A derrota de sábado para o Independiente teve muitas consequencias para o Racing. Mas talvez o mais importante desdobramento da partida seja não apenas a troca de treinador, mas a possibilidade de que tenha sido o fim da carreira de Alfio Basile, um dos maiores nomes da história do clube.
“Coco” Basile não era um zagueiro brilhante, mas tinha qualidade e muita liderança em campo. E conseguiu inscrever seu nome na história de dois clubes. Pelo Racing foi campeão argentino de 1966 e da Libertadores e Mundial de 1967. Pelo Huracán, foi campeão metropolitano de 1973. Ao fim de sua carreira, além de algumas convocações para a seleção nacional, Basile podia se orgulhar de ter participado do melhor momento da história dos dois tradicionais clubes em sua fase profissional. E a liderança que exercia em campo lhe tornava um candidato óbvio a ser treinador.
E seu primeiro trabalho memorável foi exatamente no Racing. O clube havia voltado à primeira divisão em 1985, após um terrível intervalo de dois anos na B. Basile assumiu uma Academia que havia perdido o respeito dos rivais, e a fez brigar pelas primeiras posições novamente. E para culminar o sucesso, conquistou o título da Supercopa de 1988 em uma final contra o Cruzeiro. Era o primeiro título importante do clube desde o Mundial de 1967.
O trabalho no seu clube do coração o levou à seleção argentina. Sua passagem pela albiceleste teve como grande marca negativa os 5 a 0 sofridos contra a Colômbia dentro de Buenos Aires nas eliminatórias para o Mundial de 1994. No entanto, houve as conquistas das Copas América de 1991 e 1993, os últimos títulos conquistados pela seleção argentina. Nos EUA, a seleção começou muito bem, com vitórias convincentes sobre Grécia e Nigéria, pintando como favorita. Mas perdeu Maradona por doping e Caniggia por lesão, terminando por ser eliminada nas oitavas de final contra a Romênia.
A segunda metade dos anos 1990 não foi boa para Basile, que se reencontraria no início do século XXI. Pelo Boca Juniors, conquistou os dois títulos da temporada 2005/2006 (foi a última vez que um clube alcançou tal feito), a Sul Americana de 2005 e as Recopas Sul-Americana de 2005 e 2006. Tantos títulos em tão pouco tempo levaram a AFA a convidar Coco para substituir Jose Pekerman após o mundial da Alemanha. O já veterano treinador aceitou o desafio, e viu chegar o declínio da sua carreira.
A nova versão da albiceleste sob o comando de Basile nunca entusiasmou ninguém. Apesar de dispor de bons recursos humanos, a seleção não encontrava o padrão de jogo e tinha dificuldades de se impor aos adversários. Sofreu um 3 a 0 do Brasil na final da Copa América e teve dificuldades nas Eliminatórias. Em outubro de 2008 uma derrota de 1 a 0 para o Chile em Santiago selou o fim de sua trajetória pela seleção de seu país.
No ano seguinte Coco voltou ao Boca, tentando retomar a grande fase de 4 anos antes. Mas os jogadores eram outros, o ambiente havia mudado, e o veterano treinador já dava sinais de cansaço. Ficou na décima posição do Apertura e não conseguiu classificar o Boca para a Libertadores de 2010, deixando os xeneizes de fora da maior competição continental pela primeira vez no século. Após um 3 a 1 para um conjunto quase juvenil do River em janeiro de 2010, Basile caiu.
Após dois anos parado, aguardando um convite que considerasse à sua altura, Alfio Basile teve a chance de voltar para onde tudo começou. O Racing lhe ofereceu não só um emprego, mas uma torcida que o ama incondicionalmente, um plantel com bons jogadores e um bom trabalho realizado previamente por Diego Simeone. Coco se agarrou à oportunidade de retomar sua trajetória vitoriosa.
Mas não foi o que ocorreu. O plantel da Academia possui problemas de relacionamento e indisciplina. Problemas que evidentemente foram mais do que o veteraníssimo e decadente treinador poderia suportar. Sua atitude e liderança seguiram cativando os torcedores, mas os resultados não ajudaram. Basile se vai do clube de seu coração deixando a sensação de que a derrota no clássico de Avellaneda pôs fim à carreira de um dos maiores técnicos da história recente do futebol argentino.
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Interessantíssimo texto sobre o Coco, mas cabe aqui uma correção Tiago: Basile foi demitido da seleção em Agosto de 2008. Correção recíproca, tal qual você apontou no meu blog (e você estava correto). Mas o Basile não passa mais a segurança no comando dos clubes em que trabalhou, isso era evidente na passagem pelo Boca em 2009. Quando tinha um time em situação até parecida com o que recebeu com o Racing esse ano, com um material humano de qualidade para brigar pelo titulo nacional. É uma pena, pois o Basile teve grandes momentos e não soube a hora certa de parar de vez.
Eta, distração total. Inclusive seria absurdo ele ser demitido em outubro de 2010 da albiceleste, ir para o Boca, e ser demitido dos xeneizes em janeiro de 2010, só se tivesse voltado no tempo
Distração minha agora, que apontei no comentário que Basile havia sido demitido em Agosto, errei, sendo que ele foi demitido em Outubro... Erro no comentário!!! rsrs