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Em jogo maluco, Newell´s vence Nacional e líder do Grupo da Morte

Em noite estelar, o "Francês" saiu do banco para voltar a ser "Trezegol"
Em noite estelar, o “Francês” saiu do banco para voltar a ser “Trezegol”

Difícil prevê o que será de um jogo quando ele envolve a alma uruguaia. Nacional não tinha muito a fazer, já que entrava em campo já eliminado da competição. Mas jogava por sua dignidade. E quando se trata de enfrentar os bravos charrúas isso já basta. Num jogo movimentado, duríssimo, tenso e marcado por emoções diversas, o Newell´s soube buscar um resultado daqueles. Fez 4×2 no Bolso, que teve dois homens expulsos e Scotti atuando como guardametas nos 10 minutos finais. No fim, o alívio, a liderança momentânea do Grupo da Morte e a possibilidade de decidir sua classificação no Coloso, diante do Nacional de Medellín.

Expectativa era de um jogo sem-graça, em que o eliminado Bolso não se oporia ao forte jogo ofensivo do Newell´s. Só que o raciocínio desconsidera a tradição do bravo conjunto charrúa. E os primeiros minutos deixaram bem claro quais eram as pretensões da equipe de Pelusso: vencer a qualquer custo. Efeito disso foi que a equipe local tentava impor pressão a partir do meio-campo e cobrava da Lepra uma ótima performance no setor. E sem que o domínio das ações se definisse para um lado ou outro, Juan Cruz Mascia acertou um canhão de fora da área e abriu o marcado para o Bolso: 1×0, aos 11 minutos de partida.

O gol pareceu um golpe muito difícil de ser assimilado pelo conjunto leproso. Cedeu campo para o Nacional, que teve a chance de ampliar o placar. A trave salvou Guzmán, num ótimo tiro do sempre atento Juan Cruz Mascia. O jovem atacante continuava infernizando a defesa leprosa, que o marcava à distância e não colocava fé no seu poder de arrematar de longa distância.

O meio-campo do Newell´s tentava aplicar o mesmo abafa de sempre. Só que enquanto Bernardi era impecável na armação da equipe, Villalba e Banega falhavam. O primeiro não conseguia ser, na marcação, nem a sombra do ótimo Mateo, que segue contundido e dificilmente volta até o fim da competição. Já Banega comprometia a armação, pois não conseguia acompanhar a rápida movimentação do ataque do Bolso. Bernardi virava o jogo de um lado a outro, enquanto Banega quase não tocava na pelota. Esta situação ocorreu do começo ao fim do cotejo. E teve consequências severas para a proposta de Berti de fazer a Lepra assumir o domínio da partida.

Ainda assim, prevaleceu a qualidade leprosa, quando aos 21 minutos a pelota caiu no peito de Nico Castro. Num piscar de olhos e a matou e a colocou forte no arco de Jorge Bava: 1×1. E quando tudo indicava que este seria o placar do primeiro tempo, Mascia novamente acertou a trave de Guzmán e por muito pouco não fez o segundo para o Bolso.

No segundo tempo a história insistia em ser a mesma da primeira. A Lepra pretendia ser o dono do jogo, mas não conseguia ter facilidades nisso. Contudo a pelota girava rápido e confundia a marcação charrúa. Tanto foi assim que aos nove minutos, Marco Cárceres se aproveitou de uma bobeira defensiva charrúa e foi o nome do gol para o Newell´s: 2×1.

Finalmente Berti via, do banco, aquilo que seu time mais buscou em toda a partida: o domínio das ações ofensivas. O jogo do Newell´s rolava fácil e a peleja já era serena para o conjunto de Berti. Só que a garra uruguaia não dava respiro para os visitantes. Era um contragolpe atrás do outro. Num deles, aos 15, Heinze fez pênalti. Scotti cobrou com perfeição e igualou tudo novamente: 2×2.

Aproveitando-se da confusão do rival, o Bolso se fazia absoluto na cancha. Abria dois homens nos flancos e deixava o perigoso Juan Cruz Mascia centralizado e explorando a desatenção da marcação leprosa. Tudo ia bem até que Heinze saiu até o meio-campo para armar sua equipe. Rafael García não deixou. Agrediu de forma covarde ao defensor visitante e deixou o Bolso com um homem a menos em campo. Bastaram apenas dois minutos para o Newell´s tirar proveito disso. Em ótima trama de todo o ataque, a pelota foi dada de bandeja para Trezeguet guardar: 3×2 para o Newell´s, aos 29 minutos.

Com isso, o domínio leproso se ampliou no Centenário. Tudo bem que o perigo de um contragolpe seguia forte. Mas o volume de jogo do Newell´s se ampliava minuto a minuto. Aos 35, a transição para o ataque surpreendeu a defesa do Bolso e obrigou o porteiro Bava a sair do arco e fazer a falta. O Nacional ficava com nove homens em campo e com Scotti fazendo as vezes de guardametas.

Prova de que o jogo era perigosíssimo para o Newell´s foi que o conjunto local não se intimidou e partiu para cima da Lepra. Chegou perto de empatar o jogo por duas vezes. Sem entender o que se passava, o Newell´s era envolvido pela garra impressionante do Bolso. Só que quando se tem dois homens a menos o risco de se jogar no ataque não é dos menores. Num contragolpe rápido, a pelota foi alçada para Trezeguet. O “Francês” dominou e com categoria driblou o zagueiro e guardou a pelota no arco de Scotti: era o quarto gol do Newell´s. Gol da tranquilidade. Gol da vitória e da liderança do difícil Grupo da Morte.

Agora, basta torcer para um empate entre Medellín e Grêmio, na Colômbia. Independente disso acontecer ou não, importa mais para o Newell´s o fato de que a classificação pode ser obtida em casa, no Coloso Bielsa e sobre os cafeteros do Nacional de Medellín. Justamente a equipe que venceu a Lepra no Grupo VI. Foi na primeira rodada. E por causa daquela vitória que muitos deram Grêmio e Medellín como as duas principais forças do Grupo da Morte.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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