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Com gol salvador, Riquelme começa sua era no Argentinos Juniors

Riquelme presenta na foto da equipe. Imagem histórica para a hinchada do Bicho da Paternal
Riquelme presente na foto da equipe. Imagem histórica para a hinchada do Bicho da Paternal

Jogo era apenas uma grande desculpa para a grande festa na Paternal. Era gente correndo nas ruas, era gente no esforço básico para entrar logo na cancha e pegar o melhor lugar possível para ver o desfile do rei. Esqueceram, contudo, de combinar com o conjunto da Ribera correntina. Time de Truillet atuou de forma gigante ao marcar bem e se arriscar de forma destemida no ataque. Em muitos momentos, mandou na partida. Isto aconteceu até pela maneira perfeita como engavetou Riquelme e o impediu de jogar. Porém, bastou uma única chance para que o ex-craque do Boca inaugurasse sua era no Bicho de forma positiva. Vejamos como foi.

O jogo era para festa até por que Riquelme estreava, mas quem foi à Paternal para ver o enganche, quase viu dois gols de Raymonda, o principal nome do jogo nos primeiros 45 minutos. E se fizesse o gol na segunda jogada, seria um golaço daqueles. E isto não aconteceu porque o melhor jogador do Bicho esteve justamente no arco: Adrián Gabbarini. Preocupado em atacar e marcar no meio, Cristián Álvarez deixava o corredor para o Boca Unidos atacar.

Seu jeito "chatinho" é uma de suas marcas. e ela aparece quando ele cobra a marcação da equipe
Seu jeito “chatinho” é uma de suas marcas. e ela aparece quando ele cobra a marcação da equipe

Porém, o lateral não era o único atleta do Bicho a falhar dentro da cancha. Ledesma parecia perdido e na dúvida se protegia a zaga ou se corria para o meio para compor a inconsistente ofensividade do Bicho. Nagüel era o pior de todos eles e Riquelme também fazia parte do time dos horríveis. Desta forma, o trabalho de construção de jogadas ficava centralizado em Gaspar Iñiguez, que claramente se sentia sobrecarregado e não dava conta do recado. Para piorar, pelo flanco direito, Reinaldo Lenis não oferecia a profundidade necessária que a equipe pedia. No setor, o nome do jogo era Leo Baroni, o capitão do conjunto da ribera correntina.

De forma que a imprecisão era a marca absoluta do perdido conjunto da Paternal. Passes errados a média e curta distâncias; arremates precipitados e pelota o tempo todo visitando a torcida em vez de buscar um outro endereço: o arco de Garavano. Natural, portanto, que os primeiros minutos de pressão dos locais logo foram sufocados pela eficiência defensiva do visitante.

Pouco a pouco os comandados de Carlos Truillet entenderam que poderiam tomar o destino do jogo em suas mãos. Exemplos disso foram as duas pelotas que Raymonda teve para guarda no arco de Gabbarini. A primeira foi aos 21 minutos. Sequer havia goleiro por perto. Raymonda chutou para fora de uma maneira que nem ele acreditou. Pior que isso, fo aos 45. Depois, o meia-atacante pegou a pelota no meio e driblou meio time do Bicho. Após penetrar na área arrematou forte para a boa intervenção do guardametas local.

Um pouco antes de entrar na disputa de bola com Dening e acertar cotovelada no rival, que só o árbitro não viu
Um pouco antes de entrar na disputa de bola com Dening e acertar cotovelada no rival, que só o árbitro não viu

Na segunda etapa, aquela história de sempre voltou: o Argentinos pressionava e dava sinais de que atormentaria a área da visita. Bastaram nove minutos e a situação era outra. Assim como no primeiro tempo, o Boca Unidos encontrou uma forma de abaixar o fogo do Bicho. Escobar se colava em Román e o impedia de ser criativo. Mesmo quando o enganche tentava fugir para o flanco esquerdo, Zapata o buscava de forma eficiente e intimidadora. Outro que seguia sem fazer nada era Gaspar Iñiguez. Com os dois melhores nomes da equipe sem protagonismo tudo indicava que o anfitrião não conseguiria nada no jogo.

Uma chance aqui e outra acolá. Só que o gol não saía, pois a imprecisão era grande principalmente da parte do Bicho. Porém, o seu volume de jogo foi aumentando, já que o conjunto de Truillet não conseguia mais reter a pelota no ataque e tampouco conseguia sair para os contras, como no primeiro tempo. Martín Zapata veio a campo, no Lugar de Nagüel; e Guerreiro, no de Ramírez. O efeito disso foi bom.

Enquanto o anfitrião ganhava certa consistência, com as alterações, o jogo do visitante ficava estranho. Para compensar a eficiência dos primeiros 45 minutos foi preciso que muita gente fosse para o ataque. Efeito disso foi visto tanto nas diversas chances de gol desperdiçadas quanto pelos espaços que o conjunto da Ribera passou a deixar para os comandados de Borghi. E aos 27 minutos, isto foi fatal. A bola foi perdida no ataque e sobrou nos pés de Iñiguez, no meio. A “jovem promessa” fez um lançamento primoroso para Román. O enganche matou a pelota já driblando o defensor rival. Sem tempo para reflexões, arrematou rasteiro no canto direito de Garavano. Era o gol que inaugurava a era Riquelme no Bicho. Veja:

Depois disso, os espaços foram ainda mais cedidos para o Bicho. Após cobrança de córner de Román, quase Guerreiro se antecipou e fez o segundo. Enquanto isso, Gabbarini seguia a salvar a equipe da ofensividade irrefletida do rival. Essa peleja seguiu nesse andamento até o apito final do árbitro Mário Migliano. Em jogo fraco e sem criatividade da equipe local, Juan Román Riquelme, que também não atuou bem, salvou o Argentinos da derrota. De uma forma ou de outra, começou a era de Riquelme no Bicho. E ela foi positiva.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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