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Vaselina no Boca x River: 50 anos de Ricardo Rojas

Não, ele não era um craque. Nem exatamente um ídolo – no máximo, um xodó. Foi, a bem da verdade, quase o personagem de um jogo só. Mas que jogo: Ricardo Ismael Rojas escolheu um Superclásico para virar folclore da torcida do River, se imortalizando como autor do “gol da vaselina”, como os argentinos chamam aquele lance onde um toque sutil encobre um goleiro adiantado. Além de ser considerado um dos mais belos gols do principal duelo do país, a tal Vaselina de Rojas simplesmente encerrou um 3-0 do Millo em plena La Bombonera em 2002, até hoje a última goleada riverplatense na casa rival. Carinho renovado hoje, quando Ricky, também um dos primeiros argentinos da recente onda de naturalizações da seleção paraguaia (com a qual esteve na Copa de 1998), completa 50 anos.

Nascido em Posadas, capital da província fronteiriça de Misiones (a cidade é separada do Paraguai apenas pelo rio Paraná), Rojas começou a carreira adulta já na terra dos avós: foi pelo modesto Cerro Corá, em 1991. Jamais campeões da liga paraguaia até hoje, os rubro-negros até foram vice-líderes do primeiro turno naquele ano. Ainda que decaíssem no restante do ano e fizessem campanha de meio de tabela de 1992, o argentino cavou transferência a um time maior. Só não era exatamente a fase mais brilhante do Libertad, que viveu longo jejum de títulos na liga entre 1976 e 2002. Quando Rojas foi repatriado em 1994 pelo Estudiantes, após duas semanas de testes, foi para viver outro contexto sem glamour: o Pincha, com Verón e Palermo ainda verdes, havia acabado de ser rebaixado à segunda divisão em meados de 1994.

O melhor time de La Plata era o Gimnasia, que, em contraste, erguera em janeiro de 1994 a Copa Centenário. Ainda assim, para o jovem foi “uma surpresa, uma grata surpresa. Quando cheguei ao Estudiantes, meu sonho estava realizado: poder jogar no futebol argentino em uma equipe argentina desse nível”, segundo entrevista que deu em 2020 ao jornal platense El Día, da qual tiraremos a maior parte das aspas dessa nota. A entrevista foi marcada para marcar os 25 anos do reacesso instantâneo do clube. Que, mesmo na segundona, pôde até eliminar o Flamengo na Supercopa (o duelo no Rio de Janeiro marcou a estreia de Rojas no novo clube, aliás) no segundo semestre de 1994 antes de vencer com sobras a Primera B da temporada 1994-95: ainda restavam mais cinco jogos quando os pincharratas garantiram o título, em campanha com onze pontos de vantagem para o segundo colocado – na última temporada em que vitórias ainda valiam dois pontos e não três.

Não que fosse um mar de rosas: “amadureci no Estudiantes. Jogava em uma posição de risco e tanto [os técnicos Miguel Ángel] Russo como [Eduardo Luján] Manera me explicaram várias vezes que uma coisa era jogar a bola e outra era ser um jogador profissional. Aprendi a levar a coisas a sério e a jogar uma partida de verdade. Peguei um enfoque diferente das coisas. Se estava grato pela chance, havia certos detalhes que não mudava. E me fizeram saber. Em uma partida no campo do Vélez, fiz duas jogadas fora do lugar. Na segunda, perdi a bola de forma ingênua e foi gol rival. Nos próximos cinco jogos, fiquei fora da equipe. Inclusive não joguei a partida definitória contra o Gimnasia y Tiro de Salta. Festejei de fora”.

“Tive uma conversa com Manera e me explicou, em poucas palavras, que nós temos oportunidades e advertências. Uma ou duas. Se não aproveitamos, não sabemos quando vamos voltar a ter outra chance, porque não estivemos atentos. Várias vezes me haviam dito que devia recuperar a bola e entrega-la. Parece que não entendi e fiquei cinco rodadas fora da equipe. Não me esqueci nunca amis. Esse tipo de ensinamento foi como a de um pai que às vezes tem que castigar seu filho para que aprenda. E me ajudou no futebol e na vida. Isso me ensinou o Estudiantes de La Plata”.

Pelo Estudiantes, seu desempenho nos clássicos com o Gimnasia foi reconhecido até por Schelotto (na foto, enfrenta Pedro Troglio). Mas o rival vivia fase melhor

No segundo semestre de 1995, um primeiro dérbi com o Gimnasia após o retorno foi fechado em 3-0 para os reestreantes na elite. E o ídolo rival Guillermo Barros Schelotto admitiria à revista El Gráfico, já em 2010, que via em Rojas o marcador mais chato que já teve desde os encontros pelo Clásico Platense: “era muito rápido. Limpo, mas jogava nada apenas para marcar, então era complicado”. Rojas foi na mesma linha no papo com El Día: “eram picantes. Foram especiais essas partidas. Tive a sorte de ganhar várias, empatar algumas e perder poucas. Era um duelo dentro do mesmo jogo”.

Naquele segundo semestre de 1995, o Estudiantes já caiu no primeiro duelo da Supercopa (contra o Nacional) e, embora tenha encerrado as chances de título do Boca maradoniano na penúltima rodada, massacrado o rival e feito de José Luis Calderón o artilheiro do Apertura, esteve longe da briga pela taça. No Clausura, foi diferente. Mesmo perdendo Verón para o Boca e Calderón para o Independiente, aquele torneio viu a explosão de Palermo. O time teve chances até a penúltima rodada, embora a campanha melhor do Gimnasia ofuscasse. Ainda assim, o empate em pleno clássico na rodada final impediu que o rival fosse campeão. Rojas, empolgado, tinha esperanças de ser contemplado com uma chance na seleção argentina, recusando as chamadas do Paraguai.

Só que na temporada 1996-97 os platenses caíram muito de produção: 11º no Apertura, 16º no Clausura e eliminação na Supercopa 1996 com direito a um 4-2 sofrido dentro de La Plata para o Colo-Colo. Rojas se rendeu: ele enfim estreou pela seleção paraguaia na Copa América de 1997, sendo titular ao longo da fase de grupos, que já rendeu um primeiro duelo contra a Argentina, em 17 de junho. A eliminação veio no primeiro mata-mata, contra o futuro campeão Brasil, sem Ricky em campo.

Menos de um mês depois de enfrentar os argentinos, o compromisso seguinte do novato pelo Paraguai foi outro contra a Albiceleste, agora pelas eliminatórias, na 13ª das 18 rodadas. O Paraguai era líder invicto, mas justamente ali, em pleno Defensores del Chaco, perdeu a invencibilidade e a liderança, por 2-1. E exatamente os hermanos da Albirroja foram os melhores avaliados pela El Gráfico na derrota em Assunção: Rojas levou um 5 e Acuña, um 6.

O stopper podia atuar na zaga, nas laterais (normalmente pela esquerda) ou como volante, mas mais como um coringa razoável do que por dominar alguma especialidade. E tinha concorrência dura em todos os setores: com o fenomenal Arce e Sarabia nos flancos, com os mestres Gamarra e Celso Ayala no miolo defensivo e mais à frente contra Enciso e o próprio Acuña – a quem substituiu na partida seguinte, aos 30 minutos do segundo tempo de outra derrota, um 2-1 de em Quito onde o argentino Ariel Graziani virou o jogo para o Equador dois minutos depois. Rojas ainda foi relacionado para os dois compromissos seguintes das eliminatórias (nas vitórias sobre Bolívia e Venezuela, jogo este que garantiu os guaranis na Copa com uma rodada de antecedência, após doze anos ausentes), mas sem ser usado.

Enfrentando a Argentina: Rojas aparece à direita, pegando a sobra da disputa entre Chamot e Celso Ayala na derrota em Assunção em 1997

Ao todo, foram só sete partidas pelo Paraguai: as três da fase de grupos daquela Copa América, aquelas duas das eliminatórias e um punhado de amistosos pré-Copa: contra a Colômbia no campo da Universidade de Yale já em 29 de março de 1998, em uma escalação experimental com Tavarelli no gol ao invés do ícone Chilavert – e uma zaga com o argentino, Caniza e Rivarola; derrota em Parma por 3-1 para a Itália em 22 de abril, acompanhado outra vez de Caniza e agora com Gamarra no trio de zaga que guarneceu Chilavert; um 1-1 em 17 de maio pela simbólica Copa Kirin com o Japão, onde o técnico Carpegiani outra vez testou o trio reserva Caniza-Rivarola-Rojas, além de improvisar Ayala na lateral no lugar de Arce.

Rojas por fim esteve na derrota de 1-0 em Bruxelas para a Bélgica, onde Carpegiani até usou a maioria dos titulares da defesa, mas avaliando o goleiro Rubén Ruiz Díaz. Embora o argentino jogasse os 90 minutos de todos esses amistosos, acabou relegado ao banco em toda a honrosa campanha no Mundial; ainda assim, serviu para ser o único jogador do Estudiantes em uma Copa entre a convocação de Islas em 1986 e as de Verón e Clemente Rodríguez em 2010. E em tempos onde seu time já havia perdido Palermo para o Boca, seguindo na metade inferior da tabela no Apertura e no Clausura da temporada 1997-98; no segundo semestre de 1997, o Pincha também tornou a cair na fase inicial da última Supercopa.

A campanha medíocre piorou na temporada 1998-99, mas não por culpa de Rojas, sempre saudoso de La Plata; sobre a recente reinauguração do estádio próprio dos alvirrubros após mais de uma década sem a casa própria, comemorou ao El Día que “posso dizer que assisti junto da minha família e confesso que me foi especial. Ver tanta gente na história do clube reunida me deixou feliz. Eu também me sinto parte do Estudiantes. Ver o nível que teve essa inauguração, com o leão de fogo, me deixou contente. E mais aos ver caras conhecidas como El Tecla [Ernesto] Farías, Calderón, La Bruja (Verón), Chiquito [Carlos] Bossio e alguns mais. Já irei conhecê-lo. O Estudiantes é uma família, ao menos isso é o que sentia quando estava lá. O ambiente foi sempre assim”.

Embora não voltasse à sua seleção mais, o paraguaio pôde cavar uma transferência ao Benfica. Só não era a fase mais gloriosa dos encarnados, que viam o Sporting ter seu momento de equipe lisboeta mais forte naquela virada de século – enquanto a concorrência em Porto não se limitava aos alviazuis, se estendendo até ao nanico Boavista (que furou o trio de ferro na liga portuguesa de 2000-01, a segunda e última vencida por um time pequeno). Ainda que a consagrada dupla Gamarra e Ayala vivenciasse o rebaixamento espanhol com o Atlético de Madrid na temporada 1999-2000, Rojas seguiu de fora do radar da federação paraguaia.

Após uma temporada e meia sem sobressair-se nem individualmente na Europa (foram só pouco mais de trinta jogos no período benfiquista), Rojas teve um empréstimo negociado com o River no primeiro semestre de 2001 – tarde demais para ser inscrito no Clausura, mas a tempo de aparecer na Libertadores, caindo nas quartas para a finalista Cruz Azul. No segundo semestre, o problema foi ver os 100 anos ficarem vazios ao cair-se na primeira fase da Copa Mercosul a despeito de ter o melhor ataque da competição (!) e perder-se o Apertura para um Racing em jejum nacional havia 35 anos.

Atônito com o próprio golaço que o imortalizou no folclore do River, festejado por Garcé e D’Alessandro

Rojas enfim teria sua revanche pessoal no Clausura 2002, junto com o próprio River, que também vinha de incríveis quatro vice-campeonatos seguidos na liga argentina. O Millo caiu feio na Libertadores (6-1 no agregado contra o Grêmio, ainda nas oitavas-de-final), mas pôde saborear de modo especial o torneio doméstico: era redondamente o trigésimo do profissionalismo, em tempos onde conquistas amadoras eram praticamente desconsideradas; fez Ramón Díaz isolar-se como treinador millonario mais vezes campeão (até a Era Gallardo); e ao menos por uma tarde desengasgou-se da sucessão de títulos internacionais que o rival festejava.

O River também não vencia na Bombonera o Superclásico desde 1994. Naquele 10 de março de 2002, então, onde os rivais até posaram intercalados para a foto posada, Cambiasso (despedindo-se do futebol argentino) aproveitou a sobra de uma falta cobrada por Ortega para abrir o placar aos 26 minutos. Ainda no primeiro tempo, Cavenaghi chegou a acertar o travessão, e Coudet ampliou no finzinho, concluindo jogada orquestrada por Ortega e Cavegol. O 2-0 foi cozinhado ao longo do segundo tempo, sem maiores ameaças. A dois minutos do fim, então, veio a cereja do bolo. Rojas, que jamais havia feito antes um gol na vida, acreditou como nunca em si. Pegou sobra de bola de Cavenaghi, aguentou um carrinho traseiro de Carreño, passou a D’Alessandro e deu um pique desde o próprio campo de defesa.

D’Ale tabelou com Ortega e já no ataque a bola foi devolvida a Rojas, que venceu a corrida contra Clemente Rodríguez e, ao observar Abbondanzieri adiantado, concluiu com um surpreendente toque refinado de direita. Ou, nas palavras dele próprio, à El Gráfico: “nessa tarde, pela primeira vez desde que jogo de forma profissional, levantei a cabeça. E vi Abbondanzieri adiantado. A bola apenas entrou e minha mente ficou em branco, não sabia o que fazer. Ocorre que os goleadores se preparam para festejar, alguns fazem uma careta, outros dançam. Bom, eu não tinha ideia do que fazer porque não estava acostumado”. O presidente Aguilar, empolgado, logo o classificou como intransferível, comprando definitivamente o passe junto ao Benfica e comparando aquele inábil lateral-esquerdo a Roberto Carlos.

