Títulos Argentinos no Mundial Interclubes (IV): Independiente 1973
O terceiro título mundial interclubes do futebol argentino chegou em 1973. Naquele ano finalmente o Independiente chegou ao topo do futebol mundial pela primeira vez após quatro tentativas. Ainda melhor, aquela decisão veria o nascimento do maior ídolo da história recente do Rojo.
Até a final daquele ano, o Independiente tinha o mundial interclubes como uma sequencia insuportável de fracassos. A equipe havia falhado nas finais de 1964 e 1965 contra a Internazionale, e havia sido derrotada pelo poderoso Ajax em 1972. Para piorar as coisas, o arqui-inimigo Racing havia conquistado o mundial em sua primeira tentativa, ao vencer o Celtic em 1967. A Taça Intercontinental, nome pelo qual o mundial interclubes era então conhecido, era um espinho entalado na garganta do clube.
Mas o ano de 1973 seria diferente. O clube havia perdido José Omar Pastoriza, que havia sido o grande líder da equipe nos anos anteriores, contratado pelo Mônaco. Mas isso não impediu o Independiente de vencer novamente a Libertadores. Com 3 vitórias, 3 empates e 1 derrota, o Rojo conseguiu o segundo bicampeonato do torneio, feito igualado apenas em 2001 pelo Boca Juniors. Venceria o campeonato nas duas edições seguintes, chegando a um tetra que ainda não foi alcançado. E naquela edição o treinador era Humberto Maschio, que havia vencido a Libertadores como jogador pelo Racing em 1967, se transformando no primeiro homem a vencer o torneio como jogador e treinador.
A decisão do mundial foi repleta de dúvidas. Como já havia feito em 1971, ao fim o Ajax resolveu não disputar o torneio, alegando falta de datas e ausência de retorno financeiro. Era o início de uma grande crise na Taça Intercontinental: dali até 1979, apenas uma vez o campeão europeu disputou a competição, em 1976, quando o Bayern venceu o Cruzeiro. Na maioria das demais edições o futebol europeu foi representado pelo vice campeão, mas houve anos (1975 e 1978) em que o enfrentamento simplesmente não ocorreu. O impasse seria resolvido apenas em 1980, com uma mudança no torneio, que passou a ser disputado em partida única no Japão.
Após muita indecisão, decidiu-se que a final seria disputada em uma única partida, entre Independiente e Juventus. A equipe de Turim havia perdido a final européia contra o Ajax, mas tinha jogadores de alta qualidade. O goleiro era Dino Zoff, que se tornaria muito conhecido da torcida brasileira em 1982, assim como Claudio Gentile, marcador implacável de Zico, e que também defendia a equipe italiana. No ataque da Vecchia Signora estavam Franco Causio (jogador da azzurra nos mundiais de 1974/78/82) e Roberto Bettega, grande artilheiro que disputou o mundial de 1978. Também defendia a equipe de Turim o brasileiro José Altafini, no ocaso de sua carreira.
Mas o Independiente tinha suas armas. O treinador da equipe no mundial foi Roberto “Pipo” Ferrero, defensor do Rojo nas conquistas continentais de 1964 e 1965. E sua maior virtude foi confiar nos jovens jogadores da equipe. Ferrero havia sido companheiro de vários jovens que haviam levado o Independiente a conquistas da Libertadores. E resolveu dar chance a alguns talentos em ascensão. Dois deles entrariam para a história do clube. O ponteiro Daniel Bertoni, rápido e insinuante, e o genial Ricardo “Bocha” Bochini. Para os argentinos que o viram jogar, Bochini lembrava muito o craque Iniesta, pelo seu imenso talento com a bola nos pés, sua liderança em campo, sua capacidade de colocar os companheiros na cara do gol, mas sem deixar de marcar gols importantes, quando as oportunidades apareciam.
Com essas duas equipes em campo, a partida foi duríssima. No primeiro tempo o goleiro Santoro fez milagres, e viu a bola se chocar duas vezes contra suas traves. No início da segunda etapa, Cuccureddu desperdiçou um pênalti, chutado acima da meta do Rojo. Até que a dez minutos do fim do jogo, Bochini e Bertoni fizeram uma tabela espetacular, finalizada com um toque preciso de “Bocha”. Bertoni tinha 18 anos, e Bochini 19. Naquele momentos, os dois jovens levavam o Independiente ao topo do mundo e se consagravam, ainda muito jovens, como ídolos supremos do clube. Naquele momento, o Rojo chegava ao topo do mundo, mas o melhor era que a conquista suprema havia sido comandada por garotos que ainda trariam muitas alegrias para o Rojo.
Confira os melhores momentos da partida final, e o gol de Bochini