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Há 90 anos, o Gimnasia LP virava o 1º sul-americano a derrotar Real e Barcelona

Nota originalmente publicada nos 85 anos do feito (em 06-01-2016), revista e atualizada

Clube mais atrelado à falta de sorte na Argentina (e talvez no mundo), o Gimnasia LP tem de conviver tanto com os títulos que lhe escaparam por pouco quanto com a colossal desproporção entre seus troféus e o do rival Estudiantes – um fenômeno iniciado só nos anos 60, não impedindo que La Plata continue equilibradamente dividida entre as torcidas vermelha e azul. Por trás dessa imagem do Lobo, porém, há um dado pouco conhecido: foi o primeiro clube sul-americano a ter vencido tanto o Real Madrid quanto o Barcelona. A vitória sobre o Barça que o rival deixou de arrancar em 2009, no Japão, os triperos lograram em pleno Les Corts há exatos 90 anos – cinco dias depois de vencerem em Chamartín os madrilenhos.

Antes, cabe salientar que a dupla espanhola já havia perdido para sul-americanos, inclusive argentinos, bons demonstrativos da grande geração dos anos 20: em sua pioneira excursão de 1925, o Boca derrotou por 1-0 o Real Madrid também na capital espanhola, e os blancos levaram de 2-0 do Racing e de 4-0 do Newell’s ao visitarem a América do Sul em 1927. O Barcelona fez visita no ano seguinte e levou de 4-1 do Independiente. E em 1929 o decadente Sportivo Barracas, hoje na 4ª divisão, mas cujo estádio na época chegava a ser palco da seleção argentina (além de receber jogos do Real Madrid em Buenos Aires em 1927), bateu um Barcelona reforçado com jogadores do Alavés por 2-1. O ineditismo gimnasista foi ter conseguido vencer as duas forças, e com o elemento extra de isso ter ocorrido nas casas adversárias – na época, Chamartín em vez do Santiago Bernabéu e Les Corts em vez do Camp Nou.

Por mais que o Boca não tenha chegado a enfrentar o Barcelona em 1925 e nem o Barracas encarado o Real em 1929, por outro lado um clube pesadíssimo como o Peñarol, de um tempo onde o Uruguai vivia o auge de seu brilho futebolístico, tivera antes a oportunidade dupla. Em 1927, os aurinegros receberam em seu próprio estádio de Pocitos (que já não existe, embora lá tenha ocorrido o primeiro gol das Copas do Mundo) o Real Madrid. Ficou no 0-0. Meses antes, em excursão à Europa, o Peñarol desafiou duas vezes o Barcelona: 1-1 e derrota vexaminosa de 5-1. O rival Nacional também já havia enfrentado os catalães na Europa, em 1925, ficando no 2-2 em Les Corts, mas não o Real. O Barcelona, aliás, impôs um 4-0 sobre a seleção argentina em 1928. Sobre os mesmos hermanos que, dali a algumas semanas, conseguiriam uma prata olímpica em Amsterdã.

O Real Madrid foi derrotado primeiro: na imagem, Jesús Díaz abre o placar. Ele também marcou na vitória sobre o Barcelona. E fez ainda o do empate em 3-3 com a Internazionale

Outro detalhe que reforça o feito é que o Gimnasia viajou à Europa sem seu grande jogador na época: o atacante Francisco Varallo, único representante do clube na Copa de 1930. Ele atuou pela última vez no Lobo em 23 de novembro, em um 2-1 no Argentinos Jrs, antes de ser cedido ao Vélez para uma consagradora excursão desse clube pelas Américas na mesma época. Na volta dessa viagem, ele terminaria reforçando o Boca, onde construiu um recorde de gols como profissional vigente até 2008, quando foi superado por Martín Palermo. Varallo, posteriormente, ficaria mais conhecido como último sobrevivente da primeira Copa do Mundo, falecendo aos cem anos, em 2010. Saiba mais neste outro Especial.

