Conheça os outros nove argentinos que fizeram mais gols que Messi em ligas nacionais
Messi enfim se apossou do recorde de artilharia do Espanholzão, marca que era há mais de meio século de Telmo Zarra, figura da seleção espanhola quarta colocada na Copa de 1950 – até 2010, a melhor participação da Furia. Com três gols no Sevilla, uma de suas maiores vítimas, o argentino superou em dois gols os números do basco. Reúne 253 gritos em só 289 jogos. Ainda está atrás de outros hermanos, conforme antecipamos (e prometemos exibir) há meses neste outro Especial, mas eles precisaram de muitos mais jogos. Com apenas 27 anos, La Pulga tem de tudo para a médio prazo reinar também em números absolutos. Confira quem (ainda) está à frente – você adivinharia o primeiro?
9) Diego Maradona, 259 gols: o próximo a ser ultrapassado por Lionel é nada menos que o maior nome do futebol argentino – outro dogma que pode ser contestado. Dieguito teve seus melhores números no Argentinos Jrs, clube pelo qual conquistou todas as suas cinco artilharias nos campeonatos argentinos, ainda um recorde: 116 em apenas 166 jogos por um clube minúsculo. Manteve boas médias também no Boca (28 em 40 jogos na primeira passagem) e no Barcelona (22 em 36). No Napoli, a média baixou para menos de meio gol por jogo (81 em 188), mas tratava-se do auge da já duríssima liga italiana, onde ele conseguiu sua sexta artilharia nacional, em 1987-88. Pena que de 1992 a 1997 só se teve outros doze gols, na decadência do astro por Sevilla, Newell’s e Boca.
8) Herminio Masantonio, 259 gols: colocamos ele em oitavo porque sua média de gols é melhor que a de Maradona, que precisou de 491 jogos de liga contra os 369 de Masa. Masantonio é o maior artilheiro do Huracán, por onde brilhou dos anos 30 aos 40, época em que o Globo era visto indiscutivelmente como “sexto grande” do futebol argentino – oficialmente, os grandes eram cinco (o rival San Lorenzo e Boca, River, Racing e Independiente). Ele tem até hoje a melhor média de gols na seleção argentina dentre os que jogaram por ela mais de dez vezes: fez 21 gols em apenas 19 jogos, dois deles em um 5-1 no Brasil em São Januário em 1939, a pior derrota brasileira em casa até a Copa 2014. No seu Huracán, foram 254 em 349; os outros 5 gols e 10 jogos foram já no ocaso, pelo Defensor uruguaio e pelo Banfield.
Atualização em 11-01-2015: Messi hoje se igualou aos dois acima, após marcar três nos 5-1 no Espanyol em 7-12-2014, dois no 5-0 no Córdoba em 20-12-2014 e um hoje nos 3-1 no Atlético de Madrid.
7) Oscar Más, 261 gols: um dos maiores ídolos do River. Ele é o segundo maior artilheiro do clube, com 219 gols em 425 jogos. Viveu os terríveis anos de jejum nos anos 60 e dessa época foi o único remanescente quando a quebra da seca de 18 anos veio, em 1975 – ele acabava de voltar do Real Madrid. Deixou seus golzinhos também no América de Cali do forte campeonato colombiano da época, já nos anos 80, e nas divisões inferiores, especialmente no Defensores de Belgrano. El Pinino também fez o gol do título argentino sobre o Brasil na primeira Copa Pelé, em 1987, espécie de mundial de veteranos que fez sucesso na época entre os brasileiros, então na seca mundialista de 1970-94.
Atualização em 18-01-2015: hoje Messi superou não só Maradona e Masantonio, mas também Más, ao marcar três vezes no Deportivo La Coruña. Agora soma 262 gols.
6) Juan Carlos Sánchez, 266 gols: a seleção boliviana, e não a italiana, é a que mais usou jogadores argentinos e Sánchez, talvez o nome menos valorizado dessa lista, foi um deles, nas eliminatórias à Copa 1986 – fez o gol do empate contra o Brasil no Morumbi, na primeira vez em que a Bolívia não perdeu fora de casa para os canarinhos. Começara no Gimnasia y Esgrima da fronteiriça província de Jujuy, extremo norte argentino, para desenvolver a carreira no país vizinho. Brilhou mais no Blooming, com 147 gols em 188 jogos. Além dos 266 gols no Bolivianão, tem o recorde de gols em um só jogo de Libertadores, com 6 nos 8-0 sobre o Deportivo Italia em 1985. Também fez um de honra nos 7-1 para o Flamengo no triangular-semifinal da Libertadores 1983.
Atualização em 15-02-2015: Messi superou hoje Sánchez após dois gols nos 6-0 no Elche em 24-01-2015, um nos 3-2 no Villarreal em 01-02-2015, um nos 5-2 no Athletic de Bilbao (se igualando ao “boliviano”) em 8-02-2015 e três hoje nos 5-0 no Levante. Agora soma 269 gols.
