O fim da era Falcioni?
Enquanto alguns pensam no título que poderá vir nos próximos dias, outros pensam no técnico que pode partir tão logo conquiste o campeonato Apertura 2011. Julio Cesar Falcioni nunca foi unanimidade dentro do clube e desde sua chegada já se falava no dia de sua saída.
Com um início promissor o treinador chegou ao clube no início do ano conquistando todos os Torneios de Verão que disputou e de quebra ainda saiu invicto de todos os Superclasicos. A sua história frente a equipe do Banfield o fez chegar a equipe de La Ribera em condições de salvador, após a passagem nada convincente de Claudio Borghi.
Porém o caldo começou a engrossar tão logo o Clausura 2011 começou, com a sonora goleada contra o Godoy Cruz, por 4 a 1 diante de uma torcida havida por títulos e cheia de esperanças com o momento inicial do treinador que bateu o pé por reforços que em nada contribuíram e demoraram a entender o que era jogar em uma equipe como o Boca Juniors.
Antes da metade do Clausura as divergências com a estrela do grupo, Juan Román Riquelme ganhavam as manchetes, e pioraram quando o treinador barrou oenganche alegando que só o colocaria quando estivesse em sua melhor forma.
O torneio terminou com uma pífia sétima colocação e o empolgante começo esquecido e enterrado. Pior ainda, com a cabeça a prêmio e sem força de palavra dentro do clube, Falcioni teve que tirar leite de pedra para conseguir os reforços que exigia no segundo semestre contentando-se com os oferecidos pela diretoria azul y oro.
O giro europeu trouxe mais dúvidas que certezas e as desconfianças aumentaram, após o jogo de estreia, quando um empate sem gols e com pouquíssimo futebol deu motivos de sobra aos torcedores para pedir a saída do treinador, que teve apoio dos jogadores e responderam com uma goleada digna dos bons tempos do Boca.
A mística de equipe imbatível dentro de sua cancha estava quase se perdendo e então, em cima de um Unión atordoado dentro da La Bombonera lotada, como sempre, saiu com a vitória de uma equipe que deixou a alma em campo e saiu vitoriosa por méritos.
Dali para frente o Boca Juniors voltou a sonhar, pensar em lutar pelo título que já não conquistava desde 2008, quando teve um inspirado Rodrigo Palacio e um Riquelme eficaz e participativo.
As más línguas depositaram a razão do bom momento a saída de Martín Palermo que ao se aposentar deixou o vestiário mais leve e assim, Falcioni pode trabalhar melhor o grupo, chegando a ter o apoio incondicional de Juan Román Riquelme e sendo a recíproca verdadeira quando o treinador brada que seu mais importante jogador e líder é o camisa 10. Clima perfeito para a tranqüilidade e a lua de mel Xeneize.
Porém o que se vê neste instante é um Julio Cesar Falcioni com uma mão no 23° titulo argentino e outra no entregando currículo de treinador campeão e desempregado. Diz-se que a vaga tem dono, e a exemplo do que ocorreu no início do semestre deste ano de 2011, seria Del Virrey, Carlos Bianchi, que já acenou como possível sua chegada ao clube Xeneize, que é o candidato a treinador pelos candidatos a presidência do clube.
Bianchi já declarou não ter problemas com os candidatos, nem Ameal e nem Angelici, e demonstrou desejo em voltar a dirigir em declarações recentes. Porém, do outro lado, mesmo com a boa campanha, ninguém parece ter dado muita importância para o trabalho de Julio Cesar Falcioni e com a aproximação do fim de seu contrato, nada se ouve falar de renovação ou mesmo uma conversa. O que não parece ter tirado o humor do treinador e muito menos seu foco. Ser campeão com o Boca Juniors pelo Apertura 2011.
“Bianchi já declarou não ter problemas com os candidatos, nem Ameal e nem Angelici”
Com o Angelici ele tem problema. Com qualquer assecla do Macri ele tem problema. Motivo simples: durante os anos de ouro, o Virrey impediu inúmeras negociatas tão ao gosto do atual prefeito de Buenos Aires. Tanto que, em represália, Macri não reforçava o elenco. Vale lembrar que, quando Basile assumiu em 2005, Macri abriu a mão e reforçou o time para valer. Porque Basile se submete a esse tipo de gente (depois foi pra seleção).
Para mim, Falcioni fica se Angelici ganhar dia 4. O que apenas demonstraria a fragilidade do sistema político argentino: um demagogo apoiado por um político notório por suas histórias nebulosas pode, com o apoio incondicional da mídia, assumir as rédeas de um dos maiores clubes do mundo e levar adiante o projeto de elitizá-lo – um insulto às raízes populares xeneizes.