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Elementos em comum entre Vasco e River

Maxi López, o mais recente

Não só as torcidas de River e Flamengo estarão envolvidas nessa semana de final de Libertadores. Sabendo disso, planejamos publicações diárias envolvendo cada finalista e os grandes rivais um do outro. Seguindo a série, os pontos entre as duas listras diagonais mais pesadas do mundo, cheias de duelos históricos no continente.

Afinal, Vasco e River fizeram a final informal do embrião da própria Libertadores, no Sul-Americano de 1948, em 0-0 favorável aos cariocas após Barbosa pegar até pênalti do mito Ángel Labruna. Em 1997, na edição final da (por hora) extinta Supercopa, competição que reunia somente campeões da Libertadores, a Conmebol incluiu o Vasco na edição após equiparar aquela taça de 1948 a La Copa. As camisas se reencontraram na fase de grupos e o Millo teve sua breve desforra, com um 7-1 no agregado precedendo a última conquista internacional que o River teve até a Era Gallardo.

Mas o Vasco não tardaria a justificar a possível “intrusão” de 1997, ao vencer a Libertadores do ano seguinte, lembrada mais pelas semifinais contra os argentinos (2-1 agregado com a famosa falta de Juninho no Monumental) do que pelos próprios jogos finais. Ainda em 1998, houve reencontro na primeira edição da Copa Mercosul, criada para substituir a Supercopa, com dois empates resultando em agregado de 1-1 na fase de grupos. Em 2000, os cruzmaltinos faturariam o torneio renovando a freguesia millonaria: a incrível virada contra o Palmeiras até ofusca a impressionante ida da semifinal, que chegou a estar em 4-0 para os visitantes em Núñez. Ficou no 4-1 e foi seguida de um 1-0 em São Januário.

Saudosas dos anos 40, quando assistiam La Máquina e o Expresso da Vitória, as torcidas comemoraram torneios alusivos aos anos de 1936, 1945, 1947, 1952, 1956 (no Argentino e no Estadual), 1977 (Metropolitano e Estadual), 1993, 1994 (ambos no Apertura e Estadual), 1997 (Clausura, Apertura e Supercopa de um lado, Brasileirão do outro), 1999 (Apertura; Rio-São Paulo), 2000 (Clausura; Brasileirão e Mercosul), 2003 (Clausura; Estadual), 2015 (Libertadores; Estadual) e 2016 (Copa Argentina e Recopa; Estadual).

Vale desde já destacar que o técnico uruguaio Ondino Viera, primeiro comandante do Expresso da Vitória, não chegou a treinar o River no período de 1935-37, informação muito difundida. O treinador millonario era o húngaro Emerich Hirschl. Eis, por fim, quem defendeu as duas listras:

Delém e Conca

José Agnelli: não chegou a cinco jogos pelo River, clube que defendeu em 1934 vindo do Talleres de Escalada. Passou então ao Ferro Carril Oeste, clube do qual o Vasco polemicamente aliciou diversos nomes em 1939: além dele, chegaram o volante José Dacunto, o ponta Raúl Emeal e o mais lembrado, o centroavante Bernardo Gandulla. Enquanto os dois últimos logo foram repatriados pelo Boca, Agnelli e Dacunto se radicaram no futebol paulista – enquanto Dacunto defenderia um Palmeiras campeão nos anos 40, Agnelli passaria rapidamente pelo Santos (foi o primeiro hermano santista inclusive, em 1940) antes de treinar diversos clubes do interior, faturando em especial a segundona de 1956 com o Botafogo de Ribeirão.

Delém: paulista revelado no Grêmio, essa camisa 10 nunca se firmou no Rio Grande e foi trocado com o Vasco em 1958 por Ortunho. O negócio agradou a todos os lados; Delém chegou a tempo de integrar o famoso elenco “supersupercampeão” estadual daquele ano e apareceu na seleção brasileira em 1960. Foi quando quando despertou atenção argentina na Copa Roca: os dois jogos foram no Monumental e o Brasil soube reverter derrota de 4-2 na ida, em que o vascaíno marcou, com um 2-0 na volta no tempo normal, ambos dele. Na prorrogação, os canarinhos faturam o troféu com um resultado final de 4-1, até hoje a vitória mais elástica brasileira na casa vizinha.

