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As ideias do Edgardo Bauza, o comandante na Rússia

Aproximadamente um mês após o pedido de demissão de Tata Martino, a seleção Argentina tem novo treinador. Durante o período sem comandante os dirigentes da associação realizaram uma espécie de Vestibular dos Treinadores, entrevistando diversos cotados ao cargo, aonde o escolhido para liderar a alviceleste até a Rússia foi Edgardo “Patón” Bauza.

O Homem

Edgardo Bauza nasceu na bucólica cidade de Granadero Baigorria, no interior da província de Santa Fé. Desde pequeno hincha ensandecido do Central, azul e amarelo foram as cores que escolheu para amar e vestir. Mas antes de mostrar suas habilidades dentro da cancha e comandando ao lado dela, o atual treinador argentino se fazia presente nas lutas políticas como fervoroso militante do Partido Socialista. Atualmente, ainda se considera como um cidadão de esquerda, porém sem atuação alguma dentro do cenário.

Voltemos ao futebol: Bauza com 21 anos estreou como zagueiro do Central, assim como o seu pai, que também jogou na equipe. Como jogador, obteve a marca de 4º maior zagueiro goleador de toda a história, com a ajuda de sua principal jogada, a bola aérea ofensiva. Um dos principais reféns dos seus testaços foi o Newell’s old Boys; ao total, foram nove gols convertidos contra o rival rojinegro. Além do Central, Patón também teve passagens também por Junior de Barranquilla, Independiente e Tiburones de Veracruz até voltar e se aposentar no clube do coração.

O treinador

Como treinador, Patón começou a trabalhar em 1998 no Rosário Central, e logo em seu terceiro ano comandando os canallas levou o time até as semifinais da Libertadores da América, até hoje melhor campanha da equipe. Lá, Bauza já mostrava as qualidades de um treinador copero. Naquela edição de 2001, durante a fase de grupos o time fez 13 pontos, marcando 14 gols e sofrendo apenas 4. Acabou sendo eliminado apenas nas semifinais da competição, pelo Cruz Azul do México. Na época, o treinador utilizava o esquema 4-3-1-2, utilizando um meia armador e dois meias que subiam ao ataque com extrema facilidade.

Escalação Rosário Central durante Libertadores de 2001
Escalação Rosário Central durante Libertadores de 2001

Após a eliminação no torneio continental, Bauza teve passagens com menos brilho por Vélez, Colón e Sporting Cristal até que chegou no Equador para treinar a Liga de Quito. Na capital do meio do mundo, fez seu primeiro trabalho ovacionado pelo continente. Na LDU, sagrou-se campeão da Libertadores, da Recopa e duas vezes campeão nacional. Patón organizava a equipe com táticas heterogêneas, mesclava 3-6-1, 3-2-4-1 ou 3-5-2, podendo os três esquemas aparecerem em uma única partida. A equipe campeã da América em 2008 ficou marcada pela ótima dupla de volantes, onde ficava evidente a forte marcação com qualidade na saída de jogo e a alta velocidade dos pontas em contra-ataques, duas características que até hoje encontram-se no trabalho do treinador.

A formação de maior sucesso com Bauza tinha: Cevallos; Araujo, Jayro Campos, Calle; Vera, Urrutia; Guerrón, Manso, Bolaños, Ambrosi; Bieler

LDU BAUZA

Pelo time equatoriano foram os seguintes números de 2006 até 2013:

256 partidas disputadas

125 partidas ganhas

65 partidas empatadas

66 partidas perdidas

57,3% de aproveitamento

Depois da passagem vencedora na latitude 0°, Edgardo Bauza teve a missão de pegar um San Lorenzo recentemente campeão do Inicial de 2013 e dar-lhes padrão de jogo e foco para a Libertadores de 2014. E foi isso que aconteceu, com contra-ataques velozes puxados por ponteiros (ou wingers, como alguns chamam). Bauza utilizou o 4-4-2, que por vezes se mesclava em um 4-2-3-1.

No trabalho no bairro de Boedo, novamente apareceram os volantes pegadores e com boa saída de bola: Mercier e Ortigoza foram os encarregados, enquanto Buffarini, Villalba e Piatti davam amplitude e velocidade pelos lados do campo. Já o papel do enganche que em Quito era realizado por Manso foi designado a Ángel Correa, que em muitas vezes contou com a ajuda do “Gordo” Ortigoza.

O ponto negativo na campanha foi o jogo aéreo defensivo; durante o mata-mata, a equipe levou quatro gols e todos surgiram de bolas alçadas na área.

O San Lorenzo de Bauza era organizado desta maneira:

CASLA BAUZA

 

San Lorenzo vertical contra o Grêmio em 2014
San Lorenzo vertical contra o Grêmio em 2014 Fonte:Footstats

Os números de Patón com o CASLA:

97 Partidas disputadas

44 Partidas ganhas

20 Partidas empatadas

33 Partidas perdidas

52% de aproveitamento

Em 2015, o argentino assumiu o São Paulo Futebol Clube com a tarefa de disputar a Libertadores da América, após uma rápida passagem de Juan Pablo Osorio, que foi comandar a seleção mexicana. No tricolor paulista, o treinador no início teve grandes dificuldades de passar a ideia de jogo para o elenco, e acabou sendo muito criticado pela imprensa. As dificuldades analisadas na equipe do Patón foram a defasagem física dos atletas e a pouca intensidade dentro de campo.

Em meio a disputa da fase de grupos, o jeito Patón de jogar começou a aparecer, em um 4-2-3-1 com os volantes Hudson e Thiago Mendes cumprindo a missão de marcar e sair jogando e Ganso armando as jogadas para os wingers Michel Bastos e Kelvin. Dentro da área, o jovem e talentoso Jonathan Calleri de centroavante, outra peça sempre presente nos esquemas do treinador (Bieler na LDU 2008, Matos no CASLA 2014). O São Paulo conseguiu chegar até as semifinais da competição, só caindo para a equipe que seria campeã.

SPFC BAUZA
São Paulo montado por Bauza

 

spfc
Ataques pelas pontas, neste caso Michel Bastos pela LA2016 Fonte:Footstats

 

Última partida comandando o São Paulo não foi diferente, utilização das pontas e grande número de cruzamentos provavelmente
Última partida comandando o São Paulo não foi diferente, utilização das pontas                                                                     Fonte:Footstats

Número de Patón no SPFC:

46 partidas disputadas

16 partidas ganhas

13 partidas empatadas

17 partidas perdidas

44,2% de aproveitamento

A SELEÇÃO

O que se percebe na carreira de Edgardo Bauza é uma constância na maneira de jogar. O esquema até pode alterar, porém sempre existem as mesmas peças com as exatas funções: volantes (marcação forte e saída de jogo qualificada), armador (Distribuição de jogo), ponteiros/winger (amplitude, velocidade e cruzamento) e centroavante.

Outro fator bastante perceptível é um aproveitamento mediano em campeonatos de pontos corridos e um ótimo aproveitamento em mata-mata. Analisando na ótica da Seleção Argentina, nota-se que talvez Bauza não seja o ideal para umas Eliminatórias, porém pode ser de grande valia em caso de torneio de mata-mata como uma Copa do Mundo.

A equipe que deve ser montada agrada e as peças que estão em disposição encaixam perfeitamente no estilo de jogo de Patón, que deve encontrar facilidade em montar a equipe. Seu estilo de jogo combina com as peças à disposição; basta convencer Messiaà jogar e pode montar um time melhor e mais jovem do que estávamos acostumados com Tata. Supostamente, a equipe titular num primeiro momento deve ser montada desta maneira:

Possível Argentina do Bauza
Possível Argentina do Bauza

A escalação é apenas especulação, agora nos basta aguardar o que ocorrerá nas bandas de Evita Perón e torcer que Bauza faça valer sua inteligência em história para não imitar Napoleão e Hitler e consiga triunfar na gélida e perigosa Rússia.

Bolívar Silveira

Bolívar Silveira é estudante de Geografia e fanático do sul do mundo. Porto-alegrense, pertencente ao lado rubro da cidade. Acompanha futebol argentino desde 2012, quando contraiu Lepra.

One thought on “As ideias do Edgardo Bauza, o comandante na Rússia

  • carlo

    pra me inteirar sobre futebol argentino sempre acompanho o bolivar aqui no futebol portenho. esse manja dos paranauê

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