É um dado incrível. A Argentina já conseguiu três outras vezes o 100% de aproveitamento na primeira fase: em 1930, 1998 e 2010. Como se vê, em nenhuma o título veio. Em 1978 e em 1986, a asa-negra dos títulos alviceleste foi a Itália, que venceu em Buenos Aires e com quem empatou no México. Aliás, a Copa da Itália, em 1990, a última em que os hermanos chegaram à decisão, também não foi iniciada com 100%: Camarões, no maior capítulo do seu futebol, bateu (até literalmente) na estreia.
Em comum nos dois títulos, mudanças de posicionamento entre as principais estrelas. Em 1978, Kempes começou como um dos pontas – o outro era Houseman – do centroavante Luque. Valencia era o virtual camisa 10 embora vestisse a 21: em 1978, os números foram estabelecidos por ordem alfabética aos argentino; por isso, o goleiro titular Fillol vestiu a 5. A camisa 10 estava justamente com Kempes, mas por acaso.
Só que Valencia foi sacado na segunda fase e quem passou a armar foi Kempes, que deslanchou justamente nessa etapa: os primeiros gols do artilheiro da Copa vieram ironicamente após ele ser recuado. As pontas ficaram com Bertoni e Ortiz, originalmente reservas – Houseman também foi ao banco. Em 1986, com a ordem alfabética ainda imperando (o centroavante Almirón foi o camisa 1) com as exceções do camisa 6 Passarella, do 10 Maradona e do 11 Valdano, que usaram seus números favoritos, o próprio Maradona também foi deslocado após começar o mundial no meio.
Um dos atacantes originais era Borghi, líder do surpreendente Argentinos Jrs campeão da Libertadores 1985. Mas após a perda nos pênaltis para a Juventus de Platini na Intercontinental, El Bichi, o primeiro apelidado de “novo Maradona”, parece não ter sido mais o mesmo. Foi sacado ao fim da primeira fase e nunca mais jogou pela seleção nem se firmou por onde jogou depois, incluindo no Flamengo. No mata-mata, Maradona passou ao ataque, em dupla com Valdano.
Em 1990, cenário da última final, o time inicial mudou bastante. Saiu Fabbri, entrou Serrizuela na zaga. No meio, Giusti tomou a posição de Batista na segunda fase. O ponta Caniggia começou na reserva, assim como o goleiro Goycochea. Troglio atuou no ataque na primeira fase, no meio nos mata-matas e na final, com a Argentina cheia de desfalques, na defesa.
Já a campanha 100% de 1930 foi diferente de 1998 e 2010. Em 1930, foram diversas mudanças em todos os setores, parecendo 1990: começou Bossio no gol, terminou Botasso. No meio, alternaram-se Orlandini e Suárez. Na frente, o artilheiro Stábile começou reserva. E a cada jogo o quinteto ofensivo mudava ao menos uma peça: a base foi Peucelle-Varallo-Stábile-Ferreira-Evaristo, mas ela só atuou completa no terceiro jogo e na final: também jogaram Perinetti em vez de Peucelle (na estreia), Scopelli no de Varallo (semifinal), Demaría (campeão pela Itália em 1934, também na reserva) e Spadaro respectivamente nos de Ferreira e Evaristo no segundo jogo.
Em 1998 e em 2010, o 100% parece ter gerado mais confiança. Mudanças houveram, mas foram mais sutis. Em 1998, elas se deram mais na zaga: só Ayala foi titular em todos os jogos. No gol, foi sempre Roa. E do meio para a frente, as bases foram Zanetti-Almeyda-Simeone-Verón e López-Batistuta-Ortega com uma ou outra mudanças pontuais que não duraram mais de um jogo. Tirando Roa e Almeyda, essa seria a espinha-dorsal da Albiceleste até a Copa 2002, onde o início foi bem diferente, com a vexatória eliminação ainda na primeira fase ainda que no grupo da morte.
Em 2010, Maradona, que tanto criticava o desafeto Passarella (técnico de 1998), fez algo parecido. Romero sempre no gol. Na defesa, só Demichelis atuou em todos – Dieguito, que chegara a falar que o time era “Jonás Gutiérrez e mais dez”, trocou-o por Otamendi a partir do terceiro jogo, por exemplo, assim como Samuel por Burdisso. No meio ofensivo e no ataque, Messi, Di María, Tévez e Higuaín só não começaram todos juntos no terceiro jogo da fase de grupos, com a Argentina já classificada e Maradona dando chances a Diego Milito e Agüero e depois também a Palermo.
Heinze e Mascherano, titulares nos outros jogos, foram outros poupados contra os gregos, trocados por Clemente Rodríguez e Bolatti respectivamente, assim como Verón recuperou só ali a titularidade que perdera para Maxi Rodríguez a partir do segundo jogo. Ou seja, só o veterano meia do Estudiantes, Samuel e Jonás efetivamente foram mexidos do time 100%.
Mas nem as poucas trocas de 1998 e 2010 traduzem muito. Elas também foram pouquíssimas em 1982, mesmo após a derrota para a Bélgica no primeiro jogo e a derrota para a Itália na estreia da segunda fase de grupos. O setor defensivo foi sempre Fillol no gol, protegido por Olguín-Galván-Passarella-Tarantini. No meio, Ardiles, Maradona e Gallego, que só não atuou na eliminação contra o Brasil (e sim Barbas), por estar suspenso. As variações se resumiram ao centroavante para os pontas Bertoni e Kempes: nisso se alternaram Ramón Díaz, Valdano e Gabriel Calderón.
Parece mesmo não haver fórmula certa: campanhas 100% como 1998 e 2010 mudaram pouco como as duas campeãs e caíram no quinto jogo, assim como a de 1982, precedida por duas derrotas até a eliminação. Já a 100% de 1930 mudou demais assim como a que começou sacolejada em 1990, e ambas foram até a final… resta então apenas ter fé de que, com tantos tabus ruindo recentemente no futebol, este estigma do 100% termine sendo mais um, não?
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