Em 2010 o futebol argentino havia chegado a um cenário em que a capital do país e seus arredores tinham uma hegemonia incontestável. Na temporada 2010-11 apenas quatro clubes da primeira divisão não pertenciam à cidade de Buenos Aires e seu entorno: Newell’s, Colón, Olimpo e Godoy Cruz. O que foi um combustível forte para os rivais de Julio Grondona, principalmente seu maior opositor, Daniel Vila, proprietário de um império de meios de comunicação muito forte no interior e que acusava o Poderoso Chefão de menosprezar o futebol das províncias.
Esse elemento foi decisivo na enorme ampliação da primeira divisão do campeonato argentino. Em 2011 Julio Grondona já tentava emplacar a idéia, mas a enorme oposição da opinião pública barrou o projeto. Mas no fim da vida conseguiu concretizar a ideia de fazer um campeonato com 30 clubes, algo que, entre outras coisas, serviria para calar a boca de seus opositores. Terá a medida surtido efeito, e agora teremos um campeonato mais, digamos, “nacional”?
O último torneio teve 20 clubes, dos quais apenas quatro eram da capital: Boca Juniors, River Plate, San Lorenzo e Vélez Sarsfield. Outros dez estão nos arredores de Buenos Aires: Arsenal, Banfield, Defensa y Justicia, Estudiantes, Gimnasia La Plata, Independiente, Lanús, Quilmes, Racing e Tigre. Seis vagas ficaram com clubes do interior: Belgrano, Godoy Cruz, Newell’s, Olimpo, Rafaela e Rosário Central.
Em 2015 teremos as mesmas equipes e mais dez ascendidos da B Nacional. Três dos novatos estão sediados na capital: Huracán, Nueva Chicago e Argentinos Juniors. Só uma equipe do “conurbano bonarense” subiu, o Temperley, ainda que se deve levar em consideração que o Sarmiento é filiado diretamente à AFA e, portanto, apesar de estar localizado a 250 km da capital, pertence ao mundo do futebol “portenho”. Os outros cinco ascendidos são do interior: Colón, San Martín, Aldosivi, Unión e Crucero del Norte.
O que significa que no novo cenário, a capital passou de quatro para sete clubes, um aumento percentual de 20% para 23%. Os arredores da capital perderam em termos percentuais, apesar de terem subido de dez para doze participantes: eram 50% do campeonato e agora são 36%. O interior foi quem ganhou com a mudança, em termos quantitativos e percentuais: saltaram de seis para onze representantes, e de 30% para 40% dos participantes.
Duas províncias que já eram representadas ganharam mais membros na elite: Santa Fe já possuía Rosario Central, Newell’s e Atlético de Rafaela. Agora terá de volta o clássico Colón x Unión na primeira divisão. E o interior da Província de Buenos Aires, já representado por Olimpo, de Bahía Blanca, agora terá também o Aldosivi, de Mar del Plata. As províncias de San Juan e Misiones, que não estavam na elite, agora contam, respectivamente, com San Martín e Crucero del Norte.
No fim das contas, a mudança projetada por Grondona produziu o efeito desejado. O futebol do interior argentino estará mais representado na elite e mais províncias estarão envolvidas. O que, evidentemente, não significa que o preço a ser pago por isso (ou seja, um torneio inchado e de baixa rentabilidade) valha a pena.
PS1: A cidade de Buenos Aires não pertence à província homônima, pois tem estatuto de “cidade autônoma”, correspondente ao que conhecemos como “Distrito Federal”. Mas as cidades em seu entorno, como Avellaneda dos gigantes Racing e Independiente, fazem parte da província, o que confere a elas papel ambíguo que justifica o tratamento em separado dado no texto: não estão na capital, mas fazem parte do mundo portenho, o mesmo acontecendo com os clubes ali sediados.
PS2: Na Argentina, há clubes filiados diretamente à AFA (em geral estão na capital e seu entorno, ainda que não necessariamente, caso dos clubes da província de Santa Fe) e outros que são filiados a ligas regionais, que por seu lado são filiadas à AFA. Assim, mesmo estando sediado a 250 km de Buenos Aires, em Junín, vale considerar o Sarmiento como clube ligado à capital, já que, sendo filiado diretamente à AFA, faz parte do futebol da grande Buenos Aires. Também é uma herança política, aliás: Eva Perón crescera na cidade de Junín e a afiliação direta do Sarmiento foi-lhe uma última homenagem em vida, em 1952.
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