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Tata Martino: “Não estou nem um pouco feliz com meu trabalho”

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Pouco antes de voltar a campo por mais um confronto por “La Liga”, Gerardo Martino chamou a imprensa para uma conversa. Foi espontâneo, autocrítico e verdadeiro, como é de seu costume. Deixou de lado as possíveis atenuantes ao seu mau momento no Barça e foi direto: “não estou nem um pouco feliz como meu trabalho no clube”. Vejamos um pouco a respeito.

Próximo jogo do Barcelona será amanhã, quando a equipe será anfitrião para o Athlétic Bilbao, pela 34ª rodada de La Liga. Contudo, na manhã de hoje, o técnico Gerardo Martino chamou a imprensa para uma espécie de desabafo e de autocrítica pública. Foi um pouco do que muitos na Catalunha gostaria de ouvir. Foi um ato de sinceridade e da velha integridade que sempre fez parte do Tata. Desnecessário dizer que em nenhum momento ele tentou associar a insuficiência de seu trabalho a fatores relacionados ao clube. Porém se o fizesse, não estaria equivocado.

“Não estou nem um pouco feliz com o meu trabalho”, relatou Martino. E continuou: “os resultados não tem acontecido e isto me deixa exposto. Não há como eu possa me defender, já que em nenhum momento eu conseguira resgatar algo de positivo no trabalho que realizei até aqui. Não estou satisfeito. O que é natural, pois quando os resultados não acontecem ninguém pode expressar satisfação”.

O elenco azulgraná

Quanto ao elenco, “tenho uma dívida com esses jogadores e tenho que dar uma cara para esse plantel. Para que um técnico continue a fazer seu trabalho, precisa demonstrar todas as suas qualidades”, afirmou o técnico argentino, dando a entender que, de sua parte, ele reconhece que não demonstrou, no clube atual, quase nada de suas qualidades como técnico de futebol.

Vale recordar que até agora nenhum jogador deu demostrações públicas de insatisfação com o técnico. Ao contrário disso, desde o capitão, Carles Puyol, passando por Xavi, Iniesta, até Lionel Messi, tem sido comum declarações de fidelidade do elenco ao trabalho do atual treinador. Ao que parece, isto ocorre também por algo no mínimo inusitado: enquanto dirigentes só querem salvar sua pele, se apegando às mais estapafúrdias perspectivas de solução, os jogadores entendem que Tata Martino precisa mudar o modelo de jogo do Barça. Por entenderem isto, ao contrário de dirigentes e até de vastos setores da imprensa espanhola, os atletas relutam em abandonar Gerardo Martino.

Futuro dentro ou fora do Barcelona

“Tenho que assumir a responsabilidade pelos últimos resultados negativos, mas não posso dizer nada sobre meu futuro”, afirmou Tata Martino. E está correto em se manter reticente sobre o assunto. O fato é que a direção do clube não sabe o que fazer e tem demonstrado traços pouco comuns de sua incompetência. Ao fritar o técnico atual, mostra que sua escolha pelo argentino não tinha a ver com o estilo de jogo ou a necessária mudança do modelo.

Ao sinalizar com esta necessidade, e tentar implementá-la, Martino pouco a pouco é abandonado pelos mesmos dirigentes que sinalizam com a chegada de Jürgen Klopp. Este último não tem definitivamente nada a ver com o Barça. E se é para mudar o modelo, o melhor seria justamente apoiar e legitimar o trabalho de alguém que por entender o estilo de jogo culé seria o comandante ideal para isso: Gerardo Martino.

Momento do plantel e de Messi

“O elenco está profundamente chateado e está difícil levantar-lhe o ânimo, porque as pancadas foram duras demais. São golpes que machucam e geram decepção. Vejo que precisamos fazer um esforço enorme para tirar força de algum lugar no dia-a-dia. Falo com o grupo diariamente e, por enquanto, ainda não personalizei esta abordagem. E o saldo da conversa é sempre a impressão de que continuaremos lutando pela Liga até o fim”.

“Fico surpreso com tantos comentários sobre o futuro de Messi. Não entendo a razão disso, assim como me parece incompreensível as críticas estranhas que ele recebe. Se joga mal é normal e as críticas deveriam se referir apenas a isto. Ele sempre as receberá numa boa. Porém, a intencionalidade obscura por trás de certos comentários parece afetar a todos e não seria diferente com ele. No momento, sinto que é necessário dimensionar melhor o momento dele.

Para tanto, convém o entendimento que circunstâncias atuam muitas vezes para que um atleta não jogue bem; algumas delas podem ser simples, mas têm o poder de agir no desempenho dentro de campo. O problema muitas vezes passa por isso e não pela falta de vontade de jogar e de se doar para a equipe. De qualquer forma, creio que Messi jogará no Barcelona até o final de sua carreira”, finalizou o comandante do banco de reservas culé.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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