Seleção

Argentina e Copa América: uma relação de muitas vitórias (Parte II)

Após vencer brilhantemente o Sul-Americano de 1955, no ano seguinte a Argentina iria defender no Uruguai seu título. E mais uma vez o torneio ganhou o caráter de “extraordinário”, sem a disputa do troféu do campeonato. Mesmo assim, os donos da casa estavam mordidos pelo desastroso resultado no torneio anterior e quiseram dar o troco nos argentinos, que vieram para o Uruguai com a mesma base que conquistara o Sul-Americano e um jovem atacante chamado Omar Sívori.

Os uruguaios não decepcionaram sua torcida e foram campeões invictos. Já os argentinos ficaram somente em terceiro lugar, numa pobre participação. Nesse torneio, houve uma interessante quebra de tabu: após 34 anos a Argentina perdeu do Brasil em Campeonatos Sul-Americanos.

Se em 1956 a Argentina ficou devendo futebol, no ano seguinte a albiceleste mostraria a todos um grande selecionado. O Sul-Americano daquele ano foi realizado no Peru e, para apagar a má impressão deixada no Uruguai, o técnico Guillermo Stábile procurou mesclar jogadores experientes com jovens talentos. O artifício deu resultado e estava formada uma das melhores seleções argentinas da década, com os legendários “Carasucias de Lima”. Comandados por Maschio, Sívori e Angelillo, os argentinos passearam: fizeram 8 a 2 na Colômbia, 3 a 0 no Equador, 4 a 0 no Uruguai, 6 a 2 no Chile e um categórico 3 a 0 no Brasil, que contou com vários jogadores que seriam campeões mundiais no ano seguinte, como Gylmar, Djalma Santos, Didi e Pepe. Mesmo perdendo o último jogo para o Peru por 2 a 1, a Argentina conquistou seu 11º título Sul-Americano.

A equipe dos Carasucias de Lima

O torneio voltaria a ser realizado em 1959, na Argentina. Mas um ano antes os argentinos tiveram uma grande decepção. A albiceleste foi eliminada ainda na primeira fase da Copa do Mundo e sofreu a maior goleada da sua história, um 6 a 1 para a Tchecoslováquia. Com isso, os argentinos promoveram uma “caça às bruxas” culpando os jogadores por “corpo mole”, os dirigentes por terem concordado com o êxodo dos “Carasucias” para a Europa e sua consequente ausência da Copa e o técnico Stábile por ter montado o time com jogadores contundidos e fora de forma. A absoluta desorganização da AFA na Copa de 58 deu início a um processo de renovação e reestruturação na seleção argentina.

Nesse contexto, o Campeonato Sul-Americano tinha como grande favorito o Brasil, que era o atual campeão mundial. Mesmo com todo o favoritismo, a equipe verde-amarela venceu quatro jogos e empatou um. A Argentina surpreendentemente ganhou seus cinco jogos e assim tinha a vantagem do empate no último confronto do campeonato, justamente a ser realizado contra o Brasil. Um empate por 1 a 1 num lotado Monumental de Núñez garantiu o título e foi um consolo para os argentinos, ainda ressentidos pelo vexame de 58.

A cidade equatoriana de Guayaquil inaugurou um novo estádio e solicitou à Conmebol uma autorização para organizar um novo Sul-Americano. A Conmebol referendou e assim pela primeira e única vez na história dois Sul-Americanos aconteceram no mesmo ano. E, como não poderia deixar de ser, esse campeonato também teve o status de “extraordinário”. A Argentina chegou ao Equador com a base do San Lorenzo, que havia conquistado o título nacional. Começou vencendo o Paraguai por 4 a 2 e apenas empatou com o Equador por 1 a 1. Na sequência, uma humilhante derrota para o Uruguai por 5 a 0 e uma vitória sobre o Brasil (representado por um combinado de jogadores de Pernambuco) por 4 a 1. Com isso, os argentinos ficaram com o vice-campeonato.

Um novo Campeonato Sul-Americano voltaria a ser organizado somente quatro anos depois e pela primeira vez coube à Bolívia a tarefa de sediar a competição. A seleção argentina decidiu enviar ao país altiplano um time juvenil, acompanhando uma decisão da CBD, que levou a Seleção de Minas Gerais, campeã do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. Mesclando boas e más atuações, a Argentina terminou em terceiro lugar e a Bolívia conquistou o título pela primeira e única vez na sua história.

