Pouco antes de Argentina x Paraguai ontem, indagamos se Lucas Barrios voltaria a aprontar contra a terra natal. Foi em redivulgações, no Twitter e no Facebook, do texto dos hermanos na seleção paraguaia. Diferentemente da estreia na Copa América, o novo reforço palmeirense não colocou água no vinho argentino, mas não deixou de fazer sua parte. Seu novo gol sobre a Albiceleste deu um susto ao fim do primeiro tempo. E vale lembrar ainda que Barrios começou no banco ambos os jogos!
Barrios, naquela estreia, tornou-se o 12º jogador argentino a marcar sobre a terra natal – desconsideramos os gols contra de jogadores da seleção argentina. Ontem, na semifinal, o atacante entrou para um grupo bem mais seleto: foi o 3º a repetir o feito. Por hora, só um lhe supera. Trata-se de Carlos Raffo, que pelo Equador foi o artilheiro da Copa América de 1963. Raffo ainda é o único equatoriano goleador máximo de uma edição do torneio. Foi também o primeiro hermano a vazar a Argentina. Sobre ele e outros argentinos do Equador, falamos aqui.
O gol histórico veio na Copa América anterior, em 1959, sediada no Equador. O jogo em Guayaquil terminou em 1-1 e aquela foi a primeira vez em que os tricolores não perderam para a Albiceleste. Raffo voltaria a fazer gols sobre a Argentina no ano seguinte, dessa vez pelas eliminatórias à Copa de 1962. Foi na derrota de 6-3, novamente em Guayaquil, com ele marcando duas vezes – o outro dos donos da casa foi do jovem Alberto Spencer, posteriormente um dos maiores mitos do Peñarol e da Libertadores.
Em 1961, a Argentina, em espaço de quatro dias, levou gols de três argentinos diferentes. Foi em uma excursão pela Europa, onde enfrentou em 11 de junho a Espanha em Sevilha e, no dia 15, a Itália em Florença. Perdeu ambos, respectivamente por 2-0 e 4-1. Contra a Furia, levou gol da lenda Alfredo Di Stéfano. Já contra a Azzurra, tomou um de Francisco Loiácono e dois de Omar Sívori. Diferentemente dos demais dessa lista, os três haviam defendido a Argentina anteriormente mas jogavam em tempos onde ela não convocava quem atuasse no exterior, política só alterada em 1972. Clique aqui para saber mais dos argentinos da seleção espanhola e aqui sobre os da italiana.
Não há seleção que mais tenha usado argentinos do que a Bolívia (confira aqui) e ela fez estrago nas eliminatórias à Copa de 1970. A vaga única do grupo formado com o Peru ficou com os peruanos, mas La Verde deu muito trabalho e terminou eliminada por um ponto a menos que a Blanquirroja. Em Buenos Aires, os andinos perderam só por 1-0 por um pênalti discutível. Antes, em La Paz, ganharam de 3-1, com Raúl Álvarez e Juan Díaz deixando um gol cada na terra natal.
Juan Antonio Pizzi era o homem-gol do melhor Tenerife da história, no início dos anos 90 (saiba mais). Descontente em jamais ser chamado pela Argentina, o artilheiro do campeonato espanhol pela modestíssima equipe das Canárias na temporada 1994-95 resolveu naturalizar-se. Naquele mesmo ano, em amistoso já em setembro de 1995 no estádio do Atlético de Madrid, marcou um dos gols em vitória da Espanha por 2-1. Iria por ela à Copa do Mundo de 1998.
Nas eliminatórias à Copa de 1998, a classificação argentina foi vazada duas vezes por conterrâneos, em 1997. Primeiramente, em 2 de abril perdeu de 2-1 em La Paz para a Bolívia de Fernando Ochoaizpur, que só ausentou-se do vice boliviano na Copa América dali a uns meses por lesão. Foi um jogo polêmico em que Julio Cruz apareceu sangrando em lado do rosto oposto ao que fora atingido na partida, em caso similar ao do goleiro chileno Roberto Rojas contra o Brasil em 1989. Em 6 de setembro, foi a vez do volante Roberto Acuña fazer o gol do Paraguai, que perdeu de 2-1 em Assunção mas iria à Copa.
Os dois antecessores diretos de Barrios apareceram nas eliminatórias à Copa de 2014. Matías Fernández, meia que cresceu no Chile e adotou La Roja, fez o gol de honra na goleada sofrida por 4-1 em Buenos Aires em 2011 – ele está presente nesta Copa América, ainda que na reserva. Em 2012, Jonathan Fabbro, ex-Atlético Mineiro, fez o único do Paraguai na derrota de 3-1 em Córdoba. Com os dois de Barrios em 2015, a Albirroja tornou-se a seleção com mais filhos “renegados” da Argentina marcando nela. Vale lembrar que outro hermano paraguaio saindo do banco teve boa chance ontem, Raúl Bobadilla, ao fim do primeiro tempo com a partida ainda em 2-1. Mas isolou em lance onde não deveria ter sido fominha.
Vale lembrar também de dois casos bem mais antigos. Colin Campbell e Sidney Buck jogaram uma única vez pela Argentina. Campbell, então no Estudiantes de Buenos Aires, forte na época, atuou em 1907. Depois jogou pelo extinto Santiago National, defendendo a seleção chilena nas primeiras partidas de sua história, em 1910. Fez o gol de honra na goleada de 5-1 aplicada pelos argentinos. Já Buck jogou por eles em 1912, ano em que integrou o primeiro dos dois títulos nacionais do Quilmes.
Buck havia passado antes pelo Montevideo Wanderers, defendendo a seleção uruguaia contra a Argentina em 1909. Foi em um 2-2 com gol dele, em Montevidéu, pela Copa Newton. É o único que jogou por ambos os rivais do Rio da Prata (falamos aqui), assim como Campbell é o único que defendeu a Albiceleste e a Roja. Fica a menção, mas eles não eram nativos de nenhum desses países: o local de nascimento de Buck é incerto, mas teria sido na Alemanha ou no Reino Unido. Campbell era escocês.
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