5) Mario Kempes, 290 gols: El Matador está em qualquer lista dos cem maiores craques do século XX. Antes de ser o símbolo do título argentino de 1978, ele já havia brilhado por Instituto de Córdoba (11 gols em 13 jogos na estreia nacional do clube em 1973, onde mais perdeu que ganhou) e Rosario Central (85 em 107). As duas artilharias seguidas pelo Valencia, em 1977 e 1978, credenciaram-no para ser o único vindo do futebol estrangeiro para aquela Copa – eram outros tempos. Ali, totalizou 116 em 188 jogos da liga espanhola. Já no início do ocaso, foi relativamente bem no River, com 15 gols em 29 jogos em 1981, incluindo o do título nacional. Já lhe dedicamos um especial: clique aqui.
Atualização em 12 de dezembro de 2015: hoje Messi superou Kempes. Somou o 291º gol no 2-2 com o Deportivo La Coruña. Havia se igualado em 28 de novembro nos 4-0 sobre a Real Sociedad.
4) Ángel Labruna, 296 gols: é ele o maior artilheiro do River e argentino com mais gols na liga local (a dois do recordista, o paraguaio Arsenio Erico). O longevo Labruna defendeu o Millo dos anos 30 ao final dos anos 50 e somando-se passagens como jogador e técnico é o maior campeão no clube. É o maior ícone de um time repleto de semideuses e um dos principais jogadores da dourada geração ocultada pela Segunda Guerra Mundial. E o mais velho a jogar e marcar gol também pela seleção (2-1 na estreia de Pelé pelo Brasil, em pleno Maracanã, em 1957). Seus outros gols vieram no Rampla Jrs uruguaio. Também já dedicamos um especial a El Feo: clique aqui.
Atualização em 23 de janeiro de 2016: hoje Messi superou Labruna. Somou o 267º gol ao marcar o da vitória de virada por 2-1 sobre o Málaga, fora de casa. Havia se igualado no dia 17 ao abrir o marcador nos 6-0 sobre o Athletic de Bilbao.
3) Delio Onnis, 363 gols: ele nasceu na verdade na Itália, mas foi criado na Argentina, onde começou a carreira, no Almagro. Teve destaque no Gimnasia LP (53 gols em 95 jogos e campanha nacional semifinalista em 1970, só ocultada pelo sucesso muito maior do rival Estudiantes) antes de rumar à liga francesa, do qual é o maior artilheiro da história, com 299 gols por Stade de Reims, Monaco, Tours e Toulon. Pelos três últimos, foi artilheiro da Ligue 1. Em uma época em que o futebol estrangeiro mais dificultava que ajudava a ida e permanência na seleção argentina, jamais a defendeu.
2) Alfredo Di Stéfano, 376 gols: Messi já ultrapassou Di Stéfano na artilharia histórica do Espanholzão, por sinal com três gols em um 4-3 sobre o próprio Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu neste ano. Mas “A Flecha Loira” segue na frente ao somar-se também seus gols na Argentina (ótimos 59 em 91 jogos, por River e Huracán) e no Eldorado Colombiano, onde deixou 90 em 102 partidas pelo Millonarios. No Real Madrid, fez 216 (em 284 jogos) dos seus 227 gols em La Liga. Os outros onze vieram no fim da carreira, no Espanyol. Di Stéfano nos deixou neste ano e também lhe dedicamos Especial: clique aqui.
1) Carlos Bianchi, 393 gols: o sucesso estrondoso do Mr. Libertadores como técnico ofusca como ele foi um goleador espetacular. Se Labruna, o paraguaio Erico e Masantonio têm mais gols no Argentinão, é porque El Virrey “perdeu” oito anos na liga francesa (e o inverso também é verdadeiro): pelo seu Vélez Sarsfield, Bianchi totalizou 206 gols em apenas 324 jogos e esteve no primeiro título nacional do clube, em 1968, quando o Vélez estava longe do porte que viria a adquirir a partir dos anos 90 graças à passagem como treinador de seu maior goleador. A ida à França privou-o de Copas do Mundo. Substituiu com maestria no Reims a Onnis após este ir ao Monaco e deixou 115 gols em 142 jogos. Brilhou ainda no nascente Paris Saint-Germain, com 64 em 74. Como o “rival” Onnis, também foi cinco vezes artilheiro da Ligue 1, quatro delas seguidas. No Vélez, foi três vezes artilheiro do Argentinão: duas em 1970 e 1971 e após voltar, em 1981.
Bom, se Messi ainda perde nos números absolutos, ganha de todos acima nos relativos: tem índice de 0,87 gols por jogo. Quem mais se aproxima dele é outro mito, Di Stéfano, com 0,82. A missão desta nota não é contestar La Pulga, apenas exaltar fenômenos “humanos” – Messi é um ET. Vale dizer que ele também ultrapassou ontem outro hermano: Héctor Yazalde, que somou 252 gols na carreira e fora Messi é justamente o outro único argentino que já recebeu a Chuteira de Ouro por ser o maior artilheiro de uma liga europeia. E foi pelo Sporting Lisboa, há 40 anos. Também já dedicamos-lhe Especial: clique aqui.