O cronômetro do árbitro dinamarques Peter Rasmussen marcava 19 minutos. Romero cobrou o tiro de meta em direção a Higuaín. El Pipita estava “na banheira”, algo totalmente irrelevante para a legitimidade do lance, que só se comprometeu no passe seguinte, se ele realmente existiu. Ninguém contou a Di Maria que ele estava adiantado, de modo que ele não se fez de rogado e encobriu Shay Given.
A notícia propriamente dita aconteceu principalmente neste lance, que sacramentou a vitória da Argentina sobre a Irlanda por 1 x 0, no novo Lansdowne Road (ou Aviva Stadium), em Dublin. Um triunfo simbólico pelo valor emocional, mas que não trouxe grandes novidades. Ainda não foi nesta noite que o novo ciclo da Seleção Albiceleste começou.
Na própria escalação inicial, conhecida na véspera do amistoso, se notava poucas alterações com relação ao time que esteve na África do Sul. À exceção de Gago e Banega, todos os outros não só disputaram o Mundial como o fizeram como titulares. A promessa de mudança, portanto, se restringia a presença dos dois volantes revelados pelo Boca Juniors, e pelo novo posicionamento de alguns jogadores no 4-1-4-1 de Checho Batista.
Como prometido pelo técnico interino nas coletivas durante a semana, a valorização da posse de bola e a consistência da marcação no meio-campo caracterizaram a equipe logo de saída. A paciência ao atacar predominava. Mas por vezes os volantes arriscavam passes em profundidade para vencer a linha de defesa irlandesa. Os anfitriões pouco reagiam a este domínio argentino no volume de jogo. Quando o fizeram, quase sempre escolheram o lado esquerdo com Duff e Kilbane, só que sem grande sucesso.
Esta atitude, porém, pouco difere da que a equipe treinada por Diego Maradona demonstrou na Copa. Apenas a melhora defensiva no meio e na lateral-direita podem ser creditadas a Batista, e mesmo estes pontos positivos devem ser relativizados pela falta de criatividade e combatividade ofensiva da Irlanda de hoje. Algo que não é necessariamente ruim, pois o trabalho do Diez não precisa ser implodido simplesmente porque falhou. Tal fato simplesmente significa que ainda não há uma “nova” Albiceleste em progresso.
E quanto a Lionel Messi? Respondendo a esta pergunta inevitável por se referir ao melhor do mundo, também teve uma atuação similar as da época do Mundial. Tanto que até se deslocava do lado direito e buscava jogo na posição central que ocupava anteriormente. Arriscou em alguns lances (obrigou Given a uma difícil defesa no primeiro tempo), deu passes importantes em outros (Milito quase ampliou graças a um deles), e só.
Mesmo com cara antiga, a Argentina triunfou. Uma vitória sem grande valor prático. Todavia, que pode servir para Grondona começar a pensar na efetivação de Batista. Também pode esfriar os ânimos após as declarações fortes de Tévez contra o mesmo presidente da AFA. Ou que pode ão significar coisa alguma no futuro, caso um novo treinador seja chamado, para começar do zero um novo ciclo mundialista que ainda não começou.
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