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Irmãos Funes Mori, primeiros gêmeos na seleção após mais de cem anos

Funes Mori
O atacante Rogelio, anos atrás, e o zagueiro Ramiro, hoje, pela Argentina

O zagueiro Ramiro Funes Mori estreou neste sábado pela seleção principal, contra El Salvador, cerca de dois anos e meio após seu gêmeo Rogelio, atacante, entrar no decorrer da partida contra o Brasil em Goiânia pelo Superclássico das Américas. Apesar de contestados, ambos conseguiram estrear pela Argentina. Apenas outra pareja de gêmeos vivenciou o mesmo, nos primórdios da seleção.

Os Barros Schelotto, talvez os gêmeos mais famosos do futebol argentino, até conseguiram defender a Albiceleste, mas só as seleções de base tiveram ambos – na principal, apenas o atacante Guillermo conseguiu chances, o volante Gustavo não. Além da atual dupla técnica do Lanús, a elite profissional argentina já teve outros dois casos de gêmeos juntos: Alfredo e Celestino Martínez, no Independiente dos anos 30, e Carlos e Juan Guillermo, do Estudiantes de Buenos Aires em 1978. Celestino, que passaria pelo Fluminense, foi outro a ser aproveitado na seleção, vencendo a Copa América de 1937.

Daniel Bertoni, autor do último gol da Copa de 1978, também tem um irmão gêmeo, Carlos, que até tentou o futebol também: “era marcador de ponta, pegava lindo. Tinha problemas de asma, não podia jogar muito”, explicou Daniel. Outro Mellizo na seleção foi o ponta-direita René Alderete, que atuou uma vez, em 1975 – atuando na mesma partida, curiosamente, com Antonio Alderete, o outro ponta e com quem não tinha parentesco. Foi em jogo onde o técnico César Menotti, apostando em cheio no futebol do interior, usou jogadores de lá: René era do Atlético de Tucumán e Antonio, do Talleres de Córdoba.

Os antecessores dos Funes Mori foram de um tempo tão distante que a seleção sequer usava ainda camisa alviceleste, só adotada em 1908. Ela ainda era marcada maciçamente pela pioneira comunidade britânica, na qual se incluíam: tratavam-se de Juan José e Eugenio Moore, que atuavam no flanco direito do ataque – Eugenio na ponta, Juan José no meio.

Moore
O Alumni, grande potência do início do século XX. Juan José é o segundo sentado e Eugenio Moore, o último

Juan José estreou nos 6-0 sobre o Uruguai em 1902, no que seria o primeiro jogo da seleção, onde ironicamente ela e não o rival é que se vestiu de camisa celeste. Segundo alguns historiadores, foi ele o capitão, enquanto outros apontam que o posto seria de James Oswald Anderson. O jogo seguinte, novamente contra o Uruguai, ocorreu em 1903. Eugenio estreou nesta partida, derrota por 3-2. Foi seu único jogo pela Argentina e atuou ao lado do gêmeo. Foi a partida mais “familiar” da seleção, pois outros irmãos (Carlos, Ernesto e Jorge Brown) também estiveram em campo. Saiba mais.

Juan José Moore ainda atuou mais uma vez, no terceiro clássico platino (e no primeiro empate), um 0-0 em 1905. Ele e Eugenio Moore eram jogadores do grande time argentino da época, o Alumni, dez vezes campeão argentino entre 1900 até abandonar o futebol, em 1913 – até hoje, os únicos a ultrapassa-lo foram exatamente “os cinco grandes”, Boca, River, Racing, Independiente e San Lorenzo. Os Moore tinham um irmão mais velho, Tomás, que jogaria em 1903 mas acabou impedido por uma doença.

Os Moore estavam entre os jogadores do Alumni incorporados do Lobos Athletic, time da comunidade irlandesa sensação no fim do século XIX mas que foi banido da federação a pedido de outros clubes em razão da longa distância da Grande Buenos Aires até o município de Lobos. Seguem sendo os únicos mellizos a atuarem pela seleção argentina principal em uma mesma partida.

Já os Funes Mori também encerraram cinco anos sem um novo par de irmãos na seleção. A última vez havia sido em 2010, com os Burdisso, quando Guillermo, irmão de Nicolás, foi testado – até marcou gol, em um 3-2 na Costa Rica, mas não foi retomado. Ao todo, diversos foram os grupos fraternos que defenderam a Argentina, com destaque aos Evaristo e aos Milito, que conseguiram cada um irem a Copas do Mundo, além dos cinco Brown. Já abordamos eles e todos os outros entre os links abaixo:

Familiares na Seleção Argentina, parte 1: os Brown

Familiares na Seleção Argentina, parte 2: os Solari

Familiares na Seleção Argentina, parte 3: Irmãos (I)

Familiares na Seleção Argentina, parte 4: Irmãos (II)

Familiares na Seleção Argentina, parte 5: Irmãos (III)

Familiares na Seleção Argentina, parte 6: Irmãos (IV)

Funes Mori 2
Os Funes Mori estrearam pela seleção como jogadores do River

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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