Nos acréscimos, River cede empate a Quilmes
Em movimentado embate na cancha cervecera, o Quilmes recebeu o River Plate e aos 46 minutos da segunda etapa, freou a gana millionaria no que era o seu 100% de aproveitamento até aqui. O resultado foi justo para um Quilmes que dominou a partida na primeira etapa, mas que saiu perdendo porque não havia percebido que estava diante do River. Uma equipe que pode até não estar em um grande dia, mas que continuará tendo em campo o talento de jogadores como Aguirre, essencial na partida para um Millionario muito distante da equipe que deu uma dura lição ao Desamparados na rodada anterior. Contudo, se o time de Núñez tem um grande elenco, tem um defeito: marca mal. Marca com indiferença. Marca apenas porque a bola algumas vezes há de estar no seu campo de defesa. Só isso. E por isso tomou o empate em Quilmes. Ou, em outras palavras, presenteou o adversário com um gol de pelada, no qual o homem mais próximo de Telechea estava a dois ou três metros de distância. O resultado, contudo foi bom e ainda mantém o River na liderança. O que precisa fazer agora é tudo o que não fez nos dois minutos após o gol de empate: ter a impressão que o munda está por acabar e que o inferno o espera sorrateiro e sombrio.
O encontro começou esquisito. Muita correria, muita vontade, muito suor: pouco futebol. O problema em questão tinha um nome: a falta de um cérebro que mostrasse a todos os bravos soldados que o nobre futebol se joga com a bola no chão; com o toque pensado, com lançamentos ou boa condução, a partir do meio ou dos flancos do campo. Estamos falando de uma figura central, de um homem de meio-campo; alguém que organize uma equipe. Nem o River nem o Quilmes tinha um. E o jogo começou pura correria.
No River, Sáchez e Domínguez estavam isolados de tudo e de todos. Assim a pelota não chegava a Cavenaghi. Também em razão do bloqueio implementado pela defensiva cervecera às infiltrações de Sánchez, que havia feito o que quis no embate frente ao Desamparados de San Juan, desapareceram. No Quilmes, Caneo jogava só, sem que nenhuma bola chegasse aos seus pés. Assim foram os 10 primeiros minutos, sem nada significativo, exceto a demonstração de que todos ali bem que poderiam estar em Daegu, na Coreia, onde se disputa o glorioso Mundial de Atletismo. Foi então que o jogo mudou.
A partir de uma orientação de Caruso Lombardi a Germán Mandarino, Pablo Garnier e Lucas Rimoldi se posicionaram melhor e pararam de correr atrás dos laterais millionarios feito loucos. Preocupando-se mais com a criação das jogadas, se tornaram os donos do meio-de-campo. Ao mesmo tempo, Cauteruccio encostou em Caneo. As chances começaram a surgir para o Cevercero. Aos 11, Cauteruccio quase abriu o placar, após explorar uma avenida recém-descoberta, chamada Alayes. Dois minutos depois, Cauteruccio fez bom cruzamento e Serrano cabeceou sozinho rumo ao travessão de Chichizola.
O forte domínio do conjunto local ficou claro não somente no excesso de jogadas que o Cervecero produzia, mas em uma particular jogada millionaria. Aos 23 “Chori” Dominguez recuperou uma bola ainda no campo de defesa. A levou pela esquerda absoluto. Correu e olhou. Olhou e correu, até que a bola ficou com a zaga local, sem que seus esforços resultassem em algo produtivo. Por quê? Porque quando olhou não viu ninguém. Estava só. Cavenaghi havia voltado para dar combate no meio e ficou sem pernas para fazer par com o “Chori” no ataque. Melhor em campo e pensado a partida, o Quilmes ia descobrindo espaços.
Descobriu que o caminho era no costado de Alayes, na instabilidade de Nico Domingo e no irreparável desprezo pela boa arte de se defender que o Millionario de Núñez tem demostrado na B Nacional. Aos 32 minutos, Domingo perdeu uma bola incrível na péssima saída para o ataque. A bola foi recuperada pelo ataque cervecero que só não fez o gol porque Garnier, ao menos por um momento, achou que estava em Mendoza, onde a equipe cervecera havia perdido inúmeras chances de gol e bastou fazer um para sair com o triunfo frente ao Rivadávia. O adversário era outro. E ele não percebia. Dois minutos depois, Carlos Sánchez mostrou a ele como devia fazer: acertou um chutaço de fora da área e a bola por pouco não entrou. Um minuto depois, foi a vez de Aguirre e Cavenaghi mostrarem a correta lição a Garnier. Melhor em campo pelo River, Aguirre fez excelente lançamento para Cavenaghi, que na frente de Tripodi fez 1×0 para o conjunto de Núñez. Assim terminou o primeiro tempo. O Quilmes fez muito mais que o adversário, mas não fez o gol. O visitante fez pouco, mas o essencial. Por isso fechou a primeira etapa com a vitória parcial.
A etapa complementar não apresentou a mesma movimentação que a primeira. A instabilidade do River passou ao Quilmes, que demostrara, já no fim do primeiro tempo, que havia sentido no peito o duro golpe que representou o gol millionario. Nem mesmo a intervenção de Caruso Lombardi, no intervalo, foi suficiente para que os seus comandados se reencontrassem em campo. O River se aproveitou e pouco a pouco passou a controlar a partida.
Contudo, o dia não era dos melhores para os comandados de Almeyda. Abecasis havia saído logo no início, contundido. Ocampos pela primeira vez parecia sentir a pesada camisa millionaria. Sánchez parecia ter sido objeto de pesquisa e estudo por parte de Caruso Lombardi: seus avanços continuavam bloqueados, seus passes não saíam porque assim que tocava na pelota algum cevercero chegava pesado no uruguayo; na maioria das vezes com faltas duras. Domínguez, parecia estar jogando o melhor futebol do mundo na segunda etapa, se comparado com o mesmo futebol que jogou na primeira: um dos piores. E mesmo a exceção millionaria, o excelente Martín Aguirre não obtinha sucesso, pois seu jogo não se deparava com o futebol que seus demais companheiros deixaram no Tomás Adolfo Ducó. E assim transcorreu a maior parte da segunda etapa, sem que muitas coisas acontecessem. Exceto duas.
A primeira foi uma notável jogada de “Chori” Domínguez pela esquerda. Driblou metade da zaga cervecera e, apesar da grande jogada, olhou para Tripodi e resolveu jogar a bola em suas mãos: no meio do gol. Poderia ter matado a partida; na hora do chute ninguém lhe dava um combate respeitoso. A segunda foi uma entrada violentíssima de Telechea em Ledesma. Em vez de ir preso, o jogador do Quilmes sequer foi expulso por Lunati.
O cenário então era de um Quilmes se arriscando ao contra-ataque e buscando apenas com o coração o gol que era mais merecido no primeiro que no segundo tempo. Porém, a confluência das duas circunstâncias acima com o já famoso desprezo millionario pela boa arte de se defender resultou em um presente tardio para o Quilmes. Aos 46, após um levantamento para a área. Telechea (o mesmo que Lunati não havia mandado para o chuveiro) recebeu livre na área, sem nenhuma marcação. E tal como um barrigudo jogador de várzea a quem ninguém marca, depois do excesso de torresmo e cerveja, cabeceou para as redes de Chichizola e igualou o placar da partida. 1×1 que no fim das contas fez justiça ao que foram os 90 minutos de jogo.
Na próxima rodada, o Quilmes novamente será local, mas diante do Deportivo Merlo. Já o River será local frente ao Defensa y Justicia, sem público.
Formações:
Quilmes: Emanuel Trípodi; Jorge Serrano, Sebastián Martínez, Ariel Agüero, Ernesto Goñi (Sebastián Romero); Germán Mandarino (Fernando Telechea), Pablo Garnier, Lucas Rimoldi (Pablo Vázquez), Claudio Corvalán; Miguel Caneo; y Martín Cauteruccio. DT: Ricardo Caruso Lombardi.
River: Leandro Chichizola; Luciano Abecasis (Alexis Ferrero), Agustín Alayes, Jonatan Maidana, Juan Manuel Díaz; Carlos Sánchez, Nicolás Domingo (C. Ledesma), Martín Aguirre, Lucas Ocampos (Rogelio Fuenes Mori); Alejandro Domínguez y Fernando Cavenaghi. DT: Matías Almeyda.
Árbitro: Pablo Lunati.
O River não sabe lidar com a pressão desde o final do clausura, quando teve aqueles jogos decisivos, levava um gol e entrava em desespero, foi assim nos 2 jogos copntra o Belgrano e foi assim também ontem diante do Quilmes, se concertar essa parte psicologica do elenco vai melhorar muito.
Grande relato!
Destaque para a atuação (antes, durante e depois) do técnico do Quilmes, Ricardo Caruso Lombardi e sua língua afiada.
Continue a cobrir o “purgatório” do GIGANTE RIVER PLATE!
Voltaremos para a elite, demonstrando ainda mais nosso contentamento e entusiasmo em torcer para
EL MÁS GRANDE / EL MÁS CAMPEÓN!
110 Anos de Glórias e contribuição definitiva e inestimável para o futebol portenho e seleção argentina!
“O River não sabe lidar com a pressão desde o final do clausura”
NUNCA conseguiu, Yuri. Só ganhou Libertadores do América de Cali porque jogava a segunda em casa. Quando precisou escapar da Promoción achou que seria simples e relaxou. Com a cumplicidade da mídia que agora resolveu levantar a bola do time com matérias ridículas. E ainda reclamam da Ley de Medios…
Concordo plenamente com seu comentário Diogo Terra
Mais uma análise perfeita do que foi a partida, meu caro Joza. Só acho que o nosso Almeyda substituiu mal, colocando o improdutivo Funes Mori, quando, naquele instante do jogo, deveria reforçar a marcação.
Você tem razão Elsio, está corretíssimo. Mas está faltando tranquilidade no River. Para todos. O caminho de volta precisa ser trilhado com calma e mais planejamento. Não precisa só atacar o tempo todo; não precisa ganhar de muito, basta ganhar. O River vai precisar resolver esse problema. Sábado tive a impressão que se restassem mais uns cinco minutos a “coisa” poderia ficar ainda pior. Na próxima rodada, recebe o Defensa e dá para ganhar. Vamos ver. Abs.