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Há 35 anos, o Sportivo Italiano enfrentava a… Itália

italiano78
Em Bombonera lotada, os onze do Sportivo Italiano, com o técnico húngaro Elmer Bánki

Há 35 anos, La Bombonera viveu uma virtual festa de San Gennaro. Em preparação para a Copa do Mundo de 1978, nada menos que a seleção italiana titular, sob o simbólico pagamento de 1 lira, jogou um amistoso contra o nanico Club Deportivo Italiano (desde 2000, Sportivo em vez de Deportivo).

Imigração não-espanhola mais numerosa na Argentina, os italianos criaram alguns dos mais célebres clubes do país. Como explicamos duas vezes nos últimos dias (aqui e aqui), Boca e River, por exemplo, trazem consigo traços do grande contingente genovês que se instalou em La Boca, onde ambos foram criados: o apelido boquense de xeneize vem de zeneise – “genovês” no dialeto da Ligúria. Já o River usa as cores branca e vermelha da bandeira de Gênova. Há ainda o Vélez, que vestia as três cores da bandeira italiana antes de adotar a faixa em V exatamente na cor azzurra. Falamos aqui.

Com o passar do tempo, tais clubes se expandiram para além da comunidade que os criou. Em 1955, então, membros ativos da colônia criaram a Associazione del Calcio Italiano in Argentina. Coincidentemente ou não, outros clubes explicitamente ligados à colônias de imigrantes surgiram logo depois: um ano depois, apareceu o Deportivo Español. Em 1961, o Deportivo Paraguayo surgiu para fazer jus a Roberto Acuña, Jonathan Santana, Lucas Barrios, Néstor Ortigoza, Jonathan Fabbro e Juan Manuel Iturbe. Outro ano depois, a colônia do tenista David Nalbandian passou a ser representada pelo Deportivo Armenio. O Macabi, dos judeus, também chegou a jogar futebol.

Em 1960, a ACIA venceu a 5ª divisão para dois anos depois conseguir a 4ª, obtida novamente em 1974. Em 1978, já estava na 2ª. Naquele ano, a fusão com a Sociedad Italiana de Vicente López originou o então Club Deportivo Italiano, cuja única aparição na elite argentina daria-se na temporada 1986-87; subira na anterior após provocar, nos pênaltis, o primeiro rebaixamento do Huracán, então ainda visto como “sexto grande”, mas que ficara em penúltimo nos promedios da elite e assim disputou repescagem contra a segundona. Outro episódio recordado foi a participação no tradicional Torneio de Viareggio, amistosa competição interclubes juvenil realizada anualmente na Itália. Em 1989, usando jovens do Newell’s (incluindo Batistuta), caiu nos pênaltis nas quartas-de-final para o campeão Torino.

Na confraternização italiana, o Tano (apelido do clube e gíria argentina para italianos, derivada de “napolitano”) alinhou com Juan Carlos Benítez, Eduardo Bergessio, Martinuccio, Juan Cejas, Eduardo Redondo (Rafael Almeida 7/2º), Rodolfo Della Pica, Nicolás Valdivia, Víctor Álvarez, Jorge Viola (Rubén Cabrera 17/2º), José Antonio Díaz, Roque Candau (Juan Riveros 20/2º), treinados pelo húngaro Jorge Elmer Bánki. O árbitro, condizente com a ocasião, foi o argentino Alberto Ducatelli.

Já a Itália do técnico Enzo Bearzot foi composta há 35 anos por Dino Zoff (Juventus), Claudio Gentile (Juventus), Aldo Maldera (Milan), Romeo Benetti (Juventus), Mauro Bellugi (Bologna), Gaetano Scirea (Juventus), Franco Causio (Juventus), Marco Tardelli (Juventus), Francesco Graziani (Torino), Giancarlo Antognoni (Fiorentina) e Roberto Bettega (Juventus). Maldera, Tardelli e Graziani dariam lugar no minuto 46 a Antonio Cabrini (Juventus), Renato Zaccarelli (Torino) e Paolo Rossi (Vicenza), respectivamente.

O jogo por si só já seria algo incrível. Aquela tarde contou com outros elementos assim: contra a completa Squadra Azzurra, o Azzurro conseguiu perder por apenas 0-1, demonstrando a boa atuação do goleiro Benítez, que soube evitar um placar naturalmente mais elástico. O próprio gol que sofreu foi em lance fantástico: Bettega emendou para as redes com um calcanhar acrobático. La Penna Bianca era famoso por gols do tipo. O lance ocorreu já aos 18 minutos do segundo tempo. Seria de Bettega também o gol da vitória sobre a Argentina, na única derrota no título da anfitriã.

Hoje, o Sportivo está na quarta divisão. Abaixo, vídeo em italiano bem completo sobre a partida de três décadas e meia atrás.

httpv://www.youtube.com/watch?v=KabbmQKfEas

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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