Primeira Divisão

Eram dois líderes. Apenas um já coloca as mãos na taça

“El Chucky” marcou o segundo gol e tirou um caminhão das costas do Vélez

Eram duas finais e a expectativa era a de saber quem ainda ficaria de pé para as duas últimas rodadas do Inicial. O Vélez foi a Floresta encarar o All Boys, enquanto o Lanús recebeu o Estudiantes, em La Fortaleza. Foram dois cotejos dignos de grandes finais. All Boys e EStudiantes deixaram a alma em campo, como se também disputassem o título; Vélez e Lanús…nem se fala. Só que enquanto o All Boys foi até melhor que o Vélez, foi surpreendido e derrotado por 1×0 para os fortineros. No sul, o Lanús fez o Pincha de time pequeno, mas não conseguiu sair do zero. Assim, o Vélez coloca as duas mãos no caneco, enquanto o Granate se afasta dele. Pior é ver que enquanto Lanús tem River (fora) e San Lorenzo (em casa), Vélez recebe Unión e visita Rafaela. Campeão está quase decidido.

All Boys 0x2 Vélez

Nada de ficar no campo de defesa esperando pelo Albo, que atuava na Floresta com a cancha entupida de gente. Dispostos a vencer o cotejo, os fortineros trataram de pressionar o Albo com quatro, cinco ou até seis homens no campo de ataque. O volume de jogo era forte, mas não se revertia em muitas chances de gol. Por quê?

O Albo recuava toda sua equipe para defender a meta de Cambiasso. Tanto era assim que Mauro Matos, centroavante artilheiro, praticamente foi o melhor homem da defesa local. Em três ataques dos visitantes, Matos foi o último marcador que deu combate a Bella e Pocho Insúa. E assim que pegava a pelota, o conjunto local saía em alta velocidade para o ataque. Muitas vezes, conduzindo a pelota pelos flancos; algumas outras, através dos lançamentos longos, que sempre encontravam um “ligeirinho” que a dominava e levava perigo ao arco de Sosa.

Por outro lado, o Vélez incorria no erro de forçar muito o jogo em Pocho Insúa, que era meia, atacante e quase o único que distribuía a pelota no ataque. A insistência da jogada facilitava a marcação do All Boys. Desta forma, a primeira etapa teve o resultado justo.

No segundo tempo, as coisas se inverteram. O Albo voltou melhor e fez com o Vélez justamente aquilo que sofreu nos primeiros 45 minutos. Deixou o rival com a única opção de atuar nos contragolpes.

Do primeiro ao último minuto, parecia que o conjunto da Floresta disputava o título. Era uma pressão absurda, mas organizada na mesma proporção. Era um jogo quase perfeito. Quase, pois a pelota passava perto, era defendida, mas nada de encontrar o arco de Sosa.

Logo no início, Montoya Muñoz acertou o travessão de Sosa, em mais uma jogada do Albo que nascera não do meio-campo. Toda a produção ocorria logo à frente da área do guardametas fortinero, já que a bola sequer chegava à meia-cancha. Obrigado a jogar no contragolpe, tampouco o Vélez foi o Albo da primeira etapa. Em outras palavras, o visitante não conseguia cria perigo para Cambiasso.

Um dos responsáveis pela inversão do domínio foi Montoya Muñoz, que entrou no segundo tempo e praticamente não achou marcação para a sua criatividade. Era uma jogada atrás da outra, mas sem que o gol acontecesse. Além da bola no travessão, o Albo teve inúmeras outras chances, mas todas elas, quando iam na direção do gol, eram interceptadas por Sosa, um monstro em campo.

Quando tudo caminhava para o empate, apareceu o talento de Lucas Pratto para guardar a pelota no arco. Um gol estranho que ocorreu aos 42 minutos e que se seguiu a outro, de Ferreyra pouco depois. Resultado assustador para o que foram os 45 minutos finais, mas um resultado que expressa o valor de se ter jogadores diferenciados em um time de futebol. Por tê-lo, e hoje só por causa disso, o Vélez saiu vencedor de sua final. Agora, tem Unión, em casa, e Rafaela, fora; dois adversários fraquíssimos pela frente; o que já sinaliza a sua conquista do Torneio Inicial.

Lanús 0x0 Estudiantes

Granate lutou como nunca, mas fracassou como sempre

Assim como o Vélez, na Floresta, o Lanús não deu mole para o Estudiantes, em La Fortaleza. Desde os primeiros minutos, o Granate tratou de fazer do seu campo de ataque o espaço rabiscado para a prática de seu jogo. Era uma espécie de ataque contra defesa e todo mundo corria atrás da pelota. Só que o rival não parecia disposto a ficar na desvantagem.

O Pincha se armava com dois volantes segurando o ataque local e com os demais jogadores ocupando os lados do campo, quando contra-atacava. Contava com a boa saída de jogo de Martínez e apostava na velocidade de Zapata. Complicava muito a vida do Granate. Assim que mesmo sendo do Lanús o dono do jogo, as duas equipes se equiparavam nas jogadas de perigo de gol. Por duas vezes o Granate esteve prestes a chegar às redes, enquanto o Pincha por muito pouco não chegou com Gelabert. Mas o primeiro tempo ficou no zero. E foi justo.

Na etapa complementar, o Granate praticou de vez o jogo do ataque contra defesa. A pressão foi tamanha que por vários minutos os onze jogadores pincharratas sequer ultrapassaram a linha do meio-campo. As jogadas saíam uma após a outra e nada de gol.

Fosse através de arremates rasteiros, pelo alto, nas jogadas de bola parada, ou nos levantamentos para a área, todos tinham somente uma convicção: o Granate chegaria ao gol de uma forma ou de outra. Não chegou. Por quê?

A defesa visitante era gigante e infalível nas bola aéreas, enquanto o porteiro Silva era um monstro em campo. Por várias vezes operou milagres e salvou o Estudiantes de levar o gol. Outro que fazia de tudo em campo era Desábato: defendia como podia e até a mão colocou na pelota dentro da área, mas contou com a cegueira do árbitro Juan Pablo Pompei, que nada viu. A pressão foi absurda até o final, mas o Granate não soube tirar o zero do placar. Perdeu uma chance incrível de manter a liderança e sua chances de chegar ao título. Agora, tudo ficou nebuloso, já que enquanto o Vélez tem uma tabela fácil, o conjunto do Sul tem duas pedreiras pela frente.

Tigre 2×0 Godoy Cruz

A rodada apresentou ainda a vitória do Tigre sobre o Godoy Cruz, em Victoria. O resultado foi importantíssimo para o Matador não voltar a correr riscos com o fantasma do rebaixamento, tão conhecido por todos no clube. O jogo foi resolvido ainda no primeiro tempo. Silvio González abriu o marcador aos 25 minutos, enquanto Rubén Botta deu números finais aos 38. Uma vitória fácil e justa do Matador sobre um rival que já espera por seu novo treinador, Martín Palermo, anunciado dois dias atrás pela direção do conjunto de Mendoza.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 × 2 =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.