A campanha do Ciclón revelou uma equipe copera, que faturava dentro de sua casa e buscava sobreviver fora dela. Houve momentos brilhantes, mas sobretudo foram elementos como superação, planejamento, elenco e apoio irrestrito da torcida que construíram a inédita conquista do conjunto cuervo de Boedo. Vejamos como foi a campanha vitoriosa do time do Papa Francisco, mas também de Lammens, Tinelli e principalmente Edgardo Bauza.
Fase de Grupos
O San Lorenzo foi para o Grupo II, juntamente com Botafogo, Independiente del Valle e Unión Española. O Campeão terminou em segundo, com oito pontos, um a menos do que o conjunto chileno, líder do grupo ao fim das disputas. A estreia não poderia ser pior, já que o estilo Bauza, que prevê uma extrema fidelidade às orientações do banco de reservas, ainda não havia surtido o efeito desejado. O Botafogo também era uma equipe bem diferente da que nos dias de hoje sofre feito um cão no campeonato brasileiro. O Fogão fez 2×0 no Ciclón, numa noite de sonhos do “Tanque” Ferreyra, autor do primeiro e mais importante gol da partida. Veja:
A segunda partida também foi bastante encrencada e somente aos 10 minutos do segundo tempo que a equipe chegou às redes com Correa. Ficou somente no 1×0. Já na partida seguinte, o Ciclón foi anfitrião para o Unión Española e deu uma falsa mostra de que não iria longe na competição. Após grande jogada de Angelito Correa, Mattos foi o nome do gol, aos 20 da etapa inicial. Contudo, aos 38 do segundo tempo, Canales foi o nome do gol da tragédia: 1×1 e incertezas se transformaram numa sombra que passou a envolver o conjunto de Boedo. Para piorar, na volta, em Santiago, o Española fez 1×0 no Campeão da América. Ficava tudo para os dois últimos jogos. A superação era a única coisa que salvaria. Veja os gols das três partidas.
San Lorenzo 1×0 Independiente del Valle (27/02/2014):
San Lorenzo 1×1 Unión Española (12/03/2014)
Unión Española 1×0 San Lorenzo (20/03/2014)
Neste momento, o San Lorenzo dividia a lanterna com o Independiente del Valle, mas perdia nos critérios de desempate para os equatorianos. Esta situação se manteve, após empate no Equador em 1×1. Veja:
Independiente del Valle 1×1 San Lorenxo (27/03/2014)
Em outras palavras, a equipe de Bauza precisaria vencer dentro de casa e torcer para uma combinação de resultados, que envolvia uma goleada sobre o Fogão e um empate, derrota ou até vitória do Del Valle fora de casa, desde que não fosse por muitos gols. Foi então que os milagres começaram a surgir. No Chile, o Del Valle fez um dos maiores jogos de sua história e virou uma partida de de 4×3 para 5×4 de maneira assombrosa. Enquanto o cojunto andino levava a classificação, os argentinos penavam contra o Fogão. Venciam por 2×0, mas precisavam do gol salvador. Ele surgiu dos pés do grande nome do jogo. Ignacio Piatti foi o nome de quem chegou às redes e e deu a sofrida classificação aos cuervos, aos 44 minutos da etapa final. Veja momentos e gols da sofrida e decisiva partida:
Com a segunda pior campanha entre os classificados, o Ciclón teria de encarar uma parada sofrível. O rival era o Grêmio, time de segunda melhor campanha da primeira fase. Porém, não havia mais saldo para o azar descontar. No primeiro jogo, em Nuevo Gasómetro. Angelito Correa foi o nome do gol, aos sete minutos da etapa final. O gol foi resultado da insistência cuerva e deu a vitória para o conjunto de Bajo Flores, mas não deixou ninguém tranquilo. Veja o tento salvador de Correa:
San Lorenzo 1×0 Grêmio (23/04/2014)
Se o jogo foi difícil, o segundo encontro, em Porto Alegre, seria ainda mais complicado. Foi um verdadeiro pesadelo para o Campeão da América. O Ciclón aguentou firme até os 39 minutos da etapa final. Mas por ironia, foi justamente Piatti quem perdeu uma bola valiosa e permitiu o contragolpe do bravo Tricolor gaúcho. Dudu foi o nome do gol que levou a disputa para o inferno dos pênaltis.
Na primeira cobrança, Barcos parou nas mãos de Torrico, que seria o herói azulgraná, na noite de Porto Alegre. Ortigoza, infalível como sempre, colocou os Cuervos na frente do marcador. Após Riveros e Mattos anotarem para suas equipes, o canhoto uruguaio, Maxi Rodríguez, parou novamente nas mãos do “craque” Torrico. Após Nico Blandi converter, Rodriguinho manteve o Grêmio vivo na disputa. Restou para Buffarini, “Pulmão de Aço” definir a disputa em 4×2 e dar alegria ao coração ferido do conjunto de Bajo Flores. Veja o sofrimento:
Grêmio 1×0 San Lorezo – 2×4 – (30/04/2014)
Classificado às quartas de final, o Ciclón pegaria um outro gigante, o Cruzeiro, equipe que ficara em segundo no Grupo V teve o surpreendente Defensor Sporting como líder. Porém, assim como o Campeão, a Raposa esperava pelo jogo grande, assim como foi com o Cerro Porteño, nas oitavas de final. Na primeira partida, no Nuevo Gasómetro, os argentinos venceram por 1×0, com um gol de Gentiletti, após cobrança de falta de “Mutante” Ortigoza.
