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FP acompanha a curiosa vitória do Unión sobre o Racing em Avellaneda

Bandeirão da torcida do Racing

Desde Buenos Aires – Muitas vezes costuma-se comparar uma partida de futebol a um filme. Em determinados jogos nos deparamos com momentos de dramatismo, em outros doses de tensão e em muitos, descargas de alegria. Poucos são os jogos que conseguem reunir todos estes elementos de uma forma harmônica. A vitoria do Unión por 3 a 0 diante do Racing em Avellaneda, contou com um pouco de tudo isso.

Personagens para este filme não faltaram e o principal deles, roubou o papel que estaria destinado a Gio Moreno, Téo Gutierrez ou quem sabe Lucas Castro. Bologna, goleiro do Unión ganhou destaque por ir de vilão da Academia a herói do Unión. Quem assistiu ao jogo, teve algo mais parecido a uma boa sessão de cinema num sábado à noite, para quem perdeu, segue a resenha.

O JOGO

Sentado comodamente na cadeira de diretor, Basile contou com seu elenco completo nesta noite. Um dos atores preferidos pelos fãs, Gio Moreno, entrou no lugar do até então coadjuvante Santander.

Como elemento presente em qualquer filme de mocinho que se preze, o vilão necessariamente precisa começar em vantagem. E antes mesmo do primeiro minuto de jogo, mais precisamente aos 8 segundos, o Unión fez valer o script já conhecido e abriu o placar depois de uma jogada confusa na defesa da Academia, Diego Jara colocou os visitantes na frente.

Assim o clima de suspense e tensão logo tomaram conta do público que já se mostrava impaciente com o goleiro do time de Santa Fé, eleito pela assistência como o vilão da noite muito em função da catimba que fazia em cada lance. Fez por merecer e ganhou a antipatia de toda a maioria celeste e branca.

Bologna em um de seus vários momentos de catimba

O Racing tocava bem e a qualidade de Gio era um diferencial. Chegou a assustar pela primeira vez depois de uma boa troca de passes que terminou com um arremate colocado de Torranzo, outro que conseguiu ganhar um papel neste filme. Pillud fez uma pequena ponta e quase deixou tudo igual num forte arremate de fora da área que passou raspando a trave do Unión. Mas minutos depois, antes mesmo que a pipoca tivesse terminado, o vilão atacou novamente e entrou tocando de pé em pé até Velázquez ficar cara a cara com Saja e ampliar o drama para 2 a 0.

O que tinha tudo para ser um bom filme de ação e com final feliz, ia mudando seu roteiro de forma preocupante.

Em uma das poucas cenas de comédia, que seguramente encontraríamos nos extras do DVD, o árbitro do encontro, Maglio, se desesperou quando Torranzo vinha correndo com a bola dominada em sua direção. Caiu e da maneira mais bizarra possível, para alegria de ambos os públicos.

Mas a noite não estava para sorrisos, pelo menos para a torcida da Academia. Os comandados de Coco tinham a bola na frente, mas pareciam não saber o que fazer com ela, enquanto atrás todo ataque do Unión resultava perigoso. Lucas Castro foi outro que se arriscou no papel principal, bom chute de longe que parou no peito do goleiro.

No final do primeiro tempo a história atingiu um de seus clímax. Pênalti para o Unión resultado de um lance no mínimo duvidoso. Para assumir de vez o papel de “bandido”, Bologna brigou com seu companheiro e foi para a cobrança. Saja defendeu, mas o árbitro queria atuar como cúmplice do vilão e mandou repetir a cobrança. Então veio a boa sequência de ação. O goleiro mandou a bola literalmente na arquibancada. Saja saiu jogando rápido e ligou o contra-ataque com Gio enquanto Bologna esesperado, ainda cruzava a linha do meio de campo. O colombiano precisou ser parado com falta e a torcida local enlouqueceu pedindo a expulsão do defensor de Santa Fé.

Término da primeira parte e uma justa pausa para comprar um refrigerante e algo para comer.

Na volta para a parte final, Basile troca os atores e coloca Santander e Zuculini nos lugares de Gio e Torranzo, apostando no elenco conhecido que lhe deu provas de resultado e bilheteria nas últimas duas apresentações. De nada adiantou.

Nem bem rodavam os primeiros minutos e outra vez Jara, de cabeça, aumentou para 3 a 0, rescrevendo todo o roteiro imaginado para esta noite, agora muito mais inclinado para o lado dos visitantes. Basile se mostrava resignado e conversava com seus assistentes sem poder compreender em qual momento a trama imaginada por ele havia falhado.

Numa das melhores e únicas atuações de Santander, o paraguaio cruzou forte e rasteiro, mas Téo chegou segundos atrasado, talvez ainda falte um pouco mais de ensaio entre os dois.

E no momento da edição desta obra, uma cena se repetiu. Mesmo gol, mesmos personagens. Pênalti para o Racing, Téo corre para a bola e Bologna defende. O árbitro, assim como no primeiro tempo, manda repetir o lance. E o colombiano chuta para fora a chance de diminuir a vergonha.

Do lado do Racing, sua torcida foi o único ponto positivo

Como o que ocorria em campo não ajudava, a torcida do Racing resolveu ser, a torcida do Racing. Gritavam, cantavam e saltavam. Uma torcida que é fanática pelo seu time e que torce por si própria; curiosamente parece estar mais cômoda com a derrota do que com a vitória. Uma torcida que gosta dos filmes do gênero drama.

Final do espetáculo e um 3 a 0 doloroso para a equipe de Basile. Derrota inesperada e que freia a equipe de Avellaneda que vinha de duas boas vitórias e agora vê a ponta da tabela distanciar-se um pouco mais. Para o Tatengue, os três pontos conquistados fora de casa foram de grande importância.

Assim segue o estigma do torcedor racinguista, como se o filme se repetisse diante de sua retina uma e outra vez. Sugestão para um nome? Nada melhor do que o que escrito em uma das faixas que enfeitavam as arquibancadas; “Racing meu delírio, minha condenação”.

 

*Fotos por Matías Izaguirre

httpv://youtu.be/-bn9VfavhTI

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

One thought on “FP acompanha a curiosa vitória do Unión sobre o Racing em Avellaneda

  • Douglas

    Excelente texto. O resultado foi péssimo para o Racing e horroroso para o San Lorenzo, que fica ainda mais distante da fuga da zona da promoción

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