O próprio Gimnasia, por outro lado, também recorreria a empréstimos pontuais para a sua gira, assim como o Boca em 1925 e o Barracas em 1929 já haviam feito: o ponta-direita Juan Arrillaga, que escolhemos recentemente para o time dos sonhos do Quilmes, era jogador de seleção vindo desse tradicional mas já apequenado clube (depois passaria até por River e Fluminense). Já o goleiro Juan Bottaso havia sido titular na final da Copa de 1930 como atleta do rival Argentino de Quilmes, hoje na 4ª divisão. Outro viajante presente na Copa foi o meia-esquerda Atilio Demaría, do Estudiantil Porteño, que ainda existe como clube social, mas há décadas com seu departamento de futebol competitivo desativado. Contra a dupla espanhola, forneceu uma assistência para abrir o placar nos 3-2 contra os madrilenhos e forçou o rebote que propiciou o empate prévio à virada de 2-1 sobre Barça.

Demaría também fez o único do duelo contra o Benfica e, embora não tenha marcado gols no 2-2 contra o Napoli, foi qualificado pelo jornal romano Il Littoriale como um “autêntico fora de série”. Na volta à Argentina, ainda deixou um gol na escala carioca do regresso, em 2-2 com um combinado Vasco-America. Também esteve nos 3-3 contra a Internazionale (então Ambrosiana), entrando no radar do clube de Milão, que o contrataria em julho: o argentino brilharia por lá, especialmente nos clássicos com o Milan, e venceria a Copa do Mundo de 1934 como reserva da seleção italiana. Outro reforço pontual foi Oscar Tarrío, do San Lorenzo. Ele seria um dos primeiros argentinos a desbravar a liga portuguesa, sendo ídolo da época grandiosa do Belenenses a ponto de até radicar-se e falecer em Lisboa, já nos anos 70.

A falta de maior intercâmbio de notícias fez o jornal madrilenho Mundo Gráfico informar que o Gimnasia seria de Buenos Aires, embora na legenda conste que seja de La Plata

Esses craques emprestados reforçaram uma base já sólida que, ainda com Varallo, fez os triperos conseguirem no início de 1930 seu único título argentino, válido ainda pela edição de 1929. Foi ainda no embalo dessa conquista que os alviazuis se presentearam com a viagem à Europa. Antes, em parada no Brasil, enfrentaram em 13 de dezembro o Vasco (1-1, com o gol argentino sendo de Arturo Naón, maior artilheiro da história gimnasista e que anos depois passaria pelo Flamengo) e uma seleção carioca em 17 de dezembro – derrota de 4-0. Quem diria: as partidas seguintes foram justamente as vitórias mais históricas da viagem. Os destaques delas foram Leonardo Sandoval (outro emprestado; jogava no Quilmes e já havia enfrentado o Barcelona pela seleção argentina, junto com Arrillaga) e Jesús Díaz, cada um com dois gols. Sandoval fez os seus nos 3-2 sobre o Real Madrid, em 1º de janeiro, com Díaz marcando o outro dos visitantes. Díaz fez mais um nos 2-1 sobre o Barcelona, naquele 6 de janeiro de 1931.

O outro gol sobre os catalães foi do capitão Ismael Morgada, um grande nome da excursão como um todo: vice-artilheiro dela, com dez gols. Ele é o jogador argentino presente nas duas fotos que abrem a matéria. Com dez gols, também foi o vice-artilheiro do elenco. Outro destaque foi naturalmente o artilheiro da excursão. Trata-se de José María Minella, craque viraria o nome do estádio de sua Mar del Plata natal empregado na Copa do Mundo de 1978 não só pelo proporcionado à torcida platense: ao longo dos anos 30, brilhou ainda no River, onde depois consagrou-se também como um técnico seis vezes campeão argentino. Chegou a ser o treinador com mais títulos pelo Millo e atualmente segue atrás apenas dos posteriores ciclos de Ángel Labruna, Ramón Díaz e Marcelo Gallardo. Seus onze gols na viagem se devem à sua escalação ainda como centroavante, chegando a marcar os quatro gols de um 4-0 sobre neve contra o Munique 1860 – então o principal clube da cidade, prestes a terminar como vice-campeão alemão da temporada europeia de 1930-31 enquanto o vizinho Bayern, longe da Era Beckenbauer, tinha zero títulos no torneio.

