Saída de Caruso Lombardi: bom para ele, bom para o San Lorenzo e para o Quilmes. Mas como fica o time?
A recente transferência de Ricardo Caruso Lombardi para o San Lorenzo colocou a questão de como fica o time do Sul. A equipe trilhava com estilo seu caminho para o retorno à elite. Contudo, a saída do antigo treinador poderia tirá-lo desse caminho ou ficaria tudo na mesma? Com eficiência, os dirigentes do Quilmes anunciaram a contratação de Omar De Fellipe, ex-treinador do Olimpo de Bahía Blanca. E o novo comandante teria mesmo o perfil indicado para o terceiro colocado da B Nacional? Como valia e vale a pena uma reflexão sobre o tema, resolvemos fazê-la aqui. Ei-la.
Antecedentes
A história começou bem antes do que se imagina. Após cada derrota do San Lorenzo, vários nomes eram cogitados para substituir a Madelón. Entre eles, sempre aparecia o de Ricardo Caruso Lombardi. Então, a situação do Ciclón foi piorando a cada dia na mesma medida que o ex-treinador do Quilmes passava a ser o candidato único na preferência dos dirigentes de Boedo. Para isso, contou uma sucessão incrível de vitórias que teve início com as goleadas de 6×0 sobre o Guillermo Brown e 7×1 sobre o Independiente Rivadávia, além do empate em zero com o River, como visitante.
Eis que o Cervecero teve um momento de vacilo na competição e quatro empates seguidos colocaram Caruso Lombardi em dúvida na conturbada mentalidade dos cartolas dos Cuervos. Nada de mais nisto. Afinal, cartolas só veem resultados, quase nunca o trabalho. Por certo, aceitaram até o empate com o Ferro Carril, osso-duro que o River Plate conheceu no último fim de semana. Porém, não engoliram os empates com o Merlo e Huracán, times dos quais atualmente na Argentina ninguém tem medo. Principalmente o Globo, ainda menos respeitado que o Merlo, em razão de sua campanha pífia, na B Nacional, se somar à decadência institucional e a certo prazer sádico e burro dos dirigentes rivais já que a instituição de Parque Patrícios sempre encarou os grandes da Argentina de ombro erguido, além de, historicamente, ter sido um dos postulantes à vaga de “o sexto maioral do futebol do país.
Dada, contudo, à insustentável permanência de Madelón era preciso definir o nome do próximo técnico e ir buscá-lo a qualquer custo. E é neste cenário que o Cervecero goleia o Aldosivi, com requintes de crueldade, e com um tipo de futebol que dirigentes e torcedores de Bajo Flores não veem há muito tempo em sua equipe. Nome fechado, bastava ir atrás. A fórmula havia funcionado com Julio Buffarini, ex-jogador do Ferro; funcionaria também com Caruso Lobardi, agora ex-treinador do Quilmes.
Pouco importou ao meia do Verdolaga se estava saindo de um clube mediano e estável para se chocar e talvez se afundar no precipício institucional e futebolístico do Ciclón. Pouco importaria também a Caruso Lombardi. Afinal, ou eles ainda acreditam que o San Lorenzo é “grande” ou querem somente comer um pouco de caviar antes que o navio afunde de vez.
E o Quilmes, como fica?
Felizmente numa boa. Assim que os dirigentes do clube perceberam o interesse de outras equipes para o trabalho de seu treinador ficaram de olho em seu possível substituto. No começo não foi fácil definir um nome para deixar na gaveta. Contudo, os dirigentes se depararam com uma cena bastante inusitada. Nas últimas três vezes que a equipe atuou no Centenário de Quilmes eles se depararam, nas tribunas do estádio, com o ex-treinador do Olimpo, Omar De Fellipe. E o fato de ser De Fellipe ressaltava mais sua circunstância de estudioso do futebol do que sua possível campanha para substituir Caruso Lombardi. Tanto foi assim que o próprio Caruso, de língua afiadíssima, e crítico de cenários pouco éticos, em nenhum momento criticou ao ex-treinador do conjunto de Bahía Blanca.
Ciente do interesse do San Lorenzo a seu técnico, Aníbal Fernández, Senador da República e presidente do Quilmes, fez duas reuniões, após a goleada de 4×1 sobre o Aldosivi. Uma com os seus pares de Boedo e outra com o próprio Caruso Lombardi. Na primeira, negociou com Carlos Abdo a passagem ao San Lorenzo de uma dívida de três meses e meio de salários a Lombardi, além de 150 mil dólares ao clube do Sul. Na segunda reunião antecipou a Lombardi as condições da transferência (salários etc.) e as vantagens ao próprio Quilmes, além de formalmente assumir a liberação do treinador de modo que ele não ficasse mal frente aos hinchas cerveceros. Das condições, vale dizer que Caruso recebia 50 mil dólares no Quilmes e receberá 60 no San Lorenzo. Caso salve a equipe do rebaixamento, receberá mais 500 mil.
Omar De Fellipe técnico, e como fica a equipe?
Tudo indica que na mesma. O novo treinador já conhece o time até por tê-lo visto atuar recentemente. Deve estar feliz, já que o elenco do Quilmes é bem superior ao do Olimpo, o que fazia o treinador sofrer um bocado para montar a ex-equipe. E certamente se deu conta de que a forma de jogar do novo time vai de encontro à maneira como ele monta as equipes que dirige.
Deve ter percebido que o esquema que mais agrada ao elenco cervecero é justamente o 4-3-1-2, o seu preferido e aquele que ele utiliza sempre que pode. Dessa forma, o habilidoso Caneo será o enganche, trabalho executado no Olimpo por Rolle. No ataque terá os atacantes que não possuía no Olimpo, como Fernando Telechea, Cauteruccio e Giménez.
Ou seja, o caminho do Quilmes deverá ser mesmo o acesso direto ou a disputa da “promoción”. Se cair nesta modalidade, o destino talvez queira que justamente o San Lorenzo seja o rival do Cervecero nos “plays offs”. O que seria uma grande ironia do mundo do futebol. De um lado uma camisa pesada de história contra outra, mediana; um time eficaz e bem armado contra outro em frangalhos e com baixa autoestima. Um treinador finalmente reconhecido pelo seu trabalho competente contra outro, bom, mas questionado por não ter sido o santo milagreiro que todos esperavam em Bajo Flores.
Muito interessante quando você coloca cada time em seu devido lugar, visão muito meticulosa sobre o futebol argentino.
Com isso você quer dizer que eu posso esperar que o Quilmes dê uma lição de bola naquelas meninas vaidosas do River? Tomara.