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Conheça os argentinos que jogaram em outras seleções em Copas do Mundo

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O ítalo-argentino Gabriel Paletta contra outro naturalizado da Copa, o hispano-brasileiro Diego Costa

A seleção italiana é repleta de argentinos na sua história. Para a Copa 2014, mesmo não chamando o atacante juventino Pablo Osvaldo, não foi diferente: o zagueiro Gabriel Paletta, de um Parma novamente emergente, foi confirmado por Cesare Prandelli na Squadra Azzurra. Este mundial terá ainda Jorge Sampaoli treinando o Chile e José Pekerman (técnico da Argentina em 2006), a Colômbia. Há ainda o caso do goleiro uruguaio Fernando Muslera, que só por acaso nasceu em Buenos Aires. Vamos então lembrar outros hermanos de outras seleções na história das Copas.

Já em 1930 havia um argentino em outra seleção: o Paraguai foi treinado por José Laguna, fundador e primeiro presidente do Huracán e que posteriormente se radicou no país vizinho – como jogador, esteve pela Argentina na primeira Copa América, em 1916, marcando no 1-1 com o Brasil após ir ao jogo originalmente como espectador e ser chamado nas tribunas para jogar por conta da ausência do titular (!). Os guaranis perderam para os EUA a única vaga do grupo.

Em 1934, a campeã Itália estava repleta de oriundi, descendentes de italianos nascidos em outros países, dentre eles o primeiro brasileiro campeão do mundo, Filó, e também os primeiros argentinos: Luis Monti, Atilio Demaría (que haviam sido vices na Copa 1930 pela Albiceleste), Enrique Guaita e Raimundo Orsi, que fez o gol de empate na vitoriosa virada de 2-1 na final contra a Tchecoslováquia, também jogaram. Renato Cesarini, italiano crescido na Argentina, não, mas ele também recebeu medalha de campeão. Monti, Orsi e Cesarini fizeram história na Juventus: falamos aqui.

Em 1950, o Uruguai foi campeão com quase todo o ataque do Peñarol, que venceu de forma invicta o Uruguaião de 1949 com dois argentinos no quinteto ofensivo formado com Schiaffino, Míguez e Ghiggia. Só um deles já residia há tempo suficiente no país vizinho para obter a cidadania antes da Copa: o ponta Ernesto Vidal, que na realidade nascera na Itália, mas foi criado na Argentina.

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Os campeões Monti, Guaita, Orsi (todos pela Itália em 1934) e Vidal (Uruguai em 1950)

Vidal foi titular em quase toda a Copa, mas uma lesão o tirou do Maracanazo, com Rubén Morán ocupando seu lugar. A estreia da Celeste no Brasil foi contra a Bolívia, surrada por 8-0. Mais até que a Itália, é a Bolívia a seleção que mais usou argentinos na história (30 de La Verde contra 23 azzurri) e naquela goleada Vidal marcou um no time do atacante Roberto Capparelli e do defensor Antonio Greco. Para a Copa 1954, o outro argentino do Peñarol já podia defender o Uruguai: Juan Hohberg.

Uma lesão tirou Hohberg dos primeiros jogos, mas voltou a tempo de atuar na semifinal contra a poderosa Hungria e quase fazer história em um dos jogos tidos como dos mais emocionantes da história das Copas. Os mágicos magiares abriram 2-0. Mas o cordobês fez no fim os dois gols do empate, chegando a desmaiar de emoção após o segundo e por instantes até perdeu o pulso. Na prorrogação, ainda acertou a trave, mas a Hungria venceu por 4-2. Ele também treinou a Celeste quarta colocada na Copa 1970, a última em que a Argentina ficou de fora (a única por eliminação em campo). Clique aqui para lembrar outros argentinos de história no Peñarol como ele e Vidal.

Para muitos o maior jogador da história, Alfredo Di Stéfano foi veterano pela Espanha à Copa 1962, mas uma lesão o impediu de jogar pela seleção treinada por Helenio Herrera que, a bem da verdade, era argentino só de nascimento: filho de espanhóis, criou-se no Marrocos, adotou cidadania francesa (jogou pelo Bleus inclusive) e em sua autobiografia sua Argentina natal só mereceu um único parágrafo. No mesmo mundial, a Itália veio com Omar Sívori e Humberto Maschio.

Sívori, apontado pelos mais empolgados como o Maradona da época, e Maschio foram campeões pela Argentina na Copa América 1957, indo em seguida ao calcio. A ausência deles na Copa 1958 é apontada como um dos fatores para a queda precoce da Albiceleste na Suécia. Mas no Chile eles foram incapazes de sair da primeira fase com a Squadra Azzurra. Nem a Colômbia, treinada pelo lendário ex-atacante Adolfo Pedernera, apesar do mérito de fazer quatro gols no soviético Yashin.

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O desmaiado Hohberg atendido após empatar contra a Hungria em 1954 pelo Uruguai. Di Stéfano, Maschio & Sívori e De Bourgoing jogaram antes pela Argentina antes de defenderem Espanha, Itália e França

Em 1966, foi a França que teve dois argentinos: outro campeão na Copa América 1957, o ponta Héctor de Bourgoing (falamos dele aqui), e o atacante Néstor Combín. Também encalharam na primeira fase. Ela e a Espanha só voltariam a Copas na de 1978. E a classificação da Furia ao mundial da Argentina veio graças ao gol de um hermano: Rubén Cano, grande ídolo do Atlético de Madrid, fez o gol da vitória em plena Belgrado sobre a concorrente Iugoslávia. Ainda no nanico Atlanta, chegou a jogar antes pela Argentina em amistoso pré-Copa 1974, mas foi não-oficial (levou de 3-0 da seleção rosarina: veja aqui) e ele terminou não convocado à Alemanha Ocidental.

