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Angelici mostra a cara. Mas sonega informações

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Demorou, mas finalmente Angelici apareceu. Pena que foi somente agora, após muita gente sofrer desgastes até pelo vazio de poder que o cartola xeneize tem demonstrado. Contudo, é bem-vindo que tenha aparecido. Fez muito bem em falar e tentar colocar ponto final na confusão entre Ledesma e Orión. Fez ainda melhor em tocar no assunto referente a imprensada da barra amarela ao elenco do Boca. Faria ainda melhor se não sonegasse informações. E se fosse mais transparente.

Absurdo não reconhecer o quanto as coisas andam complicadas no gigante “amarillo” da Ribera. Desnecessário lembrarmos as confusões mais recentes. Desnecessário lembrarmos o quanto o barco segue sem comandante dentro de campo. Também fora dele. Também no comando institucional. Porém, para o bem da comunidade xeneize, o presidente Angelici resolveu aparecer. Tratou logo de por um ponto final no caso de Orión e Ledesma.

Começou assim seu discurso: “ponho minha cara aqui hoje para dar o tema por terminado. E, claro, aquilo não foi uma situação desejada”. Falava da “briga de boxe” entre o porteiro e o meia Ledesma. Só que o cartola foi burocrático ao tratar de outro tema. A suposta chegada dos barras junto ao elenco para pedir satisfações.

Angelici tentou responsabilizar a imprensa por informações que, segundo ele, são inventadas. “Não é certo. Isto fere a imagem do clube. Negamos a informação e todos estamos perdendo tempo com algo que jamais aconteceu”, disse o cartola do Boca. A informação foi inicialmente negada, só que, depois, após insistência dos repórteres, ele a editou, cortando as partes importantes e liberando detalhes que apenas comprovam o que ele nega: “seguramente são sócios (os barras que foram ao clube); se não estão na lista do direito de admissão (lei que proíbe a entrada no clube de torcedores indesejáveis) não há motivos para não entrarem no clube”.

E continuou: “só que não estiveram no restaurante e tampouco tiveram acesso aos jogadores”, disse Angelici, mentindo vergonhosamente sobre uma informação que muitos a tem como apenas “suposta”, mas que se realizou de fato, embora seja negada com força, pois ela não interessa a todos, dentro e fora de campo, que, de uma forma ou de outra, mandam no Boca Juniors.

Por fim o cartola falou do grande técnico do clube. “Vejo como muito positiva a situação de Bianchi, embora muitos pensem diferente. Ele tem o respeito dos jogadores, dos torcedores e dos dirigentes. O torcedor não é mal-agradecido e tem de deixá-lo trabalhar. Estamos a quatro pontos do líder, dentro de um torneio em que todos ganham de todos”.

Tudo mentira. Angelici não vê como positiva a situação de Bianchi e a prova disso é que não apareceu nenhuma vez para prestigiá-lo, quando ele ainda não estava no chão, como está hoje. “El Virrey” não tem o respeito dos jogadores; em parte por não reconhecerem no técnico um profissional forte e prestigiado; em parte, em função de o próprio Bianchi precisar se reciclar de algumas de suas práticas e posturas ótimas no passado, mas contraproducente hoje em dia. Da mesma forma, os demais dirigentes, assim como Angelici, não respeitam Bianchi, pois na dificuldade de conduzirem um transatlântico – o Boca – têm medo do Virrey pelas conquistas e pelo seu prestígio junto aos torcedores do clube.

O torcedor não é mal-agradecido e não colocam dificuldades ao trabalho de Bianchi. A verdadeira torcida do Boca permitem ao Virrey que ele tenha o seu momento ruim. E lamentam que um dos maiores nomes da história do clube receba uma fritura forte do elenco até porque é veemente e cruel a que recebe da direção do tradicional clube de “La Casa Amarilla”.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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