Nacionalismo medíocre
Há jornalistas e sensacionalistas. A repercussão da mídia argentina e brasileira sobre a partida entre São Paulo e Tigre, na qual foi marcada pela confusão entre o primeiro e o segundo tempo, mostrou isso nitidamente. Enquanto os parciais ficam naquele discurso um tanto que xenófobo e hipócrita, os que são profissionais não se posicionam: buscam ouvir os dois lados, mesmo com tantas histórias absurdas contadas por ambas as partes.
Os que são dispostos a ouvir as duas partes ganham muito com isso. Apreendem, de fato, o que o bom jornalismo prega. Esses irão ouvir os que estão envolvidos e mostrar a verdade, ou a melhor notícia. Fazer o seu papel com a cidadania.
Por outro lado, há aqueles que querem ver somente o ponto de vista nacionalista. Como se trata de algo que envolve dois países, principalmente Brasil x Argentina – uma rivalidade criada justamente pela mídia –, aí é que se tem que ver só um lado. Enquanto aqui o discurso é de: ‘se houver agressão a eles, melhor que se faça vista grossa, pois o que vale mesmo é dar porrada nos argentinos’, dando ênfase a uma xenofobia escrota, por lá parte da mídia se faz de coitado, esquecendo de toda confusão que aconteceu naquele país.
Não tenho dúvidas que serei atacado pelos ‘patriotas’ nos comentários. O que pouco me importa, pois receber críticas de pessoas que andam como cabresto não me ofende. O fato é confusões não acontecem só na Argentina ou provocada por eles. Não me lembro de nenhum jogador daquele país naquela confusão entre Palmeiras x Corinthians. Que eu saiba, o Edilson e o Paulo Nunes são brasileiros.
Não somos santos. Aqui acontece confusão e muita. Se não fosse a legislação atual, ainda teríamos pessoas arremessando objetos em campo. E eles também não são santos, assim como uruguaios, paraguaios, bolivianos, chilenos, etc. Não venhamos com um discurso racista e xenófobo de que se tem que pagar com a mesma moeda, ainda mais se tratando de argentinos.
E para o esclarecimento: sem dúvida, deve haver investigação tanto policial quanto por parte da Conmebol. Se houver câmeras de segurança, que se peça elas, assim como qualquer outra prova. Mas, claro, isso não irá acontecer.
Opiniões puntuais
1) Não vi tentativa de invasão do vestiário do São Paulo. Vi dois jogadores tentando tirar satisfações com um jogador brasileiro quando ele descia para o vestiário.
2) Houve agressões da milícia são-paulina contra os argentinos, mas sem o episódio da arma.
3) O Tigre não poderia invadir o campo para treinar para não prejudicar a grama – que já havia sido prejudicada em dois espetáculos. Salvo se houvesse regra em contrário.
4) Se o Tigre voltasse para campo, em tese, seria goleado.
5) Se realmente o Tigre amarelou, o que eu não acredito, deve ser severamente punido, pois isso é típico de futebol amador.
6) Para não ter voltado a campo é porque alguma coisa séria aconteceu contra os argentinos. E se aconteceu, o São Paulo também deve ser seriamente punido.