Desde que chegou ao comando da Seleção, Martino é claro e objetivo em seus conceitos sobre como pretende trabalhar. Linhas avançadas, ofensividade e ter a bola nos pés o maior tempo possível para gerar chances de gol. Os conceitos podem ser notados com clareza dentro das 4 linhas quando presenciamos a atual Argentina de Martino em campo, mas o problema atual não parece na escolha ou ausência de nomes. A reflexão segue em quanto tempo a Seleção aguentará jogando desta maneira e como transformar o volume inicial em gols.
Com 1533 passes certos*, a Seleção Argentina é que mais foi eficaz no quesito nesta primeira fase da Copa América, superando o Chile(1422) do exigente Sampaoli. Com tantos passes certos trocados e qualidade no ataque, a Argentina gera grande volume de chances criadas no início dos jogos, mas tem pecado em manter a maneira de jogar e sobretudo, fazer gols. Curioso quando se tem Messi, Aguero, Tévez e outros. A derrota para o Brasil(11/10/2014) por 2×0 no Superclássico das Américas, para Portugal(18/11/2014) por 1×0 em amistoso, vitória por 2×1 sobre a Croácia(12/11/2014) também em partida amistosa e empate diante do Paraguai(13/06/2015) por 2×2 na primeira partida da Copa América. O que essas partidas possuem em comum? A Argentina em todas as ocasiões fez um primeiro tempo impondo muito volme de jogo, marcando alto, assim como em outras ocasiões, mas custou transformar as muitas oportunidades criadas em gols e teve uma queda significativa de rendimento na segunda etapa, com sinais de cansaço e as vezes aparentando faltar um segundo plano para se recompor até retomar o ritmo. O fato se repetiu, com menos frequência, em alguns instantes contra o Uruguai, na vitória com méritos por 1×0, e no segundo tempo inteiro contra a Jamaica.
*Números – Footstats
Além de trocar passes certos e atacar em alguns momentos com 8, 10 jogadores no campo ofensivo, sufocando o adversário, a Argentina tem a maior média de posse de bola nesta Copa América(70%)*. A defesa ainda se mostra um pouco desorganizada quando precisa retornar ao campo defensivo após a perda da posse. Normal quando um novo sistema está sendo treinado.
*Números – Olé/Argentina
Martino dificilmente abrirá mão do 4-3-3, com Messi pela direita e Pastore mais centralizado em seus posicionamentos inciais. E o problema talvez não esteja por aí. A reflexão válida pode estar em como a Argentina pode variar seu sistema em determinados momentos do jogo, para se recompor e conseguir manter o volume preconizado por mais tempo.
Pastore aparenta ser uma aposta particular de Martino. Abrir mão do jogador do PSG parece estar fora dos planos do treinador. Jogador dotado de técnica ímpar, bom passe, drible para romper a marcação e um potencial sócio de Messi. Em determinados instantes, para se recompor e aplicar novo volume no 4-3-3 mais avançado de Martino, a equipe abdica da aposta por Pastore como enlace e explora Messi pela faixa central e Di María como meio-campista e elemento surpresa no ataque pode ser uma alternativa viável. Di María viveu seu melhor momento, como maior garçom da Era Sabella, assim, como elemento surpresa pela faixa esquerda, vindo do meio. A mudança para o 4-2-3-1 ocorre em alguns instantes, já que Di María e Pastore se movimentam bem pelos lados, alternando também. Talvez possa ser necessário aplicá-la mais.
Se o plano B para o ataque é Tévez, Martino já teve prévias sobre os pedidos pelo jogador nesta Copa América. Em algumas coletivas, Tata já declarou cogitar Tévez vindo de trás em relação a Aguero, como realiza na Juve, saindo então da idéia fixa de usar um ou o outro entre os 11. Retornar aos moldes de Messi a la Sabella, atrás de Aguero e Tévez é uma alternativa a se pensar.
Logo após a vitória em ritmo de treino sobre a Jamaica, por 1×0, Di María tocou no tema, e falou sobre a falta de sorte e pontaria ao definir algumas das várias chances criadas na primeira etapa. Angelito chegou a acertar a trave no segundo tempo, após rematar de fora da área. O fato também merece atenção.
A Argentina voltará a jogar no dia 26, na próxima sexta, também em Viña Del Mar, no aguardo do segundo terceiro melhor colocado. Martino e o plantel terão uma semana até lá de reflexões e ajustes para que a Argentina melhore e possa render aquilo que realmente pode.
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