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Apertura com toques de Clausura

Com exceção da falta ainda sentida pelo ausente futebol bonito do Huracan, essa 2ª rodada do Apertura lembrou muito tudo aquilo que foi visto no último Clausura. Um Velez Sarsfield engolindo a bola e os adversários com um futebol extremamente competente e de campeão. Um Estudiantes vencendo, apesar da desconfiança quanto a mentalidade em outro campeonato. E um River com uma defesa altamente falha, mas ganhando heróicamente em Nuñez.
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Infelizmente pros Pinchas, outra cena quase comum se repetiu no clássico platense contra o Gimnasia. Verón saiu de campo lesionado e se torna dúvida até mesmo para a seleção de Maradona. Mas a situação ainda mais corriqueira, pelo menos nos últimos 4 anos, fez a hinchada rojiblanca se entusiasmar outra vez, apesar da ausência do grande maestro.

Com gols de Boselli, Enzo Perez e Juan Salgueiro, brilhante substituto de La Gata Fernandez, o Estudiantes segue 100%. Verdade que o Mundial de Clubes ainda está longe, mas surpreende ver que o time de Alejandro Sabella já está sabendo administrar muito bem a ansiedade de seu grupo para que o foco seja mantido no presente. Tendo isso, a qualidade metódica do time pincha faz o resto.

Outro clube que não perdeu o nível de campeão até o momento é o Velez Sarsfield. O adversário não era dos mais fortes, coisa que o Arsenal também repete do Clausura, porém a força do futebol fortínero foi o mais fantástico na vitória por 3×1 em Liniers. Uma dose de jogo eficiente, a partir da criatividade do Enano Moralez, de um meio-campo implacável e de um Hernan López inspirado demais.

Muito melhor do que eu, Ricardo Gareca, treinador do Fortín, pode explicar melhor o que se passa com esse time ainda em alta. “O Vélez é sim um dos candidatos ao título, todavia é muito cedo para assegura-lo conosco de novo. Falta muito chão nesse Apertura ainda. Posso dizer que estamos no melhor caminho para repetir a glória”.

No mesmo caminho do Clausura também caminha o River Plate. Uma defesa confusa, um meio-campo sem brilho e um ataque mal-abastecido. Entretanto, o time de Gorosito manteve também uma característica notável: a capacidade de superar essas dificuldades na raça e vencer o adversário numa demonstração de heroísmo ímpar.

Coronel e Cabral continuaram do mesmo jeito, nao a toa sofreram 3 gols. Gallardo também não ajudou muito lá na frente. Mas, embalados na gana de seus pibes Villalba e Buonanotte, engrandecidos pela experiência de Ortega, em dia inspirado, os Millonários partiram para cima e conseguiram a virada por 4×3. Um lindo triunfo. Mas até quando o time de Gorosito terá de ser salvo por um jogador iluminado?

E no jogo mais esperado do fim de semana, alguns podem ver o único jogo destoante desa semelhança entre Apertura e Clausura, visto que o Boca Juniors não mostrou a qualidade de hoje no último semestre. Certo, mas errado. De fato, as exibições dos Xeneizes de Ischia eram sofríveis. No entanto, o duelo contra o Lanus tinha sido uma exceção, pois naquele dia o Boca foi quem pressionou melhor pela vitória, enquanto os Granates venceram na eficiencia de um contra-ataque.

Na revanche de hoje, no mesmo estádio de La Fortaleza, o time de Luis Zubeldía teve maior volume de jogo do que naquela ocasião. Contudo, numa análise geral, foi o Boca quem controlou mais as ações ofensívas, apesar de não ter Riquelme na armação. Insúa fez sua melhor partida desde que voltou e comandou o time a vitória por 2×1, com gols de Cáceres e Palermo.

Uma vitória que, assim como as do Fortín e dos Pinchas, dão moral extra numa luta futura pela volta olímpica. O que não descarta o Lanus, apesar da derrota em casa, ou mesmo outro time que possa se achar durante o campeonato. Fato é que o Clausura ainda parece não ter acabado, mesmo agora atendendo pelo nome de Torneo Apertura 2009.

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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