Em 1967 o Uruguai realizou mais uma edição do Sul-Americano, que seria a última que levaria essa denominação e também a última que teria o sistema de disputa onde todos os times jogavam entre si. Para esse Sul-Americano, a Argentina levou um time com jogadores consagrados como Rattín, Artime e Marzolini. Venceu o Paraguai por 4 a 1, a então campeã Bolívia por 1 a 0, a estreante Venezuela por 5 a 1 e o Chile por 2 a 0. Assim, bastava um empate com o Uruguai para voltar a conquistar a América do Sul. Mas um gol solitário de Pedro Rocha acabou com as esperanças argentinas e deu o título aos uruguaios, que festejaram mais uma conquista em casa.

A partir da edição de 1975, o Sul-Americano passou a ser chamado de Copa América. O sistema de disputa também foi alterado: a partir dessa edição não houve sede fixa e nove seleções foram divididas em três grupos com três equipes em cada um deles, onde todos jogariam entre si em partidas de ida e volta. Os campeões de cada grupo se juntariam ao campeão vigente e fariam as semi-finais, também em jogos de ida e volta. Na final, os dois times também jogariam duas partidas em ida e volta, mas uma terceira partida poderia ser realizada para desempatar a série. Além disso, ficou decidido que a Copa América seria disputada de quatro em quatro anos.

A Argentina ficou no Grupo 1 da Copa América, ao lado do Brasil e da Venezuela. Para a disputa dessa competição, o técnico Cesar Luis Menotti convocou apenas jogadores dos selecionados de Rosário e de Santa Fé, com jogadores do Rosário Central, do Newell´s, do Colón e do Unión. Estreou goleando os venezuelanos por 5 a 1 em Caracas e depois foi derrotada pelo Brasil por 2 a 1 em Belo Horizonte. No jogo contra a Venezuela em Rosário, um recorde que perdura até hoje: vitória por inacreditáveis 11 a 0. Como o Brasil havia vencido os venezuelanos por “apenas” 6 a 0, os argentinos tinham a vantagem do empate para vencer o grupo e ir à semi-final. Mas a Argentina encontrou muitas dificuldades em vencer a defesa brasileira e se descuidou. Num contra-ataque, o armador Danival, do Atlético-MG, fez o gol da vitória brasileira, decretando a eliminação da Argentina.

Na edição de 1979, novamente Argentina e Brasil se encontrariam no mesmo grupo. Com status de atual campeã mundial, a Argentina era tida como a grande favorita para ir à semi-final da Copa América. Mas, diferentemente da Copa anterior, a Bolívia fez companhia aos dois gigantes do futebol mundial e deu muito mais trabalho que a Venezuela. No jogo inaugural do grupo, a Argentina foi derrotada de forma surpreendente pelos bolivianos, por 2 a 1. Depois, no jogo contra o Brasil, nova derrota pelo mesmo placar. Na volta contra a Bolívia, a primeira vitória: 3 a 0. E precisando de mais uma vitória para passar à semi-final a Argentina novamente não conseguiu passar pelo Brasil. O empate por 2 a 2 eliminou novamente os argentinos, aumentando para 20 anos a falta de títulos sul-americanos e fez com que a albiceleste ficasse em 8º lugar na classificação geral, configurando assim seu pior desempenho na história dos Campeonatos Sul-Americanos.

Quis o destino que Brasil e Argentina ficassem pela terceira vez seguida no mesmo grupo pela Copa América de 1983, que seria a última a não ter sede fixa e consequentemente seria a última com o sistema de disputa de jogos em ida e volta. O Equador completou a chave e endureceu logo na estreia com os argentinos, empatando por 2 a 2. Na sequência, a Argentina derrotou o Brasil por 1 a 0, quebrando um tabu de 13 anos e 13 jogos sem vencer os mais tradicionais rivais. Mas mesmo essa vitória acabou não sendo suficiente para classificar a Argentina para a semi-final da Copa América. Jogando em casa, a equipe empatou novamente com o Equador por 2 a 2. Dessa forma, precisaria vencer o Brasil fora de casa. A equipe platina não conseguiu jogar um bom futebol, empatou por 0 a 0 e deu adeus à mais um campeonato continental.

Apesar de a Copa América voltar a ter uma sede fixa para a edição de 1987, o sistema de disputa permaneceu o mesmo: três grupos com três seleções em cada um deles, com os campeões de cada grupo se juntando ao campeão vigente nas semi-finais. A Copa América de 1987 criou grandes expectativas nos torcedores argentinos pois seria o primeiro torneio oficial que a Argentina disputaria após a conquista do bi-mundial obtido no México. Com o Peru e o Equador no Grupo A, a Argentina só empatou com os peruanos por 1 a 1 e derrotou o Equador por 3 a 0, classificando-se à semi-final. Com um futebol muito aquém do mostrado na Copa, a Argentina foi derrotada pelo Uruguai por 1 a 0 e depois foi derrotada pela Colômbia por 2 a 1. Mesmo sendo a campeã mundial de então, a Argentina não vencia uma Copa América há 28 anos.

Após 40 anos, em 1989 a Copa América foi sediada no Brasil e a Conmebol faria novas alterações. Ela passaria a ser realizada de dois em dois anos e o sistema de disputa foi novamente mudado: agora seriam dois grupos compostos por cinco seleções, onde os dois melhores de cada grupo se classificariam para um quadrangular, onde todos se enfrentariam. A equipe que obtivesse maior pontuação seria a campeã. A Argentina ficou no Grupo B, ao lado do Uruguai, Chile, Equador e Bolívia. Venceu os chilenos e os uruguaios por 1 a 0 e empatou sem gols com os equatorianos e com os bolivianos. Com a primeira colocação garantida, se juntou ao Brasil, ao Paraguai e ao Uruguai no quadrangular final. Ao contrário da primeira fase, o aproveitamento na fase final foi ruim. A Argentina estreou perdendo para o Brasil por 2 a 0 e depois perdeu novamente por 2 a 0, dessa vez contra o Uruguai. Num jogo que não valia mais coisa alguma, empatou sem gols com o Paraguai e despediu-se melancolicamente da Copa mais uma vez.

Após a Copa de 1990, onde a Argentina perdera a final para a Alemanha Ocidental, o técnico Carlos Bilardo manteve a promessa e não renovou seu contrato com a seleção. A AFA passou a verificar opções para substituir o “Narigón” e chegou ao nome de Alfio Basile. O “Coco” tinha bom relacionamento com a imprensa e foi contratado para dirigir a seleção até a Copa de 1994. O primeiro desafio de Basile à frente da seleção seria a conquista da Copa América de 1991, que seria realizada no Chile.

A Argentina ficou no Grupo 1, ao lado dos anfitriões, do Paraguai, do Peru e da Venezuela e não tomou conhecimento de nenhum adversário. Ganhou todos os seus jogos e partiu para a disputa do quadrangular junto com o Brasil, a Colômbia e o Chile. No primeiro jogo da fase final, uma grande vitória sobre o Brasil por 3 a 2, num jogo muito violento e truncado. Após a duríssima partida, os argentinos empataram sem gols com o Chile e venceram a Colômbia por 2 a 1. Com isso, a albiceleste venceu pela 13ª vez a Copa América, após um jejum de 32 anos. De quebra, teve o artilheiro da competição: um jovem chamado Gabriel Batistuta, que marcou cinco gols.

Dois anos depois, a Argentina veio ainda mais forte para a disputa da Copa América no Equador. A equipe comandada por Basile estava há 23 jogos sem perder e havia adquirido um estilo ofensivo e vencedor, difícil de ser batido. Esta edição da Copa teve uma novidade: a inclusão de duas seleções que fazem parte da Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe), o México e os Estados Unidos. Assim, a Copa América seria disputada por 12 seleções, que seriam divididas em três grupos de quatro equipes. Se classificariam às quartas-de-final as duas melhores de cada grupo, mais os dois melhores terceiros colocados. A partir de então, disputa de jogos eliminatórios até a partida final, que seis anos depois, voltaria a acontecer.