San Lorenzo 1×0 Cruzeiro (07/05/2014)
Na volta, em Buenos Aires, o Campeão deu mostras de que havia aprendido com as lições de Porto Alegre. Era necessário encarar o rival de frente e, de preferência, sair na frente do marcador. Não deu outra; logo aos 10 minutos, Ignacio Piatti foi o nome gol, que engravidou o Ciclón de tranquilidade. A Raposa precisava fazer três, mas conseguiu empatar somente aos 25 da etapa final. O jogo estava nas mãos dos Cuervos, que souberam manter o empate até o fim e levar a vaga à semifinal da Copa Libertadores. Veja o resumo:
Cruzeiro 1×1 San Lorenzo (14/05/20)
Após o longo descanso, em virtude da Copa do Mundo, o Ciclón voltou a campo para enfrentar a competente esquadra do Bolívar, que vinha com a mais expressiva campanha em Libertadores de um conjunto do Altiplano do Sal. Bauza sabia que a passagem à finalíssima só ocorreria se sua equipe fizesse o grande jogo dentro do Gasómetro. Não fosse assim e dificilmente o Ciclón comemoraria a sonhada vaga na Final da Libertadores. E não deu outra. Após uma apresentação estupenda, o Campeão fechou a noite com 5×0 sobre a Celeste boliviana No fim, os jogadores azulgranás dedicaram a vitória a Angelito Correa, que precisou de uma intervenção cirúrgica para que seu coração seguisse a bater e o jovem craque seguisse a encher outros corações de alegria. Veja:
San Lorenzo 5×0 Bolívar (23/07/2014)
Na partida de volta, apenas um milagre eliminaria o Ciclón da classificação. A própria torcida boliviana foi ao Hernando Siles disposta a homenagear a Celeste pela campanha histórica que finalmente faria os rivais do continente ter o devido respeito pelo futebol do país. Desta forma, o gol da vitória, no fim da peleja, não mudou em nada a situação do Ciclón, mas levou alegria à massa boliviana no Silles. O San Lorenzo chegava à final da Libertadores pela primeira vez em sua história.
Bolívar 1×0 San Lorenzo (30/07/2014)
Pela primeira vez na competição, o San Lorenzo enfrentaria, no mata-mata, uma equipe que fora pior que ele na fase de grupos. O Nacional do Paraguai saíra do Grupo IV atrás apenas do Galo, e à frente do Independiente Santa Fe, a grande decepção cafetera. Tal como o Ciclón, o “Queridão” não havia vencido nenhum rival fora de casa. Além disso, vinha de um verdadeiro milagre, ao resistir ao futebol elegante e incisivo do Defensor, no Centenário de Montevidéu.
Na partida de ida, no Defensores del Chaco, o Campeão foi o dono da bola. Pressionou o rival, criou várias situações de gol e só não venceu por 1×0 porque o conjunto guaraní empatou a peleja já nos acréscimos. Mauro Mattos foi o nome do gol, aos 19 minutos da etapa final, após um cruzamento de “Pulmão de Aço” Buffarini. A igualdade veio dos pés de Jorge Santa Cruz, após pressão e bobeada da zaga azulgraná: o ponteiro marcava 48 minutos do segundo tempo.
Nacional do Paraguai 1×1 San Lorenzo (08/08/2014)
Restava a partida final. O conjunto cuervo estava prestes a conquistar o mais importante título de sua história. A atmosfera era tão favorável que chegava a assustar. Era como se a massa torcedora não conseguisse visualizar o eventual fracasso, que, de quando em quando, faz parte de todas as grande finais. Um pouco mais de 40 mil hinchas lotaram o Nuevo Gasómetro, no que foi uma das mais acirradas disputas, entre os torcedores, por um ingresso para a festa. Nos arredores de Bajo Flores, uma multidão acalentava a equipe, sem poder ver o jogo, na cancha. Só que havia um rival a ser batido. E o “Queridão” venderia caro a sua derrota.
Com a lição apreendida no Centenário de Montevidéu, de onde saiu vivo por aquelas artimanhas do futebol, o conjunto guaraní foi para a cancha para propor o jogo. Recuava bem suas linhas e propunha sair nos contragolpes ou ocupar os espaços no meio-campo, possivelmente deixados pelo Ciclón. O Nacional contava com outro reforço: o nevosismo do conjunto dirigido pelo Patón. E de fato Bauza se desesperava na lateral do campo, tentando passar tranquilidade à sua equipe. Enquanto isso, Marcos Riveros tomava o meio-campo a seu controle e ditava o ritmo de um Nacional surpreendente. Era assombrosa a maneira como o Ciclón era envolvido em sua casa.
Contudo, numa disputa de bola entre Cauteruccio e Coronel, o atleta guaraní colocou a mão na pelota e oportunizou ao Ciclón que saísse do sufoco. No seu estilo frio, “Mutante” Ortigoza anotou o gol que daria o título ao San Lorenzo. Após 106 anos de vida, o brioso conjunto de Boedo chegaria não só ao caneco da Libertadores. Alem disso, sepultaria também a velha chacota em torno de ser o CASA, “Clube Atlético ‘Sem Libertadores”. Uma nova era começava em Boedo. O calendário marcava a data de 13/08/2014. Uma data para entrar na história do futebol.
“La mano de Dios” de Coronel – o alívio azulgraná
San Lorenzo 1×0 Nacional do Paraguai (13/08/2014)
Por fim, a celebração
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