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Russia distante: Argentina empata com a Venezuela e vê Copa do Mundo ameaçada

13.689 quilometros em linha reta é a distancia entre Buenos Aires e Moscou, capital da Rússia. E essa distancia parece ter aumentado um pouco mais na noite desta terça-feira após a Seleção Argentina ter assustadoramente empatado com a Venezuela, lanterna e já eliminada da disputa por uma das vagas na Copa do Mundo do ano que vem, em casa e diante de seu torcedor. Os comandados de Jorge Sampaoli mais uma vez não conseguiram traduzir volume de jogo em gols, além de demonstrar um nervosismo gritante e se complicaram bastante na luta por uma das vagas na Copa. A situação poderia ter sido bem pior, caso o Paraguai tivesse vencido o Uruguai em Asunción e o Chile tivesse passado pela Bolívia em La Paz, mas ambos foram derrotados e permaneceram atrás na tabela de classificação. A Argentina de Messi e Sampaoli tem agora 2 jogos para carimbar a passagem pra Russia ou no mínimo para a repescagem onde enfrentaria a Nova Zelândia: Peru em casa (05/10) e Equador, fora (10/10).

A face da desolação que resume a Seleção Argentina: Messi. E só.

O primeiro tempo começou bem para a Argentina e encheu o torcedor de esperança. Messi mais uma vez carregando sozinho a armação de jogadas do time conseguia se infiltrar bem na defesa venezuelana, criando boas situações de gol. Parecia questão de tempo e que Icardi acertasse a pontaria. Foram sete boas chances criadas na primeira etapa, mas a medida que o tempo passava e a bola não entrava, um peso do tamanho do obelisco começou a ser carregado por cada atleta em campo.

E mais uma vez, jogo após jogo, a Argentina repetia seu principal problema: o time não faz gols! A “anemia ofensiva” parece uma praga em uma equipe que tem os mais conceituados e caros atletas da posição no mundo inteiro. Lionel Messi, Angel Di Maria, Paulo Dybala e Mauro Icardi, simplesmente NÃO CONSEGUEM FAZER GOLS quando jogam com a camisa da Argentina.

Dybala: ineficiência de fazer inveja a Aguero

E a Venezuela se deu conta do peso que se abatia sobre a Argentina. E foi pra cima. Já eliminada, de certa forma “acostumada” com a situação (apesar de ter melhorado bastante nos últimos tempos) e sem nada a perder, começou a atacar o time argentino e levar perigo a meta de Romero. Isso se traduziu em gol aos 5 minutos do 2° tempo, quando após um erro de Banega no campo de ataque, a Venezuela desceu num rápido contra ataque que de pé em pé achou Murillo na cara do goleiro para abrir o placar: 1-0.

Sampaoli: nada mudou desde Martino.

Mesmo depois de ter tomado o gol e o desespero ser gritante na cara de jogadores e torcedores, o time reagiu rápido: três minutos depois chegou ao gol após grande jogada individual de Acuña que se livrou da marcação e foi a linha de fundo, cruzando rasteiro para… Feltscher, zagueiro venezuelano tocar para o próprio gol e empatar. E o ataque argentino passou mais um jogo sem fazer gol.

Depois disso, nada mais se viu. Messi parou de ser Messi, Dybala voltava a ineficiência de fazer inveja a Aguero e Icardi, tão pedido na Seleção, foi vaiado e ouviu o nome de Benedetto ser gritado nas arquibancadas do Monumental de Nuñez. O jogo terminou sob vaias e uma preocupação: ficar de fora da primeira Copa do Mundo desde 1970. Fantasma que assombra e muito a Seleção Argentina neste momento.

A decepção: rotina nas saídas de campo da Seleção Argentina. Foto: Santiago Filipuzzi/La Nación

ARGENTINA: Romero; Mascherano, Fazio e Otamendi; Pizarro, Banega, Acosta e Di Maria (Acuña); Messi, Dybala (Benedetto) e Icardi (Pastore). Téc.: Jorge Sampaoli

VENEZUELA: Fariñez; Garcia, Chancellor, Villanueva e Feltscher; Figuera, Junior Moreno, Herrera (Colina), Murillo e Córdova (Velázquez); Rondón (Martínez). Téc.:

 

Coincidências

5 de setembro não parece um dia abençoado para a Seleção Argentina. Foi exatamente nesta data que a Seleção teve sua maior queda em casa: 5-0 para a excepcional Colômbia de Valderrama. Naquela época o time comandado por Alfio Basile também vivia um período de crise e corria risco de não participar da Copa do Mundo dos EUA no ano seguinte, mas a situação ainda era “melhor” que a de hoje. Ao final, a Argentina se classificou em 2º no seu grupo (o sistema de disputa era diferente do atual) e garantiu a vaga na Copa.

Batistuta e Cannigia saem de campo após a goleada frente a Colômbia. 05/09/93

Em 2009 foi a vez do Brasil impor a Argentina mais uma derrota amarga: 3-1 em pleno estádio Gigante de Arroyito em Rosario. A AFA levou o jogo para Rosario justamente para criar um clima de “pressão” já que a Argentina também necessitava da vitória.

E o próximo adversário, o Peru, é um velho conhecido de emoções. Em três momentos, a seleção peruana cruzou o caminho da Albiceleste num momento decisivo de classificação para a Copa do Mundo. No mais recente, em 2009, a Seleção precisava vencer para garantir a classificação para a África do Sul e foi o veterano Martín Palermo o grande responsável por carimbar o passaporte do time treinado por Diego Maradona, com um gol aos 47 do 2° tempo debaixo de uma chuva torrencial.

Comemoração de Maradona debaixo de chuva: Seleção classificada por um milagre de Palermo em 2009

Em 1985, o herói argentino foi Ricardo Gareca. Por ironia do destino, o atual técnico da Seleção Peruana. O time perdia por 2-1 e Diego Maradona não conseguia jogar, anulado pela forte marcação, até que Gareca entrou no jogo e marcou o gol do empate que deu a classificação a Seleção que terminaria no título mundial do ano seguinte.

Mas em 1969 a história foi diferente. Precisando unicamente da vitória para se classificar para a Copa do México em 1970, a Seleção não passou de um empate por 2-2 e ficou de fora pela primeira – e única – vez na história de uma Copa pela disputa das eliminatórias.

Uma coisa é certa: vem (muita) emoção por aí!

Alexandre Silva

Quase ex-jornalista. Apresentador e repórter na Rádio Transamerica BH, mineiro e torcedor da Seleção Argentina desde a Copa de 98. @AlexandreSilva8

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