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San Lorenzo a 24 horas do jogo mais importante da sua história de 106 anos

bauza.

O mundo parece louco pelos lados de Boedo. Polêmicas, confusão em torno de ingressos, orações, apreensão e sofrimento. Eis o contexto que envolve o San Lorenzo e principalmente sua fanática torcida. Não poderia ser diferente, já que a equipe de Boedo está a pouco mais de 24 horas do jogo mais importante de sua história. Trata-se da Final da Libertadores de América, contra o Nacional “Querido”, do Paraguai. Ciclón não terá mesmo Ignacio Piatti e o sangue charrúa de Cauteruccio entrará em campo para defender as cores azulgraná.

Contam poucas horas para o San Lorenzo entrar em campo e realizar a partida mais importante de sua história. O cenário é tão favorável que chega a assustar. Rival do Ciclón será o inexpressivo Nacional, do Paraguai, o “Querido”, como é conhecido o conjunto guarani, que jamais fizera uma campanha sequer mediana em algum torneio internacional. Além disso, o jogo será justamente no Nuevo Gasómetro, praça que pode consagrar o conjunto de Boedo, antes de ser trocada por outra: o “novo” Viejo Gasómetro, que será construído nas terras que abrigavam o maldito supermercado francês. A espera é angustiante, porém na mesma medida em que um anseio e um grito de alegria e felicidade vai se plantando na garganta de cada um dos fanáticos hinchas azulgranás.

O sentimento é confuso. O medo resiste em meio à expectativa: o medo do fracasso a um passo da glória. É que a hinchada cuerva se acostumou com a histórica tiração de sarro que sua equipe sofreu ao longo dos tempos. A expressão “Sem Libertadores” pode abandonar de vez o Ciclón, mas pode se consagrar definitivamente, se a equipe do Patón não conseguir passar pela “zebraça” paraguaia. O sentimento é de sonho próximo e possível, mas vizinho de um pesadelo que se esconde na penumbra. Ninguém sabe como é a cara desse pesadelo, mas todos desconfiam de que ela não é nada bonita.

A FIFA de fato não autorizou a participação de Ignácio Piatti, mesmo com a concordância e pedido de seu novo clube, o Montreal Impact, da MLS. Para o seu lugar, Bauza escolheu Cauteruccio, que vem de uma longa recuperação, após lesão nos ligamentos cruzados que o deixou por mais de 10 meses longe do futebol. “Cautegol” vai obrigar Romagnoli a recuar um pouco mais, já que Bauza decidiu manter Mauro Matos na formação titular. Gonzalo Verón, outro que também ficou por muitos meses na enfermaria de Boedo, fica no banco como a principal opção para o segundo tempo.

Outro que deve voltar é Mauro Cetto, que não esteve no jogo do Defensores del Chaco e que deve entrar no lugar de Fontanini. Desta forma, a formação cuerva para o encontro será composta por Sebastián Torrico; Julio Buffarini, Mauro Cetto, Santiago Gentiletti, Emmanuel Más; Héctor Villalba, Juan Mercier, Néstor Ortigoza, Leandro Romagnoli; Martín Cauteruccio e Mauro Matos.

Não foi somente pelos bons treinamentos que Romagnoli retornou à titularidade. Foi também pela sua decisão irrestrita de permanecer no Ciclón até o fim da Libertadores. “El Piphi” colocou em risco sua transferência para o Bahia para defender as cores de seu clube do coração até o fim. Foi o que ele precisava fazer para convencer Bauza de que estava arrependido pelas atitudes rebeldes da pré-temporada, quando da chegada do treinador ao clube de Boedo. Romagnoli sempre foi o símbolo de um San Lorenzo que nunca dava certo.

Sua presença na equipe, e com prestígio do técnico, também pode mudar com a conquista do caneco. Desta forma, “el Pipi” pode entrar para a história não como um fracassado, mas como um vencedor, que terá erguido a taça do mais importante título da longa história de 106 anos de vida do clube de Boedo.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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