Assim, Delém foi contratado pelo River (o que o afastaria da seleção) e se tornou o brasileiro millonario mais notável; em 1961, marcou o gol da vitória em 3-2 sobre o Real Madrid dentro do Santiago Bernabéu, onde Di Stéfano e colegas não perdiam há oito anos para estrangeiros. Não ganhou títulos, sendo inclusive visto como culpado pela perda do de 1962 ao errar um pênalti em pleno Superclásico na penúltima rodada. Ferida cicatrizada pelos longos anos de serviços prestados, especialmente como técnico juvenil de sucesso nos anos 90, polindo diversos ídolos.

Júlio César: a camisa carioca e a camisa argentina mais associadas ao “Uri Geller” são a do Flamengo e a do Talleres, respectivamente. O ponta-esquerda já estava sob precoce declínio no Grêmio quando foi emprestado ao River para testes em amistosos em Mar del Plata no início de 1983, nos tradicionais torneios de pré-temporada no verão argentino. Foi usado basicamente no segundo tempo contra o Estudiantes (1-0) e no primeiro contra o San Lorenzo (derrota de 2-1) e teve sua compra definitiva vista como cara demais, seguindo o ano como emprestado ao Fortaleza. Ali, destacou-se e cavou ainda antes do título estadual ser assegurado uma curta passagem pelo Vasco (não chegou a dez jogos) no segundo semestre.

Darío Conca: curiosamente um torcedor do Boca, Conca foi em ambos uma joia não-lapidada. No River, ele chegou a integrar as seleções de base, mas, após ser profissionalizado no fim de 2003, foi sucessivamente emprestado. Foi assim que chegou ao Vasco, já no segundo semestre de 2007. Teve irregularmente bons momentos que despertaram interesse do Fluminense, que o comprou do Millo no início de 2008 para iniciar a história conhecida.

Abelairas e Ríos

Matías Abelairas: proveniente da base em 2004, o meia teve seu grande momento em dupla de armadores com Diego Buonanotte no título do Clausura 2008, o único que o River levantou na elite argentina entre 2004 e 2014. Como o colega, não decolou como prometia e também vivenciaria as três temporadas que culminaram no rebaixamento em 2011. Apareceu no Vasco no início de 2012, mas lesões e a dura concorrência (Juninho, Felipe, Diego Souza) impediram que somasse mais do que quatro jogos, seguindo ao futebol mexicano.

Andrés Ríos: o torcedor carioca o conheceu primeiramente em 2007, sendo dele o outro gol do River na noite de Falcao García (autor de três) no famoso 4-2 sobre o Botafogo na Sul-Americana. Mas, como os dois nomes acima, Ríos foi uma promessa da base que não foi tão aproveitada no time de cima, tanto na conquista no Clausura 2008 como até na segundona de 2011-12. Relançou a carreira no Defensa y Justicia que em 2016 classificou-se pela primeira vez a uma competição continental. Veio do time de Florencio Varela ao Vasco no segundo semestre de 2017, ficando um ano e meio na Colina, sem vingar.  

Maxi López: profissionalizou-se no River em 2001, ano em que figurou nas seleções juvenis. Em 2004 ainda era uma promessa. No espaço de um mês, foi do céu ao inferno em Núñez: brilhou em vitória por 1-0 sobre o Boca na Bombonera pelo vitorioso Clausura, resultado que fez o Millo ultrapassar o rival na tabela (adiante, a Banda Roja terminaria mesmo campeã); foi a última vitória millonaria sobre o rival na casa adversária pelos dez anos seguintes. Só que em seguida o River levou a pior nos Superclásicos válidos pelas semifinais da Libertadores, calhando a Maxi ser o único a desperdiçar seu chute na decisão por pênaltis em pleno Monumental, em noite das mais cardíacas do futebol.

Ainda assim, o atacante cavou uma transferência ao Barcelona, com a amizade desenvolvida com Ronaldinho pesando para uma boa passagem pelo Grêmio em 2009. Após bastante rodagem no futebol italiano, voltou ao Brasil em 2018 para ser o líder técnico da fuga vascaína contra o rebaixamento. Embora não tenha mantido a forma em 2019, cavou com 35 anos seu retorno à Itália.

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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