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Desde Avellaneda, Independiente 0 x 1 Vélez

De Buenos Aires – Domingo, dez horas da manhã. No Brasil, estes seriam dia e hora marcados para o tradicional “Desafio ao Galo”, clássico do futebol de várzea. Mas aqui na Argentina, foi o horário escolhido para um confronto importante: Independiente x Vélez.

Faltando uma hora para o jogo, nas imediações do estádio Libertadores da América em Avellaneda, não se vendiam os tradicionais choris (sanduíches de linguiça) ou a deliciosa bondiola (o pernil dos estádios brasileiros). Os torcedores se reuniam para tomar o café-da-manhã, compartilhando o mate (chimarrão), comendo algumas medialunas e acertando os detalhes para uma boa churrascada quando terminesse a partida.

Nesta manhã ensolarada de primavera, a alegria e os planos da torcida do Rojo terminaram quando a água da garrafa térmica que serve o mate acabou e Néstor Pitana, o árbito da partida, deu início ao jogo.

Durante os primeiros quinze minutos, a bola não parou nos pés dos jogadores do Independiente. O Vélez, melhor organizado, apostava no lado direito do seu ataque principalmente nas boas investidas do camisa 8, Augusto Fernandez.

Aos 30 minutos, o aviso de que esta seria uma manhã complicada. Fernandez faz boa jogada, cruza e Vuletich se atira em direção à bola. Consegue o desvio para o gol, mas sem força suficiente para dar um destino certo. Sentindo a pressão do visitante e percebendo que poderia se complicar na partida, Ramón Diaz adianta sua linha de volantes, abafando a saída de bola da equipe de Liniers. O Independiente melhorou e arriscou alguns chutes de fora da área.

Já no finalzinho do primeiro tempo, quando a equipe da casa se sentia um pouco mais à vontade, veio o castigo. O uruguaio Ramirez recebe um lançamento açucarado, ganha de Milito na corrida e toca por cima do goleiro Navarro. Vélez 1 a 0 e o churrasco parecia ficar para outro dia.

Com intenção de ir para o vestiário com a vantagem, o Vélez gastou o tempo que restava fazendo a bola correr, alternando de lado com precisas inversões de jogo. Antes mesmo do final do primeiro tempo, todos os reservas do Independiente já estavam no aquecimento. Ramón dava sinais de que não estava gostando do que via e que voltaria com mudanças para a segunda etapa.

Durante o intervalo, hora de esfriar a cabeça e procurar na sacola o que sobrou das medialunas da entrada. A torcida do Independiente ensaiava uma vaia enquanto a do Vélez recordava a freguesia. Nos três últimos confrontos, foram duas vitórias para o Fortín e um empate.

As equipes retornam e o Independiente mexe, entram Busse e o colombiano Marcos Pérez . Os primeiros dez minutos da etapa complementar foram mais do mesmo. Um jogo truncado, batalhado no meio de campo. Com o passar do tempo e a obrigação da vitória por jogar em casa, o Rojo foi se soltando e aparecendo um pouco mais no ataque, mas se perdia no momento de concluir.

Até que a paciência da torcida terminou. A tribuna sul, onde se concentram torcedores comuns que não pertencem à Barra Brava, voltou a insultar o presidente Comparada e alguns jogadores. Ramón Diaz ainda tentou com Defederico no lugar de Maxi Velázquez, mas o cenário não mudou.

E quem continuava chegando com perigo era o Vélez. Aos 39 minutos, novamente Ramirez apareceu livre contra Navarro, mas desta vez o goleiro conseguiu fazer a defesa.

Final de jogo vitória do Vélez e churrasco cancelado. Na saída de campo, os torcedores mandaram seu recado e alertaram que no próximo domingo, dia do clássico de Avellaneda contra o Racing, é ganhar ou ganhar.

E como o aviso foi dado no campo, nos vestiários o assunto não poderia ser outro que o próximo jogo do Independiente pelo campeonato argentino. A equipe tem uma viagem no meio de semana para o confronto contra a LDU, pela Copa Sulamericana e Ramón aproveitou para adiantar que poupará alguns jogadores neste duelo.

Pelo que disse o técnico durante a coletiva de imprensa, o pensamento já está no próximo domingo. “Creio que hoje o mais importante é o clássico. Temos o jogo contra a Liga de Quito, uma viagem longa, mas neste momento, pelo que está vivendo o Independiente, o mais importante é jogo com o Racing”.

Agora é esperar o próximo fim de semana para saber se a torcida do Rojo poderá saborear uma vitória e dar-se o gosto de uma boa churrascada

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

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