Primeira Divisão

Um dia histórico na Bombonera

Pol Fernandez abraça Schiavi após marcar o gol de empate

Boca Juniors e Godoy Cruz se enfrentaram em uma partida que nada valia. Mas foi uma tarde muito especial para os torcedores xeneizes. Era o último jogo de Rolando “Flaco” Schiavi como profissional. E a primeira vez que Martín Palermo dirigia uma equipe na Bombonera, tendo a seu lado Abbondanzieri. Três nomes históricos do clube vivendo um dia único. E a torcida contribuiu para tornar esse sábado um dia histórico.

Schiavi nunca foi um craque. Mas cativou a torcida xeneize por sua entrega em campo. Conquistou nove títulos com o clube, incluindo uma Libertadores e um Mundial. E recebeu diversas homenagens. Ficou no vestiário enquanto a equipe entrava em campo, e subiu os degraus sozinho, para ser ovacionado pela torcida e abraçado por jogadores e comissão técnica. Jogou com seu número na camisa em cor dourada, ao contrário dos demais colegas, que usavam o branco normal.

Martin Palermo dispensa apresentações: o maior artilheiro da história do Boca Juniors. E a seu lado, como auxiliar, o ex-goleiro Pato Abbondanzieri, outro ídolo do clube. Os dois receberam uma placa do presidente do Boca e foram muito aplaudidos pela torcida, que parecia alheia ao fato de ambos estarem do lado rival. Os dois amigos abraçaram Schiavi, que inclusive pode vir a ser o novo membro da equipe técnica do Godoy Cruz, ainda que tenha proposta para se juntar a Checho Batista na China.

Findas as homenagens, a bola rolou, e o Boca se mostrou sonolento. Defendia e atacava mal e não tinha meio de campo. Aproveitando a péssima jornada xeneize, o Godoy Cruz dominava a partida, com ótima atuação de Castillón. Faltou apenas aos mendozinos criar oportunidades concretas de gol. Quando o primeiro tempo terminou, a Bombonera presenciou uma vaia fenomenal aos jogadores, alternada com gritos de “Riquelme! Riquelme!”. Como se fosse pouco a presença física de Palermo, Schiavi e Abbondanzieri, mais um ídolo histórico do clube aparecia, desta vez na boca dos torcedores.

No segundo tempo o Boca voltou melhor, mas logo aos 10 minutos o panamenho Cooper concluiu boa jogada coletiva e colocou o Godoy Cruz em vantagem. O Boca não se desesperou, e passou a atacar o Tomba de forma mais incisiva, principalmente com Erviti e Paredes pela esquerda. E empatou aos 19 minutos. Silva recebeu livre, perdeu o gol duas vezes, e no rebote Pol Fernandez estufou as redes de Ibañez com um tiro fortíssimo.

No restante da partida o Boca foi superior, ainda que o adversário ensaiasse alguns contragolpes. E quando tudo parecia resolvido veio o momento mágico, para fechar o dia com chave de ouro. Schiavi aproveitou um rebote de escanteio e centrou na medida para Blandi desempatar o jogo. Eram 48 minutos do segundo tempo e não havia mais nada a fazer além de encerrar o jogo. A carreira do zagueiro terminava da melhor maneira possível.

Enquanto isso, no mesmo momento o Newell’s terminava bem o Inicial vencendo o Argentinos Jrs. por 3 a 1 em La Paternal. Dois gols foram de Ignacio Scocco, que chegou aos 13 gols e lidera a artilharia do torneio. Torce agora para não ser alcançado por Chucky Ferreyra, do Vélez, que tem 11 e ainda enfrenta o Rafaela.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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