Primeira Divisão

Líder Newell´s fica no empate; Racing segue dando vexame

perez

O sábado de futebol do Torneio Final começou com a igualdade em um gol entre Newell´s Old Boys, então líder da competição, e um renovado Estudiantes. Pérez abriu o placar, para a Lepra, e Desábato empatou já nos descontos; ambos os gols no segundo tempo. Em Victoria, o Tigre foi batido pelo Quilmes por 1×0, com um gol contra de Paparatto, no fim da primeira etapa. Já na partida da noite, na Floresta, Battión foi o nome do gol que deu a vitória para o All Boys sobre um Racing despersonalizado e sem rumo. Liderança ainda é do Newell´s, mas ela pode ir para as mãos de Bicho ou Lobo, que ainda jogam na rodada.

Newell´s 1×1 Estudiantes

No Coloso Marcelo Bielsa a Lepra recebeu o Pincha e não saiu do empate em um gol. Placar de certa forma justo para o que fizeram as duas equipes. Só que se tivesse de haver um vencedor, este seria o conjunto da capital bonarense. Desde o princípio do encontro o equilíbrio foi uma de suas marcas. Como sempre, o Newell´s tentou a prática do abafa e foi para cima do rival. O conjunto de Pellegrino permaneceu em seu campo de defesa e pouco a pouco foi mostrando a sua cara no campo de ataque.

Com uma linha de três homens na defesa, que recebia a ajuda do meio campo para marcar, o Pincha soube se configurar para o contragolpe e por muito pouco não inaugura o placar ainda no primeiro tempo, em jogada rápida que começou na defesa e que teve o lado direito do campo como espaço para a sua trama. Diante da forte marcação, o jogo da Lepra não surtia efeito, pois parecia impossível transpor a defesa e a impressionante disposição tática do visitante. Assim foi que o primeiro tempo pouca coisa aconteceu.

Na segunda etapa, a Lepra voltou ligeiramente melhor e chegou ao gol logo aos oito minutos. Após grande jogada e lançamento de Bernardi, Pablo Pérez foi o nome de quem colocou a cabeça na bola para fazer abrir o marcado para o Newell´s. Só que bastou levar o gol para o Estudiantes retomar o controle da partida. O resumo então da sequência do jogo foi o Pincha jogando no campo de defesa de seu rival. Por mais que tentasse, o conjunto local não conseguia tramar jogadas do meio-campo para frente. Parte disso ocorria pelo excesso de erros de passes, o que é fato raro no atual campeão do Torneio Final. Parte disso também se devia a um flagrante cansaço físico da equipe; ao que Berti relacionou ao jogo do meio de semana contra o Lobo.

De tanto tentar o empate, o Pincha só chegou lá nos acréscimos da partida. Para tanto, precisou antes colocar em campo Patito Rodríguez. O ex-jogador do Santos simplesmente mudou o destino da partida. Com sua presença a equipe de Pellegrino ganhou uma profundidade difícil de ser brecada pela defensiva rojinegra.

E após dois bons lances, Patito fez a jogada que resultou no gol de cabeça do capitão Leandro Desábato. Eram contados 46 minutos de jogo. Por muito pouco, um minuto depois, o próprio Patito não vira o jogo para p Pincha. Com o resultado, o conjunto de La Plata chega a nove pontos. Já o Newell´s, com 12, segue na liderança, mas pode perdê-la para Argentinos ou Gimnasia, que ainda entram em campo pela quinta rodada.

Tigre 0x1 Quilmes

tigre - quilmes

Em Victoria, o Tigre foi derrotado pelo Quilmes, em jogo marcado por péssima arbitragem de Néstor Pitana. Logo no começo, após pressão cervecera à saída de bola do Matador, Perata teve a chance de abrir o placar. Isto só não aconteceu porque Garcia usou suas mãos para bloquear a passagem da pelota. Só que fora da área. A expulsão do porteiro local faz parte daquelas regras básicas do futebol que qualquer jogador estúpido e inocente conhece. Por causa disso, a confusão foi inevitável.