D’Alessandro, Husaín e Coudet faziam coro: “de la mano de Ricky, vamos a ganar, de la mano de Ricky, vamor a ganar, y la vuelta, la vuelta vamos a dar”, em referência à volta olímpica, enquanto o veterano goleiro Comizzo, remanescente da Copa de 1990, definia aquele triunfo como “um orgasmo”. A torcida pediu perdão até com uma bandeira a um de seus jogadores mais cornetados; na matéria comemorativa do título, o paraguaio já era benquisto inclusive nas deficiências, com sua “saída intempestiva” pela esquerda sendo rotulada como “um clássico a essa altura”, pois numa delas gerou-se também o gol que simbolizou a conquista – de outro paraguaio, Nelson Cuevas, em contra-ataque no finalzinho contra o Racing (afastando uma falta onde La Academia bombardeou um gol protegido no improviso por Demichelis, que calçara as luvas do expulso Comizzo após as três substituições já terem sido feitas).

Outros ângulos da comemoração, em tempos de torcida visitante permitida na Argentina. A capa do Olé se permitiu um trocadilho com “La Banda Roja”, um dos apelidos do River, em alusão à faixa diagonal

O time de Avellaneda novamente concorria pela taça, agora junto do Gimnasia. E acabou perdendo pelo placar mínimo naquela 16ª rodada, encaminhando ao Millo um título já possibilitado para a 17ª, ainda que garantido apenas na seguinte. Três millonarios seriam lembrados por Cesare Maldini para a Copa do Mundo, embora só o ídolo Ayala fosse titular em Núñez; Sarabia e o próprio Cuevas foram os outros. Rojas seguia esquecido, mas em Buenos Aires foi exaltado naquela matéria como “espécie milagrosa de ressurreição futebolística que merecia ser objeto de estudo”. O tempo veio mesmo a arrefecer o entusiasmo: Rojas seguiria até 2006 no River, somando apenas 44 partidas na liga argentina, número baixo para cinco anos de Millo.

Aquele golaço “lhe permitiu seguir no River com carteirinha vitalícia, embora liderasse com comodidade o ranking de torpezas e rispidezes no plantel”, na descrição sincera que El Gráfico fez em 2019 sobre ele e outros jogadores famosos por quase nunca marcarem golsRicky, ao fim ergueu também mais dois Clausuras, em 2003 e em 2004, mas viu o River também perder a Copa Sul-Americana de 2003 para o modesto Cienciano e cair com drama na semifinais da Libertadores de 2004 (nos Superclásicos mais importantes que La Copa vira até 2018) e 2005 (onde a boa fase definhou pelo escândalo extraconjugal que separou a dupla defensiva titular entre Ameli e o traído Tuzzio). Dali fez um epílogo de carreira no Belgrano na temporada que valeu o acesso aos cordobeses à elite, embora só aparecesse dez vezes na campanha celeste.

Ciente de suas limitações, Rojas distanciou-se do futebol uma vez parado. Ao El Día (que o rotulou como alguém de acesso complicado, sem redes sociais e nem mesmo WhatsApp, além de recluso em seu empreendimento agrícola em Puerto Rico, cidadezinha de 23 mil habitantes no interior da sua província natal de Misiones), resumiu que “o futebol, para mim, foi como ler um livro: terminei e fechei. Hoje tenho outras inquietudes”. Mórmon ativo, o pai de Ismael (20 anos em 2020), Sara (12) e Samuel (16), além de confessar que da final entre Boca e River na Libertadores de 2018 só assistiu mesmo à reprise dos gols (“ver uma partida ou um programa futebolístico é muito difícil. Não é que não me interesse, mas pelas atividades que tenho ou minhas preferências, não faço”), falou bem mais sobre assuntos alheios ao futebol:

“Todos os dias leio um pouco, me apaixona. Creio que as pessoas têm talentos, alguns visíveis e outros por descobrir que não temos desabrochado, no meu caso, por me focar no esporte. Agora estou enclausurado, que posso fazer? Não vejo televisão e escuto pouco rádio, então leio e busco cursos de internet. É que temos na internet ferramentas para poder adquirir conhecimento. É uma autoestrada larga onde podes andar a 60, 70, 80 ou 240 quilômetros por hora em diferentes temas. Alguns temas são obsoletos e só servem para passar o tempo e outros, se alguém os aproveita, podem trazer importantes conhecimentos. Sou de uma geração passada a respeito da tecnologia, mas me apaixona e quero aprender”.

À direita, abraçando Maxi López em outro triunfo do River na Bombonera, no Clausura 2004: Cavenaghi, Ameli, Husaín e Gallardo comemoram, mas dali a um mês o rival prevaleceria na Libertadores. Ainda assim, apenas em 2014 o River voltou a ganhar na casa rival

https://twitter.com/MuseoRiver/status/1354049825940111360

https://twitter.com/uriverok/status/1353900469190447105

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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