa voltou e, abdicando de vez dos veteranos Poyet, Cedrés e Da Silva (trio de bons jogadores que o país terminou nunca vendo em Mundiais), viu seu time recomeçar caindo dentro do Centenário para o Paraguai. Recuperou-se então ao bater em Santiago o Chile e se deu bem em casa contra o Brasil do estreante Luiz Felipe Scolari – entre ele e Luxemburgo houvera tempo para Emerson Leão assumir e decepcionar na Copa das Confederações de 2001 – e da involuntária despedida de Romário. As eliminatórias pausaram para a esvaziada Copa América, em que Púa utilizou uma seleção caseira (a marcar as estreias adultas de Javier Chevantón e Fabián Estoyanoff, que não vingariam para a Coreia & Japão) na edição em que a ameaça das FARC afugentaram os principais craques e toda a seleção argentina de embarcarem à Colômbia para a competição. O Uruguai parou nas semifinais.
Na volta das eliminatórias, uma derrota inoportuna em Caracas para a Venezuela foi compensada com um 2-0 dentro de Lima sobre o Peru. Nas três rodadas finais, três empates: um perigoso 1-1 em casa contra a principal concorrente à sobrevida da repescagem, a Colômbia; 1-1 na visita ao surpreendente Equador; e 1-1 contra os argentinos, suficiente para carimbar um embarque ao outro lado do mundo – inicialmente, até Melbourne, para a repescagem contra a Austrália. Ela venceu por 1-0 e o sufoco na volta, no Centenário, prevaleceu até os 20 minutos finais, quando até então os Socceroos seguravam um magro troco de 1-0. Novidade de 2001, Richard Morales então anotou o segundo e encerrou as chances australianas com um 3-0 no minuto 90. Ainda houve tempo para Forlán estrear de última hora na seleção principal, já em março de 2002, e carimbar seu passaporte também.
E Passarella? Ele realmente fecharia com o Parma para a temporada 2001-02. Mas foi despedido já em dezembro após cinco derrotas seguidas – embora até pudesse adicionar no currículo que trabalhou em parte do título do clube na Copa da Itália da temporada 2001-02, o canto do cisne da era de ouro do clube, que já afundava junto com a Parmalat. El Kaiser ainda teria um último trabalho de relevo como campeão mexicano de 2004 com o Monterrey, credencial para a sua tumultuada passagem em 2005 por um Corinthians que terminaria campeão brasileiro o demitindo no meio daquela trajetória midiática.
Veio então seu segundo ciclo de técnico no River, entre janeiro de 2006 a dezembro de 2007. Houve troco contra Roger Flores na Libertadores 2006 e um retrospecto invicto nos Superclásicos, mas as taças não voltaram – no máximo, houve a epopeia contra o Botafogo na Sul-Americana 2007, a anteceder de modo anticlimático a queda nas semifinais para o nanico (embora logo campeão) Arsenal. A torcida não o culpava, e sim a gestão do presidente José María Aguilar, que assumira em 2001. Passarella, já em 2009, colocou na cabeça que, como presidente, seria o nome certo para resolver o estrago. Quem resolveria, sabemos, seria o mesmo Gallardo que agora negou a Celeste…
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Atualização em 14-12-2021: Diego Alonso, ocasionalmente mencionado nessa nota como vencedor da Copa América 1999 que seguiu na Era Passarella como um convocável regular, embora não durasse até a convocação final para o Mundial de 2002, foi anunciado pela AUF como novo técnico do Uruguai. Conseguirá, enfim, ir a uma Copa?
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