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B Nacional: resumo da 28ª rodada

Jogadores do Instituto não saem de campo muito felizes com o empate no Bosque, mas resultado foi bom

Embora tenha somente empatado no Bosque com o Gimnasia, o Instituto de Córdoba foi o grande ganhador da rodada. Isso porque colocou quatro pontos de vantagem sobre Quilmes e River, que dividem o segundo posto, e ainda jogará em Alta Cordoba na próxima rodada, onde dificilmente perde pontos. O Central venceu o fraco Rivadávia no Arroyito. Contudo, mostrou uma preocupante queda de rendimento, que pode ser fatal nas últimas rodadas da competição. Preocupa quando o Canalla não joga bem em Rosário, já que fora de casa não consegue repetir as boas atuações que realiza diante de seus fanáticos torcedores. Já o Quilmes sinalizou que está pouco preocupado com a vida futura de seu ex-treinador, Caruso Lombardi. O Cervecero foi a Tucumán e goleou o Decano impiedosamente por 4×0. Na parte de baixo da tabela, o Atlanta ganhou um ânimo com a vitória sobre o River, o que tornou ainda piores os resultados como o empate do Brown Madryn com Desamaparados. Veja também todos os demais jogos da rodada, com exceção da derrota do River para o Atlanta.

Gimnasia La Plata 0x0 Instituto

O Gimnasia começou com todo o vapor, aproveitando-se do apoio irrestrito de seus torcedores que encheram o Bosque para apoiar a equipe. Até os 15 minutos só deu Lobo jogando no campo de ataque de “La Glória”. Em pelo menos duas chegadas fortes foi por pouco que a torcida local não tira o grito de gol da garganta. Foi então que o visitante chegou ao campo de ataque em uma jogada em que Dybala ficou pedindo um pênalti inexistente.

O domínio do Lobo era total, mas não se convertia em gol por causa de duas coisas: ou porque a pelota não chegava em boas condições para a conclusão ou porque a própria conclusão era um “Deus-nos-acuda” bem típico de quem joga e joga e, na hora do gol, não sabe o que fazer com a bola. O fato revela certa pressão que o ataque do Lobo vem sentindo nas últimas rodadas. Principalmente porque o sistema defensivo vem correspondendo bem e a equipe poucos gols tem levado.

Um exemplo da falta de profundidade e problema com o passe final ocorreu aos 25 minutos. Depois de grande jogada de De Blasis, a pelota ficou para Chaves. Era só acertar o passe que Cabrera ficaria na cara do gol. Porém, o passe não foi dos melhores e permitiu a recuperação da defesa visitante. Um exemplo de péssima conclusão ocorreu aos 44 minutos. Altobelli tinha tudo para ser o nome do gol, mas falhou em colocar a pelota no arco.

Já o líder da B Nacional ficou se resguardando em seu campo de defesa na maior parte do tempo. Porém, quando chegou com Encina, aos 41 minutos, quase fez o gol em um arremate de longa distância, após um contragolpe quase leta.

No segundo tempo, o jogo teve um andamento um pouco diferente. O Instituto foi para a vitória e a partida ficou aberta e mais interessante. Ainda assim o visitante se valia mais dos contragolpes do que do ataque direto ao arco de Monetti.

Porém, o duelo foi muito tenso e o Árbitro Pablo Díaz soltou cartões sem nenhuma cerimônia. De certa forma, o fato atrapalhou o espetáculo, já que muitas vezes as reclamações tomavam muito tempo. O elenco local teve parte de sua comissão técnica expulsa por Díaz, o que apenas otimizou o nervosismo dos jogadores dentro de campo. No fim, o resultado foi justo, pois apesar de um jogo melhor no segundo tempo, nenhum dos times conseguiu ter o domínio absoluto das ações. Com o resultado, o Lobo fica mais distante de chegar aos quatro primeiros colocados. Já o instituto coloca quatro pontos sobre o River Plate e Quilmes e segue firme rumo ao título da segunda divisão argentina.

Formações

Gimnasia (LP): Fernando Monetti; Milton Casco (Gonzalo Soto), Cristian Piarrou, Lisandro Magallán, Nicolás Benavídez; Nicolás Cabrera, Omar Pouso, Pablo De Blasis, Jonatan Chaves (Alan Ruíz); Gonzalo Choy González (Gonzalo Vargas) e Leonel Altobelli. Técnico: Pedro Troglio.
Instituto: Julio Chiarini; Raúl Damiani, Osvaldo Barsottini, Juan Ignacio Sills; Alejandro Gagliardi (Alejandro Rebola), Ezequiel Videla, Claudio Fileppi, Franco Canever; Hernán Encima (Marcelo Bergese), Paulo Dybala e Diego Lagos (López Macri). Técnico: Darío Franco.