Minella também deixou o dele em um 3-3 com a Internazionale. Essa partida, além de propiciar o interesse do adversário em Demaría, foi histórica ainda por duas mudanças: ainda centroavante, Minella até abriu o placar desse jogo, mas no decorrer da partida ele recuou para volante para suprir a retirada do lesionado Pedro Chalú (outro emprestado: era do Ferro Carril Oeste). Os italianos viraram para 3-1 e foi exatamente para ocupar o lugar que Minella deixaria no ataque que o jovem Naón começou a ser empregado no setor. Ele marcou o segundo gol dos argentinos – que conseguiriam um heroico empate em gol de Jesús Díaz. O improviso que se mostrou auspicioso foi mantido para o jogo seguinte, aquele contra o Napoli, com Minella já entrando como volante, mesmo que a contragosto, e Naón como centroavante.

O próprio Minella, porém, reiterava que o grande momento da excursão foi outro: o triunfo por 3-1 sobre o Sparta Praga (gols, por sinal, de Demaría, Morgada e Arrillaga, em desempenho noticiado pela imprensa local como o de um “tango argentino”), então visto como time mais forte da Europa Central, com prestígio remontando ao “Sparta de Ferro” dos anos 20. De fato, o clube tcheco havia vencido a Copa Mitropa (uma precursora da Liga dos Campeões) em 1927, sendo vice na de 1930 e foi base da seleção nacional quase venceria a Copa de 1934. Não que houvesse glamour para os visitantes, conforme esses detalhes que ele daria anos depois: “foi uma gira intensa e que poderia ter um resultado desportivo melhor, se não fosse encarada com um critério comercial. Mas havia pelo meio um empresário. Jogávamos com muita frequência, sem descanso algum. Em uma excursão de cinco meses, incluídas as largas viagens, sustentamos 27 jogos”.

Ainda segundo Minella, “saltávamos de um lugar a outro, sem descanso algum, passando por climas distintos e sobretudo por comidas nada gratas ao nosso paladar riopratense. Às vezes, nem víamos carne. Isso faz com que, fora as lembranças gratas, sejam muitos os momentos ingratos recordados. Em Munique, haviam passado um rolo sobre o campo e algumas cadeiras eram formadas com entulhos. Parecia a nós impossível jogar. Nessas condições e apesar disso, ganhamos por 4-0. Joguei de centreforward e tive a sorte de marcar todos os gols. Mas a neve não foi a única surpresa. Na Áustria, onde creio que se jogava o melhor futebol do continente, tivemos que jogar sobre o gelo. Havia chovido e fazia um frio intenso e se formou sobre a grama uma capa de geada que parecia vidro. A baixa temperatura nos produzia, também, uma forte dor de cabeça e muitos jogadores tinham as mãos ou os pés congelados. Sorteando todos esses inconvenientes, cumprimos os compromissos da viagem”.

O momento mais emotivo ao ídolo, porém, foi aproveitar a estadia italiana para reforçar laços familiares. Foi em “uma manifestação que se realizou em um povoadinho quase ignorado na Itália, chamado Villanova, onde residiam meus avós. Consegui permissão para ir visita-los, e quando cheguei, isso pela meia-noite, resulta que me esperava quase toda a população, com uma banda de música à frente, e me fizeram uma recepção de um príncipe. Me levaram carregado e me agasalharam em forma por demais extraordinária”.

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Charges de Díaz e Sandoval, no jornal ABC; e o quase gol do Barcelona que não passou da linha, no Mundo Deportivo

Segundo o coringa centroavante-volante, naquele vilarejo no Piemonte “me olhavam como um Deus e me diziam coisas que eu não compreendia. Observei o efeito que significava a presença nesse povoado de um filho daqueles que trinta anos antes haviam saído rumo à Argentina, com a esperança de juntar dinheiro e voltar à aldeia” e “a emoção me sacudiu o coração. Quando cheguei, fui envolto por uma montanha de abraços dos meus tios, meus primos, meus sobrinhos. Nessa noite, dormi na casa dos meus pais – que era de pedras – e na manhã seguinte saímos a percorrer o povoadinho. Outra vez, as mostras de carinho foram incríveis: me paravam, me lembravam coisas dos meus pais, me enchiam de anedotas. A despedida foi mais emocionante que a chegada”.

