Cartolas em campo, jogos sem visitantes e indiferença com uma vida perdida
Após diversas reuniões e em meio a tensão que pode explodir de várias frentes, o ministro da Segurança da província de Buenos aires, Ricardo Casal, acabou de anunciar (nesta manhã de terça-feira) que jogos na província serão apenas com torcida local. E ainda assegurou: “será desta forma até que a AFA e a Aprevide (Argência de Prevenção da Violência no Deporto) nos garantam a devida segurança nos estádios. Assim, o jogo de “vida ou morte” para o Rojo, contra o San Lorenzo, não terá público visitante.
Demorou, mas os cartolas e dirigentes finalmente entraram em campo. Infelizmente, num momento muitíssimo importuno, já que ainda se discute a violência da polícia ao reprender e supostamente assassinar o torcedor do Lanús, Daniel Jeréz. Pressionados pela opinião pública, os políticos e dirigentes resolveram brincar de jogar suas responsabilidades a outros. Assim, após reuniões, foi decidido na manhã desta terça-feira que todos os jogos na província de Buenos Aires serão a portas fechadas. Como as reuniões continuarão para discutir o problema, tudo indica que as portas fechadas sejam a medida final a ser adotada para os jogos.
A decisão foi comunicada pelo ministro da Segurança de Buenos Aires, Ricardo Casal, que atribui a decisão pelos efeitos da desastrosa intervenção da polícia à torcida do Lanús, que culminou com a morte de Daniel Jeréz. Desta forma, já está decidido que o Rojo vai receber o San Lorenzo sem público visitante. Além disso, ainda é possível que não haja nem mesmo torcedores do próprio Independiente no Libertadotes de América.
Ricardo Casal disse que a decisão vale para todos os jogos de todas as categorias e divisões que ocorram nos gramados da província. Além disso, notificou que a polícia local não mais usará as chamadas balas de borracha. “Será desta forma até que a AFA e a Aprevide nos garantam a devida segurança nos estádios”, garantiu Casal, se esquivando das responsabilidades pelas ações irresponsáveis da polícia sob seu comando.
A partida entre Independiente e San Lorenzo está marcada para o próximo sábado, dia 15 de junho na cancha roja, em Avellaneda. Neste momento, nem mesmo o clube sabe se poderá contar com sua torcida. Isto porque também o Comitê Executivo da AFA parece inclinado a determinar que os portões sejam fechados para todos os torcedores.
A falácia do chefe de segurança Ricardo Casal
Como um politico qualquer, do tipo que não merece nem um pouco de nosso respeito, o chefe de segurança Ricardo Casal resolveu aparecer e falar um monte de asneiras. Isto se confirma não somente pela intervenção desastrosa de sua polícia em mais um evento trágico na província de Buenos Aires, mas também por todas as suas reações e ações após o fato. Veja que em suas palavras, e tentativa de justificar as ações policiais, já se percebe a inconsistência das ações contra os torcedores:
“Ao que parece, um grupo de entre 100 a 150 pessoas vinha de fora do estádio muito agressivo. Alguns deles, puderam entrar no estádio sem problema, enquanto alguns outros foram retidos por questões de segurança. Já os que haviam entrado, resolveram retornar para resgatar os seus colegas. Como a polícia tentou impedi-los, eles reagiram com certa dose de desrespeito e violência. Acuados, os policiais reagiram, pois ficaram emparedados e praticamente numa confrontação direta com os torcedores. E foi assim que ocorreu os disparos, que certamente serão investigados, como se deve”. Assim se explicou Casal, pouco se importando com a morte de Jeréz.
A outra versão e o assassinato de Daniel Jeréz
Já a torcida local afirma que a polícia sequer dava importância para a devida fiscalização de quem entrava. Deixaram alguns passarem e, de repente, decidiu que outros não passariam. Segundo, torcedores do Lanús, a briga com polícia já teria ocorrido nas imediações do estádio, quando policiais com seus cavalos teriam tentado mostrar suas credenciais aos torcedores visitantes. Tudo indica que muitos hinchas teriam corrido até a porta do estádio, onde foram recebidos com a permissão para adentrarem à cancha.
Alguns outros teriam se valido de pedaços de pau para enfrentar a polícia. Quando estavam próximos ao portão de entrada, os outros torcedores, que haviam entrado, resolveram voltar, pois se deram conta de que os outros hinchas ficaram de fora, e que seriam massacrados pelos policiais. Alguns torcedores dão a entender que a prática seria conhecida da polícia, a de isolar apenas alguns torcedores, para que, após a surra, servirem de exemplo para os demais.
Segundo informações e relatos, ainda desencontrados, os dirigentes da barra granate resolveram intervir no episódio, pois pessoas muito jovens (alguns imaturos), assim como outros torcedores não necessariamente da barra, levavam pancada dos policiais. Alguns desses dirigentes já estavam dentro do estádio, pois haviam escoltado aqueles que decidiram correr para dentro da cancha. Alguns outros ainda estavam do lado de fora. Um deles, um dos principais, Daniel Jeréz, que teria colocado o próprio corpo à frente de um jovem que seria espancado pelos policiais, apareceu com o intuito de pôr fim à confusão.
“Parem com a violência que garanto que os garotos também o farão. Parem que eu asseguro a vocês que vou controlar os garotos”. Foram as últimas palavras de Daniel Jeréz. Uma bala à queima-roupa e a dois ou três metros de distância perfurou seu corpo e o matou. Segundo Nicolas Guerrini, diretor do Hospital San Roque de Gonnet, Jeréz chegou morto ao local e confirmou que a bala que o levou à morte acertou sua caixa torácica e foi disparada a curtíssima distância.
Vídeos já aparecem para denunciar o triste evento em La Plata. Veja alguns: