Blog FP: Batista e a nova Argentina
Quando Sergio Batista chegou ao selecionado argentino, pouco tinha a apresentar em termo de trabalho realizado em clubes. Seu único cartão de visitas era a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim. Chegou para substituir o maior ídolo da história do futebol do país, com quem, para piorar, estava brigado. Batista teria trabalho para convencer torcida e imprensa de que era o homem certo para o cargo.
Por seu lado, Maradona, embora tenha mantido o status de deus do futebol argentino, havia sido muito criticado como treinador da seleção do seu país. Essas críticas se concentravam em quatro pontos: havia deixado Zanetti e Cambiasso, ambos em grande fase, fora do mundial; usou zagueiros lentos e pesados como laterais; deixou o meio campo despovoado, abrindo espaço para os contra-ataques adversários; e não conseguiu fazer Messi jogar seu melhor futebol.
É evidente que Checho Batista buscou consolidar seu lugar mostrando que era melhor que Maradona. Claramente sua prioridade é mostrar que pode acertar onde Diego falhou. Zanetti e Cambiasso tem frequentado as convocações, laterais de ofício têm sido testados, o meio campo tem jogado sempre com 3 volantes, e Messi tem jogado livre na frente, para poder se deslocar à vontade e render o melhor possível.
A partida de hoje mostrou os lados positivos e negativos da escolha. O lateral esquerdo Rojo teve medíocre estréia na seleção, sendo envolvido com frequencia por Nani enquanto o português esteve em campo. Mascherano, Cambiasso e Banega conseguiram dar solidez ao meio campo, mas deixam a albiceleste sem boas opções para armar o jogo, já que Messi começou o jogo como centroavante (ou “falso 9”), e Lavezzi e Di Maria ficavam abandonados dos lados do campo. A grande distância entre os três volantes e os atacantes impedia a criação de boas jogadas.
Por outro lado, Messi tem jogado como nunca pela seleção argentina. Começou a partida como falso 9, mas logo percebeu que não conseguiria nada enfiado entre os zagueiros. A albiceleste não é o Barcelona, onde nessa função tem sempre a companhia de meias vindos de trás e os incisivos Pedro e Villa, com os quais pode tabelar e trocar de posição à vontade. Percebendo isso, o craque começou a se movimentar nas costas do meio campo portugues, caindo pelos lados do campo. Desequilibrou novamente.
Ao fim, é difícil avaliar o resultado final. Com Batista, Messi joga o que nunca jogou pela seleção de seu país. Por outro lado, é praticamente a única arma que a albiceleste possui. Por um lado, pode-se elogiar Checho, por ter feito com que seu maior craque finalmente tenha atuado como se esperava pela seleção. Por outro, pode-se criticá-lo pela Messidependência. Copo meio cheio ou meio vazio, a gosto de quem vê.
Batista vem tendo êxito em suas mudanças e novas tendências ideais em relação a era passada de Maradona.
A Argentina aos poucos vem atuando conforme o jeito de Batista:
– Hoje não temos um Mascherano isolado como na África 2010. Hoje Mascherano é auxiliado por Banega em sua maioria.
– Di Maria finalmente está jogando em sua posição de origem, ao contrário de 2010, onde o esquema de Maradona apagava Di Maria.
– Apesar de não ter atuado desta maneira frente a Portugal, Batista ainda mostra intenções de buscar um “enganche” para completar o seu meio-campo. D’Alessandro, Pastore ( o mais cotado para a vaga ), Riquelme ( que vem sendo muito falado ), Maxi Moralez e Nico Gaitán vêm sendo o nomes para a posição.
– Zanetti e Cambiasso foram trazidos de volta, apesar de terem idade avançada! Mesmo com a idade fazem justiça ao nome construído na Europa! Não é a toa que Zanetti já foi confirmado para a Copa América 2011.
Batista, tirando a derrota para o Japão, que considero normal numa trajetória, vem sendo perfeito em suas palavras e atitudes.