Após superar o inusitado, Nueva Chicago está de volta à B Nacional

Após a vitória de 1×0 no jogo de ida, em Mataderos, o Torito foi a San Martín para defender o placar e retornar à B Nacional. Foi mais time em campo, assim como já havia sido na primeira partida. Depois de dominar o segundo tempo, marcou aos 39 minutos e obrigou o Chaca a buscar um milagre. Dois minutos depois, o conjunto funebrero perdeu Zaldivia, expulso. Apesar disso, aos 43, Tellas empatou; um minuto depois, Carboni teve o gol aberto e sem goleiro, mas não matou o jogo para o Torito. Aos 48, o árbitro deu pênalti para o Chaca. Toledo foi para a bola e cobrou como se deve: forte, no canto e à meia altura. E o inusitado apareceu: o porteiro Monllor voou feito um gato para colocar “el Torito” de Mataderos na B Nacional. Nas arquibancadas e no gramado, todos choravam. Só que o jogadores do Chicago pelo alívio e pelo justo e merecido acesso.

Nos primeiros 45 minutos, o Chacaritta foi bem melhor que o seu visitante, que se limitou a ficar recuado e estuando a proposta de seu rival. Contudo, o Funebrero careceu de mais profundidade e pouco incomodou o porteiro visitante. Até os 35 minutos teve duas chances apenas de chegar ao arco, mas ambas foram desperdiçadas.

No contra-ataque, aos 37, Carboni tocou para Ramírez, que acertou a trave esquerda, na volta Gómez chutou com o gol vazio, mas Tauber retornou rápido e tirou a pelota em cima da linha. Foi a melhor chance de gol dos primeiros 45 minutos.

O jogo era todo para o Chaca, que tinha campo para a trama das jogadas, já que os visitantes ficavam todos atrás da linha de meio-de-campo. Apesar disso, o Torito não estava mal em campo. Jogava com segurança e procurava deixar o tempo passar para contar com a pouca estabilidade do rival.

No encerramento do primeiro tempo, aos 45, o Chaca teve uma nova chance de marcar. Porém, o chute forte de fora da área passou à direita do arco de Monllor. E ficou nisso, no zero; resultado que até então colocava o Torito na segunda divisão argentina.

A pressão do conjunto local era esperada na etapa complementar. Contudo, para a surpresa de todos, foi o Nueva Chicago quem foi para o ataque. Contrariamente ao rival, no primeiro tempo, o Torito sabia o que fazer com a pelota também no campo ofensivo. E foi criando situações de gol cada vez mais claras. Com o passar do tempo, o conjunto de Mataderos passou a contar com um reforço de peso: o desespero funebrero, que passava a ser uma importante personagem dentro da cancha.

Sem saída para o ataque, eram raras as chegadas do conjunto de Villa Maipú. Centurión parecia desgastado pelo excesso de produtividade dos últimos jogos; Cobelli não estava bem. Com isso, Ereros ficava sobrecarregado para a condução e conclusão das jogadas de gol.

Por outro lado, o Torito contava com um excelente desempenho de seu meio-de-campo e ataque: Lemos e Ramírez jogavam bem; Castagno e Serrano se desdobravam de maneira comovente. Mais a frente, Carboni se destacava e Gómez era simplesmente um monstro dentro de campo. Dessa forma, o toque de bola do Chicago contrastava com a demência ofensiva de um Funebrero desesperado.

De forma que após perder inúmeras chances, Leonardo Carboni foi o nome do gol aos 39 minutos. O Torito estava somente a seis de subir para a B Nacional. Dois minutos depois, o mesmo Carboni teve o gol aberto, mas, sem a presença do porteiro Tauber, jogou para fora. Do outro lado, Monllor tinha todo o time do Chaca chegando na sua área, mas sem lhe oferecer o perigo correspondente à ameaça.

Aos 41, Matías Zaldívia foi expulso e deixou o Chaca com um homem a menos. Aos 43, Gabriel Tellas aproveitou um rebote de um córner e tocou para as redes de Monllor: 1×1. Depois disso, o Chicago teve mais duas chances de desempatar. O time tocava bem a pelota na frente e dificultava a vida do Funebrero. Porém, aos 47 do segundo tempo aconteceu o inesperado.

Após uma jogada rápida dentro da pequena área, o árbitro Vigliano viu a mão de Testa na bola que procurava o arco de Monllor. Pênalti para o Chacarita, para desespero e agonia de sua torcida. Para a cobrança, nada menos do que o experiente Damián Toledo, conhecido pelas cobranças fortes e bem colocadas. E a cobrança não fugiu do roteiro: forte, no canto e à meia altura. Monllor fez uma defesa impressionante e garantiu o acesso do Torito à B Nacional.

Após a cobrança, o técnico do Chaca, Salvador Pasini correu feito um louco para comemorar. Contudo, percebeu que o arqueiro havia defendido e ajoelhou sobre o gramado e se colocou a chorar. Na arquibancada, os 6 mil torcedores que tiveram permissão para assistir a partida, também se desesperavam em uma das mais comoventes e dramáticas decisões do futebol argentino.

O Chaca foi para a 3ª divisão, e fez de tudo para isso acontecer, enquanto o Nueva Chicago retorna após 5 anos à B Nacional. No gramado, andando de um lado para outro, em meio a lágrimas, e com a recomendação policial de não descer aos vestiários, o choro do Toro ferido era visível para todos: um ou outro precisou até de apoio, pois se descontrolava de emoção. Para entender isso é preciso conhecer um pouco do que sofreu esse clube de Mataderos. Os longos anos de humilhação na B Metro e finalmente o primeiro grande tapa na cara da AFA, que sempre o tratou como uma espécie de bode expiatório para todos os eventos de violência no futebol local.

Formações

Chacarita Juniors: Nicolás Tauber; Maximiliano Paredes, Matías Zaldivia, Sebastián Pena e Emanuel Morales; Mauro Pajón, Damián Toledo, Mauro Bellone e Emanuel Centurión; Juan Cobelli e Sebastián Ereros. Técnico: Salvador Pasini.

Nueva Chicago: Daniel Monllor; Leandro Testa, Samuel Cáceres, Matías Escudero e Ariel Coronel; Damián Castagno, Julio Serrano, Damién Lemos e José Ramírez; Christian Gómez e Leonardo Carboni. Técnico: Mario Franceschini.