Mas afinal, como foram os jogos contra Real e Barcelona? Segundo o ABC de Madrid, o Real, com sorte, teria vencido se aproveitasse os vinte minutos finais do primeiro tempo nos quais teria encurralado os argentinos. “Mas seria injusto, porque eles jogaram mais no decorrer dos 90 minutos (…). Ao platenses faltou inimigo. Eles levaram a iniciativa, eles fizeram as melhores jogadas (…). Nos pés argentinos, o jogo era seguro; o passe, inteligente; nos madridistas, nem soma de combinação nem sombra de disparo: saltos, corridas, desorientação. Fracasso de atacantes, de meias e defensores. É bastante”.

“Os avanços dos argentinos, mais perigosos cada vez, põem descoberto os defeitos do grupo central, e aos 20 minutos Demaría faz um passe a Díaz que, desmarcado, chuta colocado próximo do poste e logra o primeiro tento. Este goal faz mais torpes os manejos locais, e a equipe argentina, que sabe retroceder maravilhosamente, não passa por grandes perigos, enquanto que seus ataques os fazem sentir cada vez mais fortes. E chega o segundo goal: todo o quinteto estrangeiro se move com facilidade, com ajuste perfeito. Corre o ponta-direita, Sandoval, uma bola, se interna e, depois de esquivar de Ochandiano, dispara um shot cruzadíssimo, que bate de novo Vidal. São 2-0 e decepção conseguinte no público, que suspeita de uma catástrofe”. O tal Vidal ainda era o goleiro madridista titular; a lenda Ricardo Zamora, recém-chegado do Espanyol, só assumiria a posição na temporada seguinte.

O Gimnasia na neve de Frankfurt

“Por fim, em um dos ataques desordenados dos nossos, como rompantes de loucura, Eugenio empurra com veemência, transpõe a defesa e passa adiantado a Lazcano. O ponta chega a tempo e de um tiro raso bate o goleiro argentino. E o público se liberta da mais terrível opressão: a do ridículo! (…) No segundo tempo, os madridistas parecem desfalecidos (…). Aos 4 minutos, em um ataque argentino, a bola vai e vem ante a porta de Vidal, e ao fim o tiro de Sandoval arremata Bonet em sua própria meta quando pretendia evita-lo. A inevitável e descabelada reação local é completamente inútil por falta de enlace acertado, e o jogo do Madrid é cada vez pior”.

Com o jogo ainda em 2-0, o Real, vale dizer, perdeu propositalmente um pênalti que os argentinos consideraram inválido. Para finalizar a transcrição do ABC, “O Madrid é ineficaz em todos os seus ataques. As incorreções se suscedem e as pessoas protestam indignadas. Os argentinos sabem fazer futebol brilhante, da melhor qualidade (…). Faltam pouco minutos, quando, em um rápido ataque, Lazcano cruza a Gurruchaga, este salta para deixar passar a bola e Galé arremata o goal imparavelmente. E com o 3-2 conclui em seguida a partida, que demonstrou a existência de um excelente conjunto: o argentino”.

O jogo repercutiu de forma exaltada no jornal catalão Mundo Deportivo: “a equipe platense de Gimnasia y Esgrima debutou com uma vitória mínima que, como estreia, recém-chegada, não é pouco”. Mas o MD também foi cético: “as referências do jogo que de Madrid nos enviam são de que o triunfo dos argentinos foi merecido por seu melhor jogo. Mas é de assinalar que a equipe do Madrid se apresentou algo frouxa e teve, ao que parece, um péssimo dia. Por tais causas, é justo esperar a partida que os platenses hão de jogar em Barcelona para julgar sua real valia…”.

E dá-lhe neve alemã. Na foto esquerda, a tarde onde Minella fez os quatro gols sobre o Munique 1860, então o time forte da cidade bávara

Tal postura foi mantida na edição do dia 3. O mesmo jornal escreveu que argentinos e uruguaios se julgavam donos do melhor futebol mundial em razão das finais travadas nas Olimpíadas de 1928 e na Copa de 1930 e procurou rebateu-os: “sabemos, ademais, que não foram [à Copa] também muitas outras nações – para não dizer todas – das que figuram como qualificados expoentes do melhor futebol do Velho Continente; não nos resignamos (porque não acreditamos justo), não podemos estimar convincentes os títulos de campeão ou finalista olímpico ou de campeão oficialista de Montevidéu”.

O encontro foi encarado com tanta importância que o Barcelona logo requisitou seus jogadores que estavam na seleção catalã, à exceção do meia Ferran Diego e do atacante Emilio Sagi Barba (por sinal, nascido na Argentina, embora defendesse a seleção espanhola). Essa medida foi inclusive criticada no dia 4 pelo Mundo Deportivo por descaracterizar a Catalunha, cuja escalação acabou reunindo basicamente jogadores de Espanyol, Europa e Sabadell; é que a seleção da casa jogaria naquele mesmo dia 6 contra a de Castela em Chamartín. A outra baixa foi Josep Samitier, lesionado em 1º de janeiro em outro amistoso da Catalunha, contra o País Basco, em San Mamés; esses jogos das seleções regionais do país eram comuns em tempos pré-franquistas, e bastante valorizados em um contexto em que o campeonato espanhol ainda vivia apenas a terceira temporada de sua nascente história.

Após a derrota para o Gimnasia, a visão do jornal, convenientemente, já era outra: “lástima que o campeão da Catalunha não pudesse apresentar-se um pouco completo, porque assim não se enganariam os leitores da imprensa argentina”. A reportagem teve como um dos tópicos assinalado como “os argentinos foram perigosos só por 15 minutos” e avaliava que “gostamos do jogo da equipe da cidade da Plata. Mas gostamos sem nos entusiasmar e precisamente por isso nos dói mais ainda que a vitória lhes tenha sorrido. (…) Scarponi, o goleiro do Club Gimnasia y Esgrima, foi talvez a figura mais destacada da equipe. (…) O primeiro tempo transcorreu em completo domínio do Barcelona”.

Repercussão do Gimnasia nas imprensas austríaca e tcheca após duelos com as forças locais: “tango argentino”

Os blaugranas chegaram a reclamar de um gol na etapa inicial, mas o próprio MD assumiu que a bola não cruzou a linha. “Aos 10 minutos de começada a segunda parte, marcou o Barcelona seu único tento. Foi em ocasião de outro magnífico cruzamento de Piera que Arocha arrematou com um estupendo cabeceio, que passou depois de roçar Scarponi o esférico. Depois desse goal, os argentinos forçaram seu empenho em atacar, reagindo à pressão que ainda lhes tinha dominado o Barcelona e passaram logo a dominadores. E o primeiro fruto de suas ofensivas perigosíssimas foi o empate que se produziu aos 23 minutos. Escapou Curell, cruzou atrasado, arrematou Demaría, repelindo Zabalo o tiro aos pés de Morgada, que fuzilou o tento aproveitando clara oportunidade. Cinco minutos depois, Garcia falhou um arremate claríssimo a um cruzamento de Piera, e três mais tarde veio o goal que deu o triunfo as argentinos”.

“Na metade do campo, Curell fez um passe a Díaz, que estava desmarcado; Mas retrocedeu no lugar de tentar inutilizar o avanço do interior e este soube aproveita-lo para penetrar ainda mais e lançar um estrondo muito preciso que não encontrou obstáculo para chegar à rede do Barcelona. Logo se nivelou a contenda. Nossa equipe prosseguiu a luta com ânimo decaído e seus ataques já não tiveram o selo de perigo que antes tiveram. E o resultado de 1-2 ficou como definitivo”.

A lista completa de jogos da viagem e suas escalações se encontra disponível nessa página. Eis as das vitórias mais recordadas daquela viagem: no jogo do dia 1º, Juan Bottaso, Oscar Tarrío, Evaristo Delovo; Silvestre Conti, Pedro Chalú, Antonio Belli; Leonardo Sandoval, Juan Arrillaga, Jesús Díaz, Atilio Demaría e Ismael Morgada venceram Rafael Vidal, José Torregrosa, José Ochandiano; Antonio Bonet, Antoñito, José Peña; Jaime Lazcano, Eugenio, Manuel Gurruchaga, José Galé e Luis Olaso. E no de 90 anos atrás Felipe Scarponi, Tarrío, Delovo; Chalú, Minella, Belli; Miguel Curell, Arrillaga, Díaz, Demaría e Morgada bateram Jaume Uriach, Ramón Zabalo, Enric Mas; Joan Font, Joan Ramon, Patrici Arnau; Vicenç Piera, Carles Bestit, Ángel Arocha, Manuel Garcia e Manuel Parera (em negrito, os que voltaram da seleção catalã).

https://twitter.com/CulturaMuseoCGE/status/1340300355104595973

 

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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