Sul-Americana

No fim, e no sufoco, Lanús empata com Godoy Cruz

Em partida em que o Godoy Cruz se mostrou um visitante indesejável, o Lanús conseguiu jogar apenas no primeiro tempo. No segundo, foi completamente dominado pelo bom futebol e a forte disposição de uma equipe visitante que foi ao Sul de Buenos Aires para ganhar a partida e finalizar a disputa. Isto só não ocorreu porque o Granate possui grandes jogadores, como Mauro Camoranesi. Com a equipe praticamente entregue e dominada pelo Tomba, el Chino entrou e foi decisivo para o empate em 2×2. Resultado que deixa o Tomba bastante tranquilo para a partida de volta, em Mendoza.

Partida movimentada na primeira etapa, com as duas equipes propondo um jogo aberto e a busca do gol. Contudo, para o bom toque de bola em volta da área de cada equipe, faltava a necessária penetração à área para que o excesso de ensaio resultasse em gol. O Lanús tinha em Juan Neira uma rara apresentação de qualidade em seu novo clube. Recebia a bola no meio-campo e, em alguns momentos, a tocava de maneira leve e articulada para os atacantes granates. Em outros momentos, a conduzia, caindo sobretudo pela esquerda, como um falso ponta. Assim, fez uma grande jogada aos 21, quando driblou três zagueiros do Tomba e arrematou mal para o gol, praticamente recuando a pelota para Torrico. Porém, as jogadas não resultavam em grandes finalizações e o Granate precisou de uma bola parada, aos 19, para chegar ao primeiro gol da partida. Depois de cobrança de escanteio de Neira, pela esquerda, González se antecipou ao bom Nico Sánchez, no primeiro pau, e colocou a bola nas redes de Torrico: 1×0

O placar não fazia justiça à coragem e disposição do Tomba. A equipe mendocina atacava com 10 e se defendia praticamente com seus onze jogadores. Esforço que também se coroava de qualidade. Sobretudo na figura do excelente Diego Villar, que caía pela direita e infernizava a defensiva granate. Aos 25, bate-rebate em frente à área granate, após cobrança de falta mal elaborada. Ninguém sabia o que fazer com a bola e ela sobrou para Ariel Roja disparar um chute certeiro nas redes de Marchesín: 1×1. A equipe granate parecia não se dar conta da disposição mendocina e as consequências que dela poderia resultar. Ignorava. Dava de costas e foi duramente castigada dez minutos depois de levar o empate. Bola disputada no meio-campo. Alguém cabeceia daqui, alguém cabeceia de lá e a pelota mais uma vez sobrou para o Tomba, precisamente para Álvaro Navarro, que a chutou a 90,2 km por hora e a colocou no ângulo de Marchesín: 2×1 para o Tomba. Antes da partida, Schurrer havia dito que o mais importante no encontro era não levar nenhum gol em casa. Por isso, sua expectativa era uma só: que acabasse o primeiro tempo o mais rápido possível. Foi o que aconteceu.

A segunda etapa foi bem distinta da primeira. A disposição do Godoy Cruz foi a mesma, contudo a do Granate deixou a desejar. E foi o visitante quem chegou pela primeira vez, logo no início da segunda etapa. O Lanús voltou mais sonolento, com alguns jogadores demonstrando dificuldades em assumir a responsabilidade de reverter um placar frente a um grande adversário. Juan Neira desapareceu da partida. Pavone ficou isolado no ataque e mesmo as tentativas de atacar pelos flancos do campo não resultaram em nada produtivo, pois a equipe granate era toda dominada pelo Tomba de Mendoza.

Nem mesmo as entradas de Regueiro e Camoranesi pareciam alterar a configuração de uma partida que se fosse vencida pelo visitante, teria sido em parte no primeiro tempo e, em parte, nos vestiários, quando pareceu que a intervenção de Jorge da Silva foi superior a de Gabriel Schurrer. Um dos erros claros do comandante granate foi a formação dos onze titulares, além da demora em colocar em campo jogadores como Mauro Camoranesi, Romero e Mario Regueiro. E isso se confirmou já nos acréscimos da partida, quando o Granate fez o gol de empate com a excelente participação de Camoranesi. Ao entrar no jogo, el Chino dividiu com Juan Neira uma responsabilidade que o ex-jogador do Gimnasia não conseguia levar sozinho em suas costas. Aos 46, em ótima jogada que teve participação destacada de el Maquinista, a bola foi para os pés de Neira, que empatou a difícil partida. O resultado não fez justiça ao melhor futebol praticado pelo visitante. Porém, o empate em 2×2 não deixou de ser bom para o Tomba, que na partida de volta pode empatar até por um gol que fica com a vaga à próxima fase da Sul-Ameridana.

Lanús: Agustín Marchesín; Carlos Araujo, Carlos Izquierdoz, Diego Braghieri e Luciano Balbi; Eduardo Ledesma (Mauro Camoranesi), Diego Gonzalez e Guido Pizarro (Silvio Romero); Lucas Mancinelli (Mario Regueiro), Juan Neira; Mariano Pavone. Técnico: Gabriel Schurrer.

Godoy Cruz: Sebastián Torrico; Roberto Russo, Leonardo Sigali, Nicolás Sánchez e Germán Voboril (Zelmar García); Diego Villar, Nicolás Olmedo, Ariel Rojas, Gonzalo Cabrera (Franklin Salas), Álvaro Navarro (Leandro Caruzo) e Rubén Ramírez. Técnico: Jorge Da Silva.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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