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Bottinelli diz que não tem mais clima para jogar pelo San Lorenzo

Desde Buenos Aires – A violência no futebol não é uma exclusividade do Brasil. E nem de nenhum outro país. Todas as ligas mundiais, algumas mais outras menos, sofrem com esse fenômeno social. A luta na tentativa de extinguir ações violentas no esporte, é o que diferencia o progresso que cada uma destas ligas consegue dar neste sentido.

Quando torcedores decidem que sua participação vai além do incentivo ou da cobrança, desde seu lugar na arquibancada, o que se produz são ações como as vividas no dia de ontem durante um treinamento do San Lorenzo no seu estádio em Bajo Flores. Treinamento este a portas fechadas, mas que de alguma maneira, ainda desconhecida, permitiu o acesso de alguns membros da “barra brava” do clube.

É bem verdade que a relação entre Jonathan Bottinelli e a torcida já vinha desgastada.

Desde as falhas na derrota contra o Atlético Rafaela pela sétima rodada até mais recentemente, na última segunda-feira,  quando o jogador discutiu com torcedores enquanto saía de campo depois de outra derrota, dessa vez contra o Arsenal. Soma-se a tudo isso, apresentações de baixo nível técnico que levaram Bottinelli, um dos líderes deste grupo, a ser cobrado por aqueles que entendem que suas funções como torcedores vão além das arquibancadas e assumem papel de fiscais.

Explica, mas nem de longe se justifica.

Já se comenta que o San Lorenzo poderia jogar o que resta deste torneio a portas fechadas, mas o clube desmente essa possibilidade. O diretor Roberto Ribas, assegurou que isso não ocorrerá e antecipou que o chefe da segurança do estádio Nuevo Gasómetro, palco do incidente, já foi demitido. Mas a decisão se a partida do próximo domingo contra o All Boys se jogará sem público ou não, depende do Ministério de Segurança.

O dirigente também comentou o caso: “Hoje não contamos mais com o jogador. Pode ser que não queira jogar mais” afirmou.

De certo até agora, apenas a entrada da “Futbolistas Argentinos Agremiados”,o sindicato dos atletas, que cobrará uma postura mais eficiente dos clubes onde ocorrerem situações semelhantes a esta. Vale a pena lembrar que meses atrás, o Independiente também sofreu com atitudes violentas de sua “barra”, inclusive resultando na queda do então técnico Turco Mohamed.

Bottinelli declarou momentos depois do ocorrido, que já não tinha mais como continuar no Ciclón. Numa conversa com alguns jornalistas, confirmou essa possibilidade, mas também pensou em reconsiderar sua posição. “Quando se está nervoso, o primeiro que te ocorre é não jogar mais. Está difícil voltar ao clube” declarou.

Sobre as agressões, disse: “Pedem mais garra, mais vontade e dizem que isso é San Lorenzo, o mesmo de sempre. Eu nunca fui atrás de briga com ninguém, pois tenho muito a perder. Acabaram me atingindo por trás. Vou conversar com o presidente”.

Hoje a equipe treinou no Hindu Club em Don Torcuato e a tendência é que siga utilizando o local pelo menos até o confronto contra o All Boys.

O único que esses torcedores conseguiram, foi afastar ainda mais o time num ano que se torna emblemático pelo esforço e pela luta para regressar a Boedo.

Confira o vídeo que teria motivado a agressão dos torcedores
httpv://www.youtube.com/watch?v=Ba33Cyu6CzU

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

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