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Ledesma está fora do Boca

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Quatro jogadores restaram do ciclo Falcioni: Riquelme, Riveros, Orión e Ledesma. Portanto, faltam três para darem o fora da Casa Amarilla. Faltava. Pablo Ledesma está praticamente fora do Boca e deverá ser negociado à Europa, na próxima janela de transferências. Se algum clube brasileiro quiser, pode buscar agora, ao menos por empréstimo até o fim do ano. Só Riquelme vai ficar. Confusão ocorreu quando Ledesma andou falando demais e insinuou que Orión vazava informações à imprensa. Não importa se ele estava certo ou errado – e provavelmente estava certo. Importa que ele deu uma mãozinha-de-ouro ao projeto “Fora Falcioni e seus jogadores”. Riquelme sorri. Bianchi segue silencioso e assistindo ao circo pegar fogo. Vejamos a bagunça.

Fogo amigo no Boca não para. Todo mundo briga com todo mundo até que um ou dois jogadores deixam o clube e vão reforçar aos rivais. Somente Riquelme fica e todos acreditam que é apenas por sua identificação com o Boca; seu amor irrestrito, sua paixão. Problema maior é quando essas brigas começam a ficar públicas. Entendam uma coisa: elas acontecem direto, mas na sua maioria nas internas, sem que ninguém fique sabendo.

Chegou a hora, contudo, em que Riquelme discute com Falcioni e todo mundo fica sabendo. Um jogador vai à imprensa e praticamente acusa um de seus colegas de vazarem as infos à imprensa. O jogador ofendido vai lá e dá na cara do acusador, que fica com o olho inchado e se afasta das câmeras, dos treinamentos e dos jogos. E o técnico, onde está? Como sempre na dele. Fazendo de conta que nada está acontecendo. Fato é que Bianchi está louquinho para se desfazer de qualquer jogador de personalidade no clube. Este desejo é assim, hoje em dia, porque Bianchi não vive um bom momento e precisa de recrutas-zero em raciocínio e capacidade de criticar alguma coisa.

Bianchi é gênio, mas precisa se renovar. Ficou muito tempo fora do futebol e parece sentir medo até das comparações com Falcioni, quando se trata dos treinamentos que o antigo treinador oferecia ao elenco xeneize. E os jogadores percebem isso. E como os resultados não veem, a lógica é que eles associem o mau momento à qualidade dos dois técnicos. Isto está acontecendo. E a coisa não anda nada boa para o chefe do banco de reservas do Boca.

Então, todo dia aparecia uma nota na imprensa aludindo à dificuldade de Bianchi de trabalhar o grupo. Então, Ledesma apareceu para defender o técnico e para dizer que Orión possivelmente era o cara da que vazava as informações. Inocente Ledesma: levou uma surra de Orión sem que ninguém o defendesse. Esperou pela solidariedade do técnico e se deu conta de no seu silêncio Bianchi também o quer fora do Boca e está soltando fogos com sua atitude. E a paulada não ficou por aí, veja o que disseram os dirigentes:

“Ledesma é uma pessoa nociva para o grupo. Quer se fazer de protagonista e ele não é. Do Catania teve de se mandar porque dentro do grupo ninguém o suportava e o desejava por ali”, disse a eminente voz que vem da direção xeneize. E que revela o quanto o Boca precisa de um Upgrade institucional.

Após ingressar ao banco do Boca, Bianchi mandou embora até revelações do clube. Até Nico Blandi, utilizado por ele para desgastar Tanque Silva, foi mandado embora e começa a brilhar no Ciclón. Paredes, virtual substituto de Riquelme foi desprezado a ponto de ser emprestado quase de graça para o Chievo Verona. Difícil imaginar que Bianchi realmente não sofra com a insatisfação do elenco, após tantas coisas que saíram todos os dias na imprensa. Pior ainda é imaginar que ele realmente não aprecie a limpeza do elenco que antigamente servia a seu antecessor, Falcioni.

E a briga mesmo ocorre é entre Riquelme e Bianchi. O treinador pensa que utiliza o meia para ir limpando o elenco para ele. Enquanto isso, o único que ele parece devotar amor irrestrito é justamente Riquelme. Já o enganche esforça-se a cada dia para mandar embora todos aqueles que parecem ter algum espírito de liderança. Walter Ervitti, Santiago Silva, Matías Caruzzo e Leandro Somoza saíram do Boca por causa deles. Juan Manuel “el Burrito” Martínez é o próximo, pois se junta e apoia a um novo líder: Orión. Antes de se livrar do porteiro, o enganche precisa cuidar bem de seu rebanho de forma a que Rivero, Daniel Díaz Sánchez Miño e Acosta não mudem de lado, assim como insinuava Ledesma que o faria.

Vejam a nota de Riquelme após a surra de Orión em Ledesma: “Aos jornalista que publicam coisa vamos pedir que venham e que mostrem as mensagens de textos que algum jogador lhes enviou. Isto é para esclarecer as coisas. Esperamos no hotel e, se algum aparecer por aqui, nós já sabemos as medidas necessárias que vamos tomar: se ninguém aparecer por aqui, não falaremos com a imprensa até que termine o campeonato”. Para os desavisados, pode passar despercebido que a tática do enganche, com Bianchi a seu lado e como sempre silencioso, era a de triturar de vez ou Ledesma ou, principalmente, Orión.

E assim as coisas seguem na Casa Amarilla. Enquanto isso, o time joga aquela bolinha e segue capenga no Torneio Final. São três vitória, três derrotas e um empate. Está a quatro pontos do líder Colón e sem muitas expectativas em torno de levar o caneco. Tudo absolutamente dentro da normalidade, quando certos homens deixam de lado a instituição e se colocam acima dela. Uma direção séria do clube mandaria todo mundo embora: Riquelme, Orión, Bianchi e muitos outros.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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