Amistoso contra Israel gera protestos e pode causar briga diplomática com a Palestina
Entre 1986 e 1998, a seleção argentina usa os amistosos contra Israel como forma de preparação para a Copa do Mundo. Após 20 anos, a AFA decidiu voltar a fazer o duelo contra os israelitas como fechamento da preparação. Mas tal amistoso, desde quando anunciado a quase um mês, geram críticas aos interesses políticos e diplomáticos. Por enquanto ele está mantido para sábado, às 15h45, em Jerusalém.
Nesta segunda-feira, o presidente da Federação Palestina de Futebol, jibril Rajoub, pediu para que a Argentina, e principalmente Lionel Messi, não enfrente Israel, pois tal partida naquela região está sendo vendida como fins políticos, como comemoração aos 70 anos após a criação do Estado de Israel. Historicamente é sabido que árabes são contra tal criação do Estado, principalmente os palestinos, que ocupavam a região séculos antes. Inicialmente a partida seria em Haifa.
“Messi é um grande símbolo de paz e de amor. Por isso, esperamos que não venha, que não seja partícipe dos crimes da ocupação israelense”, destacou. Houve, inclusive, a entrega de uma carta do presidente da Federação Palestina ao representante argentino em Ramallah, na Cisjordânia, para que seja remetida à AFA e ao Governo Argentino.
Dentro da própria seleção argentina há críticas para com o amistoso. Sampaoli não vê como útil uma viagem de Barcelona para Israel para a realização de um amistoso, além de questões políticas, como a visita ao Muro das Lamentações. Tal amistoso foi confirmado no dia 16 de maio, após um encontro do presidente da AFA e o embaixador israelense Ilán Sztulman.
Protestos
Nos últimos dias, bandeiras da Argentina foram queimadas pelos palestinos e aos que defendem que a região não pertence a Israel. Vale destacar que a Argentina possui a maior comunidade judaica da América Latina, com dois consulados (Córdoba e Mendonza) e uma embaixada (Buenos Aires). A embaixada argentina fica em Tel Aviv. A Palestina também conta com uma embaixada na capital.
Ao fim do ano passado, os Estados Unidos reconheceram Jerusalém como capital de Israel, mudando a embaixada para aquela cidade. Antes era tida pela ONU como uma zona internacional, principalmente para evitar maiores combates entre o povo de Israel e os palestinos, já que ambos reivindicam a cidade como capital.
Superstição
A escolha de Israel é tida como uma ‘cabala’ argentina – nada a ver com a cabala judaica, mas sim superstição. É bem verdade que nas três vezes seguintes que houve o encontro contra a seleção israelense não houve tanto sucesso. Mas com a realização de alguns feitos supersticiosos, como a visita de vários membros da delegação argentina de 1986 à Tilcara, norte da Argentina, pagando uma promessa.
Em 1986, a Argentina venceu Israel por 7×2, com gols de Almiron (3), Maradona (2), Borghi e Tapia . Sinai e Malmilian descontaram para Israel. Em 1990, a Argentina venceu Israel por 2×1 (Maradona e Caniggia). Quatro anos depois, vitória por 3×0 (Batistuta, duas vezes, e Caniggia). O último amistoso pré-Copa contra Israel foi em 1998, em derrota por 2×1 para Israel, com gols de Ghrayeb e Revivo para Israel. Cagna marcou para a Argentina.
Argentinos na seleção palestina
Vale destacar que quatro argentinos com origens palestinas já defenderam a Palestina, que faz parte do quadro da FIFA. São eles: Daniel Mustafá (formado no Talleres de Córdoba e atualmente no Sarmieto de Leones (quarta divisão); Paulo Abdala (ex-Rosario Central e que encerrou a carreira no Argentino de Rosário, em 2007); Alejando Naif (formado pelo Deportivo Español e que encerrou a carreira em 2007, em Honduras); e Carlos Salom (formado pelo Sacachispas e com passagens por Olimpo e All Boys).