Seleção

Bombonera nem tão mítica assim

No Brasil, quando se fala em Bombonera, muitos tremem. A mítica do estádio, principalmente contra os times brasileiros, pesa quando do outro lado está a camisa azul-ouro do Boca Juniors. Mas, quando se trata de seleção argentina, a mística não é tão boa assim. Ruim para a Albiceleste, que voltará ao estádio no próximo dia 21 de novembro, pelo Superclássicos das Américas.

A última partida dos hermanos naquele estádio foi um empate contra a Colômbia, há 15 anos. Na ocasião, a Argentina teve que buscar o resultado após ter sofrido um gol do lendário Valderrama. O feito foi obtido por Cáceres, que há dois anos quase baleado após ser baleado em um assalto, em Buenos Aires. Aquele jogo marcou a primeira partida de Riquelme na seleção. Curiosamente, este mesmo jogador já renunciou a Albiceleste em duas oportunidades.

Mas não é necessariamente está partida que trás más lembranças para a seleção argentina. Nas eliminatórias para a Copa de 1970, a Argentina precisava da vitória para conquistar a vaga e decidiu mandar o jogo contra o Peru, do técnico brasileiro Didi, no alçapão da Bombonera. Mas, não deu o resultado esperado. O empate em 2×2, obtido com um gol aos 43 minutos do segundo tempo, deu a vaga para aos peruanos. Essa foi a última vez que a Argentina ficou fora de uma Copa do Mundo.

Em entrevista ao site da Fifa, o ex-meio-campista Alberto Rendo, autor do segundo gol argentino, lembrou com pesar daquela partida na Bombonera. “Foi o gol mais triste da minha vida, nem festejei. Peguei a camisa rápido para tentar buscar o terceiro gol que nunca chegou. Nunca vi tanta amargura em um vestiário. Eram vários companheiros chorando. Foi uma decepção coletiva e pessoal, pois era a minha última oportunidade de jogar um Mundial”, lembrou o ex-atleta, que está com 72 anos.

Autor dos dois gols peruanos, Chachito Ramírez, fez questão de recordar as palavras do técnico Didi no vestiário antes da partida. “As conversar dele no vestiário eram chatas por dois motivos: a primeira por ser em português (no Peru se fala espanhol) e outra pelo baixo tom de voz. Lembro-me que em várias palestras eu dormia. Mas naquela tarde, ele me disse pessoalmente para eu aproveitar a minha velocidade que isso poderia me trazer os gols. Ele teve razão”, disse ao site da Fifa.

Historiadores de Brasil e Argentina divergem quanto a jogos entre as seleções no estádio do Boca Juniors. Páginas não-oficiais do clube retratam um empate no natal de 1925, em 2×2, resultado que deu o título do Sul-Americano (antiga Copa América) para a Argentina. Aquele estádio, entretanto, não era a Bombonera, que veio só veio a ser inaugurada em 1940.

O historiador brasileiro Newton César de Oliveira Santos, autor do livro ‘Brasil x Argentina – Histórias do Maior Clássico do Futebol (1908-2008)’ ainda vai além. “No registro de jogos oficiais entre as seleções principais, será a primeira vez na Bombonera. Esse jogo de 1925 foi no estádio do Barracas”, explica.

Desde a fundação da Bombonera, a seleção argentina jogou 22 partidas com apenas duas derrotas: ambas para potências mundiais: França e Alemanha. Foram também seis empates e 14 vitórias. A maior parte desses jogos aconteceu na preparação para a Copa do Mundo de 1978, a primeira a ser vencida pelos hermanos. Vale lembrar que naquele mesmo Mundial, a Argentina venceu o Peru, por 6×0, em um jogo repleto de acusações de manipulação de resultados.

Matérias orinalmente publicada no Jornal de Brasília, escrita pelo mesmo repórter

Último jogo da Seleção Argentina na Bombonera
httpv://www.youtube.com/watch?v=hWD6QLPr6VU

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

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