Rosário Central 1×0 Independiente Rivadávia

Arqueiro García defendeu um pênalti e salvou o Central de um vexame

Ainda que tenha vencido mais uma partida dentro de casa, o Rosário Central dá mostras de que está perdendo força nas últimas rodadas da B Nacional. Isto porque não é possível que uma equipe que pretende subir à primeira divisão sofra tanto para bater no irregular Independiente Rivadávia. E se a vitória não foi fácil ela sequer ocorreria se o visitante não deixasse de converter um pênalti, quando o duelo ainda estava no zero. Com a vitória, o Central fica somente a dois pontos de River e Quilmes. Só que enfrenta o Cervecero na próxima rodada. Jogo para gente grande e poderosa. O Canlla é grande demais, porém o seu poder parecer desaparecer a cada rodada, o que pode ser fatal para o encontro na cancha cervecera.

Ao receber o Independiente Rivadávia, em Rosário, o Central venceu por 1×0 e voltou a encostar no vice-líder River Plate, que agora tem a companhia do Quilmes no segundo posto. O Central voltou a demonstrar o grande volume de jogo que é comum todas as vezes que a equipe atua no Arroyito. Contudo, otimizou um de seus grandes defeitos, que foi a dificuldade de matar uma partida, mesmo tendo várias chances para isso.

E como era de se esperar, logo que começou o cotejo o Central foi para o abafa sobre a Lepra mendocina. Porém, o visitante estava longe de se incomodar com o fato. Tanto foi assim que logo no início teve uma chance clara diante de García. Pouco depois, o árbitro Diego Ceballos anotou um pênalti justo de Valentin sobre Javier Velázquez. Na cobrança, o próprio Velázquez tocou mal para o canto direito baixo e permitiu a defesa do arqueiro García. A defesa deu um novo ânimo para o Canalla, pois um eventual gol do visitante poderia jogar o time em profunda instabilidade no duelo.

A partir daí, as chances se sucederam, sem que o Canalla conseguisse colocar a pelota no arco. Até que aos 32, Blglieri entrou na área e novamente Ceballos anotou pênalti. Desta vez para o conjunto e local não tão claro como foi o primeiro. Castillejos foi para a bola e anotou o seu 17º tento na competição, o que faz dele o artilheiro da B Nacional.

No segundo tempo, o filme do domínio se repetiu. Contudo, em alguns momentos, foi possível de se verificar a falta de qualidade em algumas jogadas do Central. A impressão que passa é a de que o elenco já parece saturado na competição, embora a competição esteja agora em sua fase decisiva. O meio-de-campo joga com dificuldades e a pelota resvala mal para os flancos do campo. Castilejos está sempre pronto para a conclusão no ataque. Porém, parece que a pelota não chega por lá com a mesma facilidade do fim do ano passado.

Este cenário coloca os jogadores em profundo estado de nervos e poucos parecem em condição de assumir a situação como seria vital neste momento. De preocupante, ainda, está o fato de que mesmo diante de um time inoperante e fraco ofensivamente, como o Rivadávia, o Central pouco consegue evitar situações de perigo para o seu porteiro. Neste contexto, o que acaba salvando a equipe são as individualidades.

Em uma situação assim, Matias Lequi chegou a marcar o segundo gol, mas o árbitro o invalidou por impedimento do zagueiro. Assim como Zarifi, Lequi continua a ser um mostro nesta equipe canalla, mas, assim como “el Turco”, infelizmente faz no campo de ataque o que muitas vezes não consegue fazer na defesa. Seja por desgaste, seja pó desespero ou seja por pouca proteção dos demais membros da defesa, que se mandam para o ataque, deixando a zaga desguarnecida. Além de Lequi, García, Mozzo e Castillejos seguem irreparáveis na competição; Medina e Gómez, por outro lado, são instáveis e em certas situações ajudam o time, em outras não. Neste duelo pouco fizeram e até por isso a equipe foi apenas regular frente a um dos mais irreguláreis elencos da B Nacional, a Lepra de Mendoza. Na próxima rodada, o Canalla vai ter um jogo de gigantes contra o Quilmes; para piorar as coisas, o duelo vai ser na cancha cervecera.

Formações

Rosario Central: Manuel García; Paulo Ferrari, Nahuel Valentini, Matías Lequi, Omar Zarif; Julio Mozzo; Santiago Biglieri (Maximiliano Lombardi), Jesús Méndez, Ricardo Gómez (Germán Rivarola); Antonio Medina (Leonardo Monje) e Gonzalo Castillejos. Técnico: Juan Antonio Pizzi.

Independiente Rivadavia: César Taborda; Jossimar Mosquera, Leonardo Sánchez, Pablo De Miranda; Abel Peralta (Franco Quiroga), Gabriel Solís, Federico Guerra, Juan Alvacete; Marcos Brítez Ojeda (Mauricio Ferradas); Martín Gómez (Jerónimo Morales) e Javier Velázquez. Técnico: Claudio Del Bosco.