Só que quem tirou proveito do problema foi justamente os visitantes. Caneo esteve perto de marcar na cobrança de falta da jogada anterior. Foi por pouco. Quando a partida já ia para o intervalo, saiu o gol. Telechea fez brilhante jogada e tocou para Boghossian, que acertou o travessão de Garcia. No rebote, Zacaria tentou marcar, mas a pelota encontrou os pés de Paparatto, que marcou contra o arco de seu próprio goleiro: 1×0.

Na segunda etapa, bem que o Matador tentou empatar, mas não conseguiu canalizar a energia de sua torcida para dentro das quatro linhas. Bem fechado em seu campo de defesa, o Cervecero não ofereceu campo para o rival e levou um importante triunfo do Monumental de Victoria. Com a derrota, o Tigre estaciona nos quatro pontos, enquanto o Quilmes chega a nove.

All Boys 1×0 Racing

racing

Confusão. Esta é a palavra que define o Racing no cotejo contra o Albo. Enquanto o conjunto da Floresta foi um esplendor em termos táticos, o Racing foi um desastre. Isto graças às diversas modificações que o técnico interino Fábio Rodaelli fez na equipe. No papel, a Academia jogou com uma formação 3-4-3. Na prática, cinco ou seis jogadores compunham o meio-campo. Porém, nem de perto a preocupação era a de criar oportunidades de gol. A ideia básica era a de trancar a equipe a qualquer custo. Certo é que nenhum visitante tem facilidades na Floresta. Porém, a atitude do Racing dava a falsa ideia de que o embate era contra um dos melhores, senão o melhor time do futebol argentino.

Desta forma, não foi difícil a vida para o Albo. A filosofia de Falcioni consiste em defender sempre, antes de atacar. Isto até podia não ocorrer a todo momento, quando o treinador dirigia o Boca Juniors. Só que agora Falcioni dirige uma equipe modesta, assim como era o Banfiled, que ele levou a um inédito título local, anos atrás. Fácil então é concluir pela ausência de emoções dentro de campo. Disposto a ficar em seu campo de defesa, o Albo se deparou com um rival que também ficava todo encolhido diante da meta de Saja.

Contudo, se Zubeldía não deu jeito no Racing, ao menos tinha o mérito de não pecar pela ausência de ofensividade. Pois bem, a equipe dirigida por Rodaelli foi a campo para se defender só que sem saber muito bem como fazê-lo. Isto ficou evidenciado logo no início. Na segunda vez que o Albo chegou no ataque, a defesa do Racing marcou mal e de modo primário e amador. Em cobrança de córner, um time inteiro do Racing estava dentro da área, mas ninguém marcava Battión, que aparecia livre no setor direito da área. E foi lá que a pelota foi parar. O ex-jogador do Independiente ainda teve tempo de caminhar até o centro da área e arrematar sem que nenhum defensor fosse a seu encontro. Em resumo, foram vários erros primários em apenas uma jogada. Eram rodados 16 minutos de jogo.

Com reação-zero, o Racing assistiu ao Albo, que tranquilo, se arriscava um pouco mais ao ataque. E foi por muito pouco que Mauro Mattos não ampliou, ao acertar a trave de Saja. Na segunda etapa, o técnico tentou consertar algumas de suas bobagens. Uma delas foi a entrada de De Paul no lugar de Matías Cahais. A outra, foi a substituição de “Demónio” Hauche por Vietto. Sua equipe melhorou sensivelmente e até gerou algumas situações de perigo. Mas insuficientes para modificar o panorama da partida.

Relevante destacar que mesmo com certa evolução, com as alterações, o Racing não foi melhor que o Albo em nenhum momento da segunda etapa. Pode-se dizer que o equilíbrio entre as duas equipes foi a marca, com alternâncias de ações ofensivas de um e outro, embora as jogadas de gol com real perigo foram bem poucas. Com a primeira vitória na competição, a equipe de Falcioni chegou a seis pontos. Já o Racing, que já espera pelo trabalho de Ischia, segura a lanterna da competição com apenas um ponto ganho.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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