Mais célebre que Cano ficou outro argentino naturalizado em 1978: o goleiro Ramón Quiroga, do Peru, até hoje acusado de ter entregado para o país natal a vaga na final ao levar meia dúzia de gols, eliminando por tabela o Brasil. Quiroga também esteve na de 1982. Já o isentamos neste outro Especial. Vale ressaltar que, na época, a própria revista brasileira Placar inocentou o goleiro dos gols que tomou: clique aqui e veja. Na Copa seguinte, em 1986, o Paraguai teve Jorge Amado Nunes.

Em 1994, a Bolívia jogou a Copa pela última vez, na única em que se classificou em campo (não jogou eliminatórias em 1930 e 1950). Aquela boa geração tinha de argentinos o goleiro Carlos Trucco e os defensores Gustavo Quinteros e Luis Cristaldo, todos naquele jogo em que o Brasil perdeu pela primeira vez nas eliminatórias. Cristaldo é aquele que levou soco de Edmundo na final da Copa América 1997. Outra seleção que voltava depois de tempos era a Suíça, que tinha Néstor Subiat. Já a Arábia Saudita estreava e, treinada por Jorge Solari, avançou de fase pela única vez. Solari foi indicado aos sauditas pelo próprio presidente argentino na época, Carlos Menem, que tem origens árabes.

Em 1998, a decepcionante Espanha tinha Juan Antonio Pizzi dentre seus atacantes. Pizzi treinou o San Lorenzo campeão ano passado e na época estava no Barcelona. Ele chegou a jogar contra a Argentina e marcar gol nela. Adotou a Furia após ser constantemente esquecido nas convocações da Albiceleste apesar da boa fase por Barça e, antes, Tenerife. Muito melhor foi David Trezeguet, campeão pela França embora reserva. Ele é filho de argentinos, cresceu em Buenos Aires e só no fim da adolescência voltou à terra natal (contamos isso aqui). Foi titular nas Copas de 2002 e 2006.

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O crucificado “peruano” Quiroga. Quinteros, Trucco (ambos em pé) e Cristaldo (loiro) pela Bolívia em 1994. Pizzi pela Espanha em 1998. E Trezeguet comemorando com adereço alviceleste o título pela França sobre o Brasil em 1998

Assim como Trezeguet, outro argentino jogou as Copas de 1998, 2002 e 2006 por outra seleção: o volante Roberto Acuña, pelo Paraguai, que em 1998 enfrentou a Espanha de Pizzi e a França de Trezegol tendo também Ricardo Rojas. Mais constantes que os paraguaios ultimamente estão os EUA, desde 1990 em todas as Copas. Alguns ícones da evolução do soccer foram o zagueiro Marcelo Balboa e o meia Claudio Reyna, filhos de argentinos. Já o defensor Pablo Mastroeni realmente nasceu na Argentina e jogou pelos ianques as Copas 2002 (a melhor deles desde 1930) e 2006.

O vizinho e rival México também teve os seus nessas: em 2002, os colegas de Gabriel Caballero foram eliminados pelos de Mastroeni em clássico nas oitavas. Em 2006, foi a vez do volante Guillermo Franco, campeão com o San Lorenzo sobre o Flamengo na Mercosul 2001 (clique aqui). O técnico de La Tri era Ricardo Lavolpe, goleiro campeão em 1978 na reserva de Fillol. Franco também esteve na de 2010 e em ambas enfrentou e perdeu para a Argentina nas oitavas-de-final.

A Copa 2006, além de Franco e de Mastroeni, teve ainda outros argentinos naturalizados. Um, o lateral Mariano Pernía, convocado às pressas pela Espanha após o corte de Asier del Horno. Era filho de Vicente Pernía, ídolo do Boca e que quase foi à Copa 1978 pela Argentina. O outro foi o volante Mauro Camoranesi, campeão pela Itália sobre a França de Trezeguet, que por sua vez havia eliminado a Espanha de Pernía. Camoranesi também foi à Copa 2010.

Na Copa 2010, duas seleções sul-americanas que não a Argentina eram treinadas por hermanos e brigaram entre si para convocar outro: o Chile do técnico Marcelo Bielsa levou o meia Matías Fernández e também queria o atacante Lucas Barrios, que pelo Colo Colo fora o maior artilheiro do mundo em 2008 (37 gols) e brilhava no Borussia Dortmund. Mas Barrios acabou escolhendo o Paraguai (país da mãe), como solução de emergência para suprir a trágica ausência de Cabañas.

Treinado pelo agora ex-Barcelona Gerardo Martino, Barrios teve a companhia ainda de Jonathan Santana e Néstor Ortigoza, hoje no San Lorenzo. Eles enfrentaram a Itália de Camoranesi na fase de grupos. Já o Uruguai teve o mencionado goleiro Fernando Muslera, filho de uruguaios que nasceu em Buenos Aires e logo foi viver na terra dos pais. Enfrentou o México de Franco na primeira fase e está de volta para a Copa 2014 (enfrentará Paletta). Nela, Jorge Sampaoli chegou a incluir Gonzalo Canales e Pablo Hernández na pré-lista da seleção chilena, mas não os confirmou nos 23 finais. Matías Fernández também esteve nela, mas uma lesão o impediu de ir a mais um mundial.

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Acuña, com três Copas pelo Paraguai. Camoranesi, titular da última vencida pela Itália. Franco enfrentando pelo México a Argentina em 2010 (também fez isso em 2006). E Fernández pelo Chile em 2010

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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