O último amistoso da Argentina antes da lista para o Mundial foi disputado nesta quarta-feira, no lotado Nacional Arena, que sobretudo viu os anfitriões romenos se apresentarem de maneira organizada e aguerrida diante da então favorita Argentina de Sabella, Messi e compania. Argentina esta que passou longe da Seleção campeã das Eliminatórias sulamericanas e vitoriosa em seus últimos amistosos. Recheada de espaços no meio-campo e com Messi bem abaixo de seu habitual nível ótimo a Argentina desperdiçou as poucas situações de gol criadas e sofreu com a bola aérea.
O anunciado era que a Argentina iria a campo em seu 4-3-3 “ideal”, comandado pelo poderio ofensivo do quarteto fantástico Di Maria, Messi, Aguero e Higuaín, como na imagem a seguir. O sistema foi aplicado, mas a postura dos jogadores de frente acabou sendo um pouco distinta na primeira etapa, e a Argentina sofreu com as sutis mudanças de posicionamento.
Messi iniciou a partida mais deslocado para a direita, e pouco transitava como armador pelo centro do campo. Di Maria, ajudante de Messi nas armações das tramas ofensivas, recebia liberdade pela esquerda através da postura defensiva de Rojo, que não se aventurava no ataque. Além de Messi pouco participativo no centro do campo, a bola custava ser carimbada do meio ao ataque. Gago, que vinha de boas atuações pela Seleção, não se apresentou bem nem dobrando marcação com Mascherano e muito menos no toque final aos jogadores de frente. Os atacantes se viam muitas vezes isolados por um buraco no centro do campo.
A equipe pouco criou, e quando foi com perigo ao ataque, foi embasada naquilo que a Argentina de Sabella tem melhor feito: contragolpear. Rápidas tramas comandadas por Di Maria pela esquerda seguidas de rápidas inversões. Assim a Argentina quase fez gol em Bucareste, além da linda jogada individual protagonizada por Kun Aguero, que esbarrou na bela defesa de Tatarasanu. A Argentina de Sabella tem pouco “toco y me voy”, mas costuma ter muita eficiência quando se aplica nos contra-ataques.
A Romênia pouco investia nos lançamentos em profundidade, mas era forte no jogo aéreo. Vida mais tranquila para os laterais, mas sofrível para Fernández e Basanta, que apesar de efetivos nos desarmes, mostraram-se perdidos com a bola no alto. O placar não saiu do zero graças a duas grandes defesas do contestado Romero.
Na segunda etapa, Sabella teve prontidão nas alterações. Biglia e Palacio nos lugares de Gago e Aguero. O passe melhorou no centro do campo e Palacio, melhor fisicamente que Aguero, conseguia realizar bem a recomposição defensiva ora pelo centro, ora pela esquerda, para desafogar Di Maria e Messi, que passou a transitar mais pelo centro do campo. Com a bola chegando mais em Messi, naturalmente a Argentina evoluiu e conseguiu permanecer mais no campo romeno. As principais tramas seguiram saindo pela esquerda, com o incansável Di Maria.
O jogo na Romênia tratou-se de um fato isolado, mas lições como a bola aérea defensiva e a mobilidade no meio-campo na transição da bola ao ataque devem ter atenção. Sabella tem declarado que a equipe precisa melhorar a posse de bola. Isso não infere que a Albiceleste deva abandonar a forte postura contragolpista, mas sim um ponto para se aprimorar quando ocupa o campo adversário ou para que a bola chegue melhor em Messi, que muitas vezes acaba sendo visto no campo defensivo para auxiliar a saída, se distanciando da área adversária. Lucas Biglia pode ter ganho pontos importantes no amistoso.
Zero a zero em Bucareste. Apesar do teste com Basanta na defesa, onde atuou pela primeira vez já que vinha sendo observado ora em linha de três defensores, ora como lateral defensivo, as vagas restantes seguem sob dúvidas. Nomes esperados como Otamendi, Augusto Fernández e José Sosa acabaram não entrando em campo e devem levar questionamentos para Sabella até o dia da convocação.
O próximo amistoso da Argentina será disputado dia 04 de junho, em La Plata, contra Trinidad e Tobago.
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