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Nueva Chicago vence a terceirona

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Verdinegros tomam o bairro de Mataderos após o 1-0 fora de casa

Reconhecido como um dos clubes de mais cojones no futebol argentino e dos mais charmosos entre os nanicos, ontem o verdinegro do bairro portenho de Mataderos voltou uma vez mais à 2ª divisão. Dessa vez, com um sabor especial: o lado bom da nefasta (e quando não é?) virada de mesa já aprovada para o segundo semestre com vistas a um campeonato de elite com trinta clubes no ano que vem é possibilitar que o Torito se catapulte ainda neste ano também à 1ª divisão, seu lugar de direito; no resto do ano, haverá um torneio promocional que dará acesso a dez clubes à elite 2015.

Com uma rodada de antecedência, a taça e o acesso à segunda divisão se garantiram com vitória fora de casa pelo placar mínimo sobre o Colegiales, enquanto o maior perseguidor, o Temperley, ficou no 0-0 em casa com o Almagro. Um empate duplo a essa altura para líder e vice-líder já garantiria o título para os de Mataderos, bairro com trejeitos orgulhosamente gauchos situado nos limites sudoestes de Buenos Aires. Cumprindo a sua parte, o Chicago abriu 7 pontos de vantagem.

O início da campanha, se foi invicto, não colocou logo o Chicago lá em cima: foram seis empates e quatro vitórias nas dez primeiras rodadas. Mas o primeiro revés só apareceu na 14ª, um 3-2 em casa para o Almagro, seguida de outra, um 1-0 para o Chacarita. O time ainda perdeu outras duas vezes antes da vigésima rodada (dois 1-0 fora de casa, para Fénix e Tristán Suárez), que marcou seu ponto de embalo: foram oito vitórias seguidas a partir dali.

Uma nova derrota só viria na reta final, na 36ª rodada, novamente para o Chacarita, 3-1. O embalo coroou o trabalho do técnico Pablo Guede, originalmente interino após a saída de Mario Finarolli. Guede que estreou justo com duas derrotas, para o Chacarita pela Copa Argentina e aquela para o Tristán. Mas se manteve exatamente depois de vitória sobre o Colegiales, mas no primeiro turno. E coordenou à beira do gramado uma invencibilidade de 14 jogos, sendo 13 deles vitórias.

Ainda houve mais um revés, justo para o Temperley na 39ª, só a segunda derrota no ano de 2014. Nada que assustasse muito, pois antes da partida a vantagem verdinegra estava em dez pontos que dificilmente seriam superados nas outras três que restavam para o fim. Boa regularidade foi mesmo a marca em Mataderos: oito de suas vitórias foram por 1-0, como a de ontem. Quatro, por 2-1. A vitória mais elástica foi a única sua com três gols por diferença, um 3-0 no Fénix na 38ª rodada.

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“Gomito” Gómez e a comemoração do seu gol: artilheiro de 39 anos e símbolo verdinegro

Foram 42 gols: se o Torito não marcar no próximo e último jogo, terá sido simplesmente só um gol por partida. O campeão tem só o terceiro melhor ataque, abaixo dos 52 gols já feitos pelo segundo Temperley e dos 53 do quarto Platense. A relativa anemia goleadora foi compensada pela ótima defesa. A derrota mais elástica foi aquele 3-1 para o Chacarita. Para “Muricy Trabalho” algum pôr defeito, o campeão foi o mais vitorioso (vinte) e o menos vazado do torneio, só 22 vezes até aqui, possibilitando-lhe ter o melhor saldo de gols, 20. O do Temperley, por exemplo, foi de 13. O do Platense foi de 15.

O campeão ainda suportou desgaste de rodadas espremidas pela necessidade da temporada acabar mais cedo em ano de Copa. Tauber; Scifo, Escudero, Lanaro, Sáinz; Bochi, Farías, Christian Gómez; Melo, Montenegro e Francou foram os onze titulares ontem, reforçados por Monllor, Coronel, Mussón, Fattori, Barbona, Baldunciel e Acosta no banco. A vitória não poderia ser mais simbólica para um time como o Chicago. Embora conquistada sob o sol, foi em um campo ainda pesado desde a véspera pela chuva que caíra e pouco secada nesse outono-para-inverno na Argentina.

E, talvez mais do que isso: quem assinalou o gol do título foi o eterno ídolo Christian Gomito Gómez. Um monstro de 39 anos que deve logo se aposentar. Estreou profissionalmente neste mesmo Chicago há mais de vinte anos, em 1991, ficando até 1996. Voltou em 2001 em temporada que repôs o bairro de Mataderos na elite argentina. Após vitoriosa passagem pelos EUA, vencendo pelo DC United a MLS de 2004 e eleito o melhor jogador em 2006, voltou ao verdinegro em 2011, com o time na terceirona desde 2008. Provou sua estrela já ali: o Torito conseguiu o acesso, mas logo voltou a cair.

Gómez até com sangue no joelho jogou, mas conservando a velha técnica: o gol do título foi em cobrança de falta no ângulo. Além de não fazer “só” esse, Gómez foi também o artilheiro do campeão, com dez gols. Nas palavras do Clarín, em referência aos torcedores molhados pelo champanhe derramado sobre eles pelo craque-símbolo já nos festejos no bairro, “poderiam entregar-lhe uma irmã, convidar-lhe a mil churrascos ou votá-lo em uma eleição. Porque Gomito, como eles, é Mataderos”.

O campeão, claro, não pode se resumir a um só jogador. Andrés Lobo Montenegro foi o vice-artilheiro campeão com 8 gols. O goleiro Nicolás Tauber foi o menos vazado e ontem impediu um cabeceio mortal de Gonzalo Sosa aos 30 minutos. O garoto Alejandro Melo sofreu pênalti claríssimo que lhe rendeu um amarelo de um juiz que enxergou como simulação. Dedicação geral premiada aos gritos de “Soy de un bairro muy loco, se llama Mataderos” desde os vestiários visitantes, ao norte da Grande Buenos Aires, com ecos no extremo sudeste da Capital Federal para o Torito que foi e é um Torazo.

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Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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