A Argentina entrou no Grupo C, ao lado da Colômbia, do México e da Bolívia. Acabou em segundo lugar pois os colombianos marcaram um gol a mais, o que a obrigou a entrar em campo na manhã de um domingo ensolarado. A Argentina enfrentaria o Brasil, que também havia ficado em segundo no seu grupo. Após um empate por 1 a 1 no tempo normal, a estrela de Goycochea, que brilhara na Copa de 1990, voltou a aparecer na disputa dos pênaltis. “Goyco” pegou o pênalti de Boiadeiro e classificou a Argentina para a semi-final. No jogo contra a Colômbia, outro empate no tempo normal e novamente nos pênaltis o goleiro argentino defendeu uma cobrança. A Argentina ia para a disputa do bi-campeonato contra o México, que havia se classificado como um dos melhores terceiros colocados. Na final, vitória por 2 a 1 e a 14ª conquista da Copa assegurada. E 31 jogos de invencibilidade no cartel de Alfio Basile. A Argentina mandava na América com sobras.

Argentina campeã da Copa América de 1993

Em 1995, o Uruguai foi o escolhido para sediar a Copa América. A Argentina, entre uma Copa América e outra, foi do céu ao inferno. Tinha um dos melhores e mais bem entrosados times do mundo e isso deu plena confiança aos comandados de Alfio Basile. Porém, duas derrotas para a Colômbia (sendo uma delas uma impiedosa goleada de 5 a 0 sofrida em Buenos Aires) deixaram a Argentina muito perto da eliminação para a Copa do Mundo de 1994. Com a volta de Maradona à seleção, a Argentina voltou a jogar bem, mas acabou eliminada da Copa pela Romênia. Com isso, Basile deixou o comando da albiceleste e em seu lugar veio o linha-dura Daniel Passarella, que, entre outras coisas, proibiu que seus jogadores usassem cabelos compridos.

Com a missão de defender o “bi”, o selecionado argentino ficou no Grupo C daquela Copa América, ao lado de Bolívia, Chile e Estados Unidos. Venceu a Bolívia por 2 a 1 e o Chile por 4 a 0. Bastava um empate contra os Estados Unidos para que a Argentina fosse a primeira de seu grupo. No entanto, a derrota por 3 a 0 obrigou os comandados de Passarella a mudar os planos de viagem e a enfrentar o Brasil já nas quartas-de-final. Após o conturbado empate por 2 a 2, onde o atacante Túlio marcou um gol depois de ajeitar a bola com o braço, brasileiros e argentinos decidiriam a vaga para a semi-final nos pênaltis. E, se em 1993 Goycochea decidiu, em 1995 foi a vez de Taffarel. Ele defendeu as cobranças de Simeone e de Fabbri, tirando a chance de um novo “tri” da Argentina na Copa América.

A Bolívia teve a honra de sediar pela segunda vez na sua história a Copa América em 1997. A Argentina priorizou a disputa das Eliminatórias da Copa do Mundo e enviou uma seleção com muitos reservas. A equipe ficou no Grupo A, junto com o Chile, o Equador e o Paraguai. Estreou com um empate sem gols com o Equador, venceu os chilenos por 2 a 0 e empatou com os paraguaios por 1 a 1. Com a segunda colocação, a Argentina enfrentaria o Peru, que também poupou seus principais jogadores para as Eliminatórias e havia enviado um time reserva para a Bolívia. Assim, a surpresa foi geral quando o Peru venceu por 2 a 1, eliminando a Argentina da competição. Para Passarella, não fez muita diferença.

Dois anos após a edição boliviana, foi a vez do Paraguai receber a Copa América. A Argentina, que havia contratado Marcelo Bielsa para o lugar de Daniel Passarella, caiu no Grupo C, ao lado de Colômbia, Equador e Uruguai. O time dirigido por Bielsa apresentava diversas caras novas, como Ibarra, Sorín, Palermo e Riquelme, que atuavam na Argentina. A convocação dos jogadores “locais” foi explicada pela polêmica que se formou em torno da não-convocação dos jogadores “estrangeiros”, que segundo alguns meios, preferiam ficar em férias do que atuar pela seleção.

Alheio às polêmicas, o selecionado argentino estreou com uma boa vitória contra o Equador por 3 a 1. Já a derrota por 3 a 0 para a Colômbia no segundo jogo entrou para a história. Essa foi a célebre partida onde Palermo perdeu três pênaltis. Mesmo derrotando o Uruguai por 2 a 0 no último jogo, a Argentina se classificou em segundo lugar no seu grupo e o cruzamento previsto no torneio indicava como adversário, mais uma vez, a seleção brasileira. Mesmo jogando uma boa partida e criando mais chances que o adversário, a Argentina perdeu por 2 a 1 (com direito a mais um pênalti desperdiçado, dessa vez por Ayala) e voltou mais cedo para casa novamente nas quartas-de-final.