Quilmes 4×0 Atlético de Tucumán

Prova de que o Quilmes não sentiu a falta do seu técnico Caruso Lombardi foi o desempenho que apresentou em Tucumán, ao vencer o Decano por 4×0 e de maneira impiedosa.

O Futebol Portenho já havia alertado de que o time do Sul sentiria bem menos a falta de seu ex-treinador do que poderia parecer. E não deu outra. Verdade é que pegou uma galinha-morta, mas fato é que ainda assim não é nada fácil bater dessa forma no Decano em Tucumán. Os gols foram anotados por Facundo Diaz, Caneo e Pablo Velázquez duas vezes. Com o triunfo, o Quilmes chegou em pé de igualdade com o River, só que muito mais equilíbrio do que o Millonario tanto dentro quanto fora de campol.

Defensa y justicia 2×1 Gimnasia y Esgrima de Jujuy

Atuando em Florencio Varela, o Defensa venceu o Gimnasia de Jujuy por 2×1 e somou pontos importantes para continuar sonhando com a parte de cima da tabela. A equipe do Defensa é uma das melhores da B Nacional, apesar de não estar entre aqueles que subiriam ou iriam à disputa da “promoción”.

O que chamo a atenção foi a dificuldade com que o Defensa venceu o Lobo de Jujuy. Abriu o placar somente aos 44 do primeiro tempo, com Matias Díaz. Aos 14 da etapa complementar Delorte empatou para o Gimnasia. Martinena recolocou o Halcón na vantagem aos 34 minutos da etapa complementar. Um triunfo que inexplicavelmente foi dificílimo para a equipe de Florêncio Varela.

Aldosivi 1×0 Deportivo Merlo

Outra equipe que venceu com muitas dificuldades foi o Aldosivi de Mar Del Plata. Atuando em casa e diante de seus animados torcedores, o Tiburón ganhou do por 1×0, com um gol de Ricardo Villada aos 32 minutos da etapa complementar.

Claro que o Merlo não é o Gimnasia Jujuy, que tem equipe e campanha bastante irregulares na competição. Mas era de se esperar que atuando diante de seus torcedores a história fosse outra, o que não aconteceu. De concreto, porém, é que o Aldosivi chegou aos 43 pontos e agora ocupa a quinta colocação na B Nacional. O que não é qualquer coisa para o conjunto de Mar Del Plata, um tanto modesto nessa briga de gigantes que é a B Nacional.

Patronato 0x2 Almirante Brown

Atuando em Paraná, o Fragata surpreendeu o Patrón e venceu por 2×0 em uma partida tranqüila para o conjunto dirigido por Blas Giunta. Os dois gols saíram na etapa complementar, Cisterna aos 17 e Mauro Morrone aos 28 minutos. Com o resultado, o Fragata fica a somente sete pontos do Central, o último que hoje iria à disputa da “promoción” para ascender à primeira divisão. Melhor que o resultado foi o desempenho da equipe de Isidro Casanova, o que faz acreditar que a equipe possa, de fato, brigar pelo acesso.

Já o Patronato luta agora somente para se manter na categoria e encontrar o equilíbrio para a próxima temporada. O que é uma pena, já que o Patronato sempre foi um adversário duríssimo para todas as equipe da B Nacional. Uma das poucas equipes que buscavam a vitória tanto dentro quanto fora de casa. É possível que o problema das definições seja o que mais atrapalhou o Patrón na temporada.

Sportivo Desamparados 1×1 Bown Madryn

Em San Juan, Desamparados e Guillermo Brown não saíram de um empate, que foi péssimo para as duas equipes. O embate era uma verdadeira final dos promédios. Ironicamente nenhuma das equipes demonstrou o necessário protagonismo para somar os três pontos. Desta forma, ambas as equipes seguem firmes rumo a B Metro, lugar bem mais adequado para as duas do que a B Nacional.

Huracán 1×1 Ferro Carril Oeste

Mesmo saindo na frente do marcador com um gol de Milano aos nove minutos, o Globo não conseguiu vencer o Ferro Carril. O Ferro empatou com Osvaldo Miranda aos cinco minutos do segundo tempo com Osvaldo Miranda. Seis minutos depois, Oreja foi expulso e deixou as coisa mas fáceis para o Huracán. Ainda assim a equipe de Parque Patrícios não soube vencer.

Enquanto o Huracán ainda corre riscos de permanecer na B Nacional, o Ferro não corre riscos, graças aos seus bons “promédios”. E é nisto que a equipe de Caballito tem de se apegar, pois suas chances de acesso ficaram ainda mais longínquas com o empate diante do Globo.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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