A noite dos pequenos, na noite da vergonha
Inútil dizer que muitos clubes grandes estão subestimando o valor da Copa Argentina. Inútil porque os fatos estão aí para demonstrá-lo. Ontem, mais duas grandes camisas do futebol local entraram em campo e deram vexame. Primeiro foi o Racing, que encarou o Tristán Suárez e foi derrotado de uma maneira tão vergonhosa que é possível afirmar que não há precedentes na história do futebol do país. Depois disso, a ridícula derrota do River para o Estudiantes bonarense até ganha ares de normalidade. E para salvar a noite dos gigantes nada melhor que um quase-anão: o All Boys, que soube prevalecer diante do Central Córdoba de Rosário e vencer por 2×0.
Paradoxo daqueles foi a derrota e eliminação do Vélez da Copa Argentina. O Fortín havia encarado o Olimpo de Bahía Blanca e perdido por 2×1. O resultado poderia até ser bem normal, já que o Aurinegro há bem pouco tempo compunha a elite do futebol argentino. Porém, o que há de paradoxal na história é que o técnico Ricardo Gareca foi um dos poucos técnicos a priorizar a Copa Argentina. Entre os comandantes dos clubes medianos ou grandes, “el Tigre” Gareca, na prática, foi o único que desde o início deixou claro que priorizaria o torneio. Mesmo nos momentos em que o Vélez esteve com dificuldade para compor o elenco, em razão das inúmeras baixas, o técnico não modificou sua proposta inicial de colocar sua formação titular contra o Olimpo.
O Boca de Bianchi foi outro que não deu a mínima para a Copa Argentina. Só que foi salvo pela fraqueza do rival, o Excursionista de Bajo Belgrano, assim como pelo sentimento do vizinho do River de que já havia feito história na competição e que já poderia deixar de disputá-la. Embora na segunda divisão, o Rosário Central tinha tudo para começar o seu retorno triunfal ao mundo do futebol, que sempre o viu como um grande. Da B Nacional diretamente para a Libertdores. Se isto ocorresse, por certo que muito ajudaria a reconstruir o moral e a autoestima do Canalla. Porém, foi eliminado pelo vizinho Central Cordoba, um dos times minúsculos de Rosario.
Só que na noite de ontem o cenário foi ainda mais trágico para os grandes da Argentina. Antes de Racing e River, foi o All Boys quem entrou em campo. Venceu justamente o algoz do Rosário Central na eliminatória anterior: 2×0 e com tranquilidade. Depois, foi o Racing quem foi para as disputas. O Racing foi com sua base titular, e mesmo que algumas figuras do banco estivessem em campo, assim que a coisa complicou os titulares que estavam no banco entraram no jogo.
Só que a história teve um capítulo bem diferente do que sempre acontece. Envolvido na luta para não ser rebaixado para a quarta divisão argentina, o Tristán Suárez foi a Catamarca com o seu time reserva. Isso mesmo, o “Lechero” fez precisamente o que todos as equipes da elite fazem quando se deparam com um time “nanico”. A diferença é tão grande que mesmo quando uma equipe da primeira divisão joga com seus reservas ela vence os titulares de um time do acesso. Enquanto o Racing atuava com os titulares, o Tristán Suárez poupava seus melhores atletas e apostava em uma equipe reserva. E para o assombro de todos, venceu o Racing por 1×0 e submeteu a Academia de Avellaneda a sofrer um tipo de derrota sem precedentes na história do futebol local. Um assombro do Lechero e uma vergonha do Racing.
Depois disso foi o River quem fez feio e mereceu ser eliminado. No caso do Millo não é necessário que ninguém fale nada, pois mesmo na comunidade River Plate já se escuta as críticas a Ramón, por uma clara subestimação não apenas do torneio como do rival, o bravo Estudiantes Caseros. No fim da partida, o resultado de 1×0 para um time da terceira divisão foi mais um capítulo da falta de seriedade dos grandes da Argentina, assim como da falta de inteligência de seus treinadores. Agora, Ramón Díaz precisaria vencer o Torneio Final para ter uma vaga na Libertadores de 2014. A julgar pelo que estão jogando Newell´s e Lanús, provavelmente não vai conseguir.
Abaixo, o gol histórico de Ruiz, que eliminou o River da Copa Argentina