Após ter se ausentado da Copa América realizada na Colômbia em 2001, alegando motivos de segurança, a Argentina voltou a participar da competição em 2004. Na ocasião, o Peru sediou a Copa e o selecionado argentino ficou no grupo B, ao lado do Equador, do México e do Uruguai. A estreia não poderia ter sido melhor: um 6 a 1 em cima do Equador. Mas novamente no segundo jogo a albiceleste perdeu, dessa vez para o México por 1 a 0. No último jogo, uma boa vitória sobre o Uruguai por 4 a 2. Com isso, a Argentina se classificou às quartas-de-final em segundo lugar e enfrentou a seleção anfitriã. Mesmo não jogando tão bem, a Argentina venceu por 1 a 0 e depois de 11 anos voltou a uma semi-final de Copa América. Nessa fase, finalmente os argentinos reencontraram o bom futebol e bateram facilmente os colombianos por 3 a 0. E finalmente a final da Copa chegou. Contra uma equipe praticamente reserva do Brasil, que chegara à final com uma campanha irregular.

Pela primeira vez na história da competição, brasileiros e argentinos decidiriam um torneio sul-americano numa partida final. Assim, mais de 40 mil pessoas foram ao Estádio Nacional de Lima e viram um grande jogo de futebol. Um empate em 2 a 2, conseguido pelos brasileiros no apagar das luzes, obrigou a partida a ser decidida nos pênaltis. E para grande decepção dos argentinos, D´Alessandro teve sua cobrança defendida e Heinze chutou por cima do gol. Como todos os brasileiros converteram seus chutes, o Brasil venceu por 4 a 2 e sagrou-se campeão. À Argentina restou a lamentação pelas chances perdidas para liquidar a partida e por não haver conseguido ter mais posse de bola quando o resultado lhe era favorável.

A partir da edição de 2007, a Conmebol decidiu que a Copa América voltasse a ser disputada de quatro em quatro anos. Além disso, para evitar conflitos de interesses com outras competições internacionais, decidiu que o torneio sempre fosse disputado no ano seguinte ao ano da Copa do Mundo. E em 2007 pela primeira vez na história a Venezuela sediou uma Copa América. A Argentina ficou no Grupo C, ao lado de Colômbia, Estados Unidos e Paraguai. Diferentemente das edições mais recentes, dessa vez a Argentina passeou no seu grupo. Comandada por Riquelme e Messi, venceu os três jogos e se classificou com facilidade para as quartas-de-final. Nessa fase, outro jogo tranquilo: a vitória por 4 a 0 sobre o Peru credenciou definitivamente os argentinos para o favoritismo para levar a Copa. E o favoritismo foi confirmado com outra belíssima vitória na semi-final, contra o México. Categóricos 3 a 0 que levariam a equipe a mais uma final contra a seleção brasileira.

Tal como aconteceu três anos antes, a seleção do Brasil chegou à final jogando um futebol irregular, perdendo um jogo na primeira fase e se classificando à final somente depois da disputa por pênaltis. Mas, quando a bola rolou em Maracaibo, o que se viu foi uma inversão dos estilos de jogo praticados até o momento: enquanto o Brasil fechava os espaços e fazia o que queria na partida, os argentinos corriam com desespero para tentar marcar o seu gol e assim “voltar” para a partida. No entanto, mesmo a correria não foi suficiente para impedir a dura derrota por 3 a 0. Como em 2004, mais uma vez os jogadores argentinos, alguns deles chorando, se dirigiram à tribuna para receber suas medalhas de vice-campeão. Vida que segue.

Ainda assim, a Argentina é a maior vencedora da Copa América ao lado do Uruguai e possui um aproveitamento impressionante: em 173 jogos disputados, venceu 111, empatou 31 e perdeu apenas 31 vezes. Marcou 422 gols e sofreu 166. Um aproveitamento de 70% em um torneio com 94 anos de história, definitivamente, não é para qualquer seleção.

Alexandre Leon Anibal

Analista de sistemas, radialista e jornalista, pós-graduação em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte. Neto de argentinos e uruguaios, herdou naturalmente a paixão pelo futebol da região. É membro do Memofut, CIHF, narrador do STI Esporte (www.stiesporte.com.br ) e comentarista do Esporte na Rede, programa da UPTV (www.uptv.com.br ).

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