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Jornalista perde a paciência com Téo Gutiérrez no empate do River com o Juan Aurich

Téo Gutiérrez carimba as redes apenas com socos e tapinhas
Téo Gutiérrez carimba as redes apenas com socos e tapinhas

Tradicional na Argentina a torcida de alguns cronistas esportivos a times de futebol e a publicidade disso, sem os problemas que muitas vezes ocorrem por aqui. Sintoma disso foi a reação de Atilio Costa Febre, após o decepcionante empate do River com o Juan Aurich, do Peru. Febre não se conformou com o resultado e não poupou críticas severas a Téo Gutiérrez. Questionou o prêmio que o atacante cafetero ganhou, em 2014; fez menção ao fato de que ele não decide mais os jogos e, inclusive, confessou sua decepção de tal forma, que o microfone da Fox Sports da Argentina pareceu mais uma sessão de psicanálise.

Em parte, a loucura de alguns torcedores do River vem da estranheza quanto à campanha da equipe na atual edição da Libertadores. Com efeito, o Millo está em um dos grupos teoricamente mais fáceis do torneio, o grupo VI, com Tigres, Juan Aurich e San José, de Oruro. Em alguns momentos, o time joga mal e não assusta seus rivais; noutros, joga bem, mas não consegue colocar a pelota no arco dos rivais. Esta segunda situação foi bem a que ocorreu ontem, no Monumental de Núñez. O Millo foi anfitrião para o Juan Aurich, do Peru, e não saiu do empate em um gol. Pior que isso, levou a igualdade aos 44′ do segundo tempo.

Isto foi demais para Atilio Costa Fabre, conhecido hincha millonario e que esteve na narração do jogo de ontem. E se a equipe foi mal, para Fabre, o símbolo disso foi a atuação de Téo Gutiérrez. O atacante colombiano perdeu várias chances claras de carimbar as redes e revoltou o cronista. Tanto de forma irônica quanto diretamente, Fabre questionou não só o desempenho de “el Pistolero” do River como também o prêmio de “melhor das Américas”, que o atacante ganhou em 2014. Além disso, o narrador chegou a associar certo fracasso de sua carreira ao ter de testemunhar o momento do clube de seu coração. Chega a ser hilário e comovente, ao mesmo tempo.

O fato é que ninguém entende bem o que acontece no River. Estamos apurando, mas, por hora, temos somente especulações sobre o caso. De uma hora a outra desapareceu o futebol elegante do ano passado. As más-línguas dizem que isto começou com a acachapante goleada de 5×0 que a equipe sofreu do Boca, em amistoso, no começo do ano. O fato é que de lá para cá, nada dá certo. Mesmo no “fraco” grupo VI, a equipe de Bajo Belgrano não consegue decolar. Pior que isso, divide a lanterna com o San José, time que obteve sua única vitória justamente em cima do River, na primeira rodada.

O Tigres, do México, folga no grupo, com nove pontos, seguido pelo Juan Aurich, com 5. E se o último jogo do Millo será justamente contra o San José, no Monumental, o próximo será em Nuevo León, no México e contra o líder Tigres, uma das melhores equipes da atual edição da Libertadores de América. Ao fim desta rodada, a penúltima do grupo, o Millo pode se despedir da competição, caso empate ou perca do Tigres, e o Aurich vença o San José, em Oruro. Veja o vídeo com o resumo do jogo e acompanhe as reações de Febre com Teo e sua equipe; repare que mesmo depois do jogo, o narrador da Fox Sports argentina segue criticando o seu time. O detalhe é que mesmo ao fim da partida, a torcida millonaria mantém seu apoio irrestrito ao time do coração.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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