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O novo mapa da B Nacional

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Mais uma vez um gigante argentino se vê na principal divisão de acesso do futebol argentino. Com o Independiente na B Nacional, essa categoria volta a receber mais atenção que o normal. Entenda o mapa da segunda divisão argentina e os desafios muito específicos que o Rojo enfrentará para voltar à elite.

A B Nacional se diferencia da elite do futebol argentino por vários motivos. Um deles, naturalmente, é o fato de contar com clubes de menor expressão e títulos, além de menos recursos. Mas não só isso. Outra diferença importante é a participação muito mais pronunciada de clubes do interior do país. A B Nacional é muito mais “nacional” do que a divisão de elite, onde 14 das 20 equipes (70% do total) se localizam na cidade ou na província de Buenos Aires. Apenas outras 3 províncias estão representadas na primeira divisão: Santa Fé (Rosário Central, Newell’s Old Boys, Colón e Rafaela), Córdoba (Belgrano) e Mendoza (Godoy Cruz).

Por seu lado, na segunda divisão o interior dá um salto de 30% para 50% das equipes: 11 entre 22 participantes. Mais que isso, essas 11 agremiações representam 9 províncias distintas, sendo que a única região do país que está fora do torneio é o Sul, desde o descenso do Guillermo Brown em 2012. As províncias que estão no torneio, além de Buenos Aires (capital e província) são: Santa Fé (Unión), Córdoba (Talleres, Instituto e Sportivo Belgrano), Mendoza (Independiente Mendoza), San Juan (San Martín), Tucumán (Atletico), Jujuy (Gimnasia y Esgrima), Entre Rios (Patronato), Corrientes (Boca Unidos) e Misiones (Crucero del Norte).

Apenas duas equipes da capital federal disputarão a edição 2013/14 da B Nacional: Huracán e Ferro, duas agremiações com títulos nacionais no currículo. Há ainda seis clubes situados no entorno da capital (o chamado “conurbano portenho”), mas já na província de Buenos Aires: Almirante Brown, Banfield, Brown de Adrogué, Defensa y Justicia e Villa San Carlos, além do gigante Independiente. Fecham o torneio: Aldosivi, de Mar del Plata, Douglas Haig, de Pergamino, e o Sarmiento, de Junín, cidades da província de Buenos Aires, ainda que não no entorno da capital.

Tudo isso significa mais diversidade para o torneio, mas também mais viagens (algumas razoavelmente longas) para os participantes. Caso tivesse ficado na primeira divisão, o Independiente só sairia do entorno de Buenos Aires sete vezes nos próximos 12 meses: Rosário (300 km, em duas ocasiões), Santa Fé (470 km), Rafaela (550 km), Bahia Blanca (630 km) Córdoba (700 km) e Mendoza (1.150 km). No total, 8.200 km entre ida e volta em toda a temporada.

Ser rebaixado para a B Nacional significou também para o Independiente um significativo aumento de viagens. O Rojo viajará 14 vezes para o interior: Pergamino (230 km), Junín (270 km), Mar del Plata (400 km), Santa Fé (470 km), Paraná (480 km), San Francisco (580 km), Córdoba (700 km em duas ocasiões), Corrientes (950 km), Garupá (1.050 km), Mendoza (1.150 km), San Miguel de Tucumán (1.250 km), San Juan (1.330 km) e San Salvador de Jujuy (1.500 km). No total, somando idas e voltas, serão  22.120 km, 2,7 vezes mais do que viajaria caso tivesse se mantido na elite.

Em suma, a competição não é simples. Há quatro clubes com títulos nacionais de primeira divisão: Huracán, Ferro, Banfield e Independiente. Outros não possuem títulos, mas são acompanhados por grandes torcidas do interior ou são agremiações da capital com torcidas muito fiéis. Naturalmente são equipes que não tem nada parecido com o poder de fogo do Independiente para contratar jogadores de peso e movimentar multidões. O Rojo é favoritíssimo a abocanhar uma das 3 vagas para a elite na próxima temporada. Mas terá de trabalhar bem, pois a B Nacional não é